Depois de o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ter anunciado na semana passada que os líderes decidiram arrastar novamente a discussão sobre pautar ou não a urgência da anistia, a oposição inicia nesta segunda-feira (28/4) mais uma ofensiva de negociações com os líderes e com o chefe da Casa Baixa.
Nesta segunda, o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vai se encontrar com o presidente da Câmara para retomar as conversas, segundo apurou o Correio. O encontro não consta na agenda de Hugo Motta. Os trabalhos da Casa vão só até quarta-feira, véspera do feriado de 1º de maio, Dia do Trabalhador. As informações são do Correio Braziliense.
Leia mais
Sóstenes já havia se reunido com Motta na semana passada depois da reunião de líderes na quinta (24). Naquele dia, o deputado, assim como parte dos líderes da oposição e da minoria, anunciou que voltaria a obstruir parte dos trabalhos da Casa como forma de protesto até que a presidência da Casa marque a data de votação da urgência.
A pressão sobre Motta — que demonstrou até aqui pouco interesse em avançar com o tema e se indispor com o governo e com o Supremo Tribunal Federal (STF) —, no entanto, não funcionará sozinha. Quem se opôs ao avanço da pauta na semana passada foram justamente alguns dos líderes partidários.
Embora a maior parte da Câmara (262 deputados) tenha assinado o requerimento de urgência da anistia, parte dos líderes partidários já avisou que só vai apoiar o prosseguimento do assunto se tiver conhecimento do conteúdo do texto.
O objetivo é evitar que o projeto de lei seja amplo demais e beneficie os apontados como mentores da tentativa de golpe em 2022, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para tentar convencer esses líderes, a oposição pretende apresentar um texto mais enxuto, que beneficiaria exclusivamente os presos pelo 8 de janeiro.
O consenso sobre rever a dosimetria das penas está próximo, com os representantes do governo — a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, já falou sobre o assunto publicamente e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também — e até o próprio Motta dizendo que os exageros precisam ser revertidos.
A estratégia da oposição, portanto, é tentar avançar nos assuntos onde será mais fácil conseguir acordo.
Leia menos