Igreja de 1873 construída em taipa de pilão segue interditada por problemas estruturais no interior de SP


Em maio de 2024, o prédio foi parcialmente interditado pela Defesa Civil, após uma parte do reboco da torre desabar. Na época, a previsão dada pela prefeitura era de aproximadamente 15 dias, mas já se passaram nove meses. Igreja em Itapetininga (SP) está interditada há dez meses por causa de problemas na estrutura
Pâmela Beker/g1
A igreja Nossa Senhora do Rosário, em Itapetininga (SP), segue interditada, e o trecho da rua Venâncio Ayres em frente ao prédio continua bloqueado ao trânsito. A interdição foi determinada pela Defesa Civil após a queda do revestimento externo e de tijolos da torre esquerda da construção. O prédio histórico, erguido em 1873, está fechado desde maio de 2024.
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A prefeitura informou ao g1 que um especialista em “taipa de pilão” (método utilizado na construção da igreja) analisou a estrutura do edifício para emitir um parecer técnico. Não há risco estrutural ao prédio, porém é necessário restaurar o revestimento.
Igreja do Rosário no Centro de Itapetininga continua interditada
Carla Monteiro
Ainda segundo o Executivo, eles estão auxiliando a Diocese, que é proprietária do imóvel, no processo para o tombamento em âmbito estadual e federal. Sendo um processo complexo, que pode levar alguns meses.
Segundo o pároco Élcio Roberto de Góes, até o momento a igreja permanece fechada, por questões de cuidado. O projeto de restauração do prédio ainda está sendo elaborado, e que foi conversado com o poder público do município sobre a possibilidade de interdição definitiva da frente da igreja.
Ainda segundo o padre, foi iniciado o processo para avaliar o tombamento histórico da igreja. O projeto de restauração, elaborado em 2019 mas nunca executado, está sendo atualizado para definir os valores necessários à realização da obra.
Parte do reboco da torre da igreja se desabou, construção é de 1840.
Reprodução
Não há uma previsão para liberação ou conclusão dessa reforma. As missas que aconteciam na igreja, continuam sendo celebradas na Catedral Nossa Senhora dos Prazeres.
A prefeitura esclareceram ainda que, o papel da Secretaria de Cultura e Turismo é dar um suporte necessário à diocese para o acesso à legislação de proteção ao patrimônio histórico.
A interdição parcial feita em 2024
No fim de junho de 2024, o g1 informou que o prédio foi parcialmente interditado pela Defesa Civil municipal. Na época, foi apresentado que o laudo inicial apontava problemas na estrutura da igreja, como trincas e rachaduras na parte interna e externa, além de danos no telhado.
A prefeitura realizou a interdição de uma parte da Rua Venâncio Ayres e da igreja, após uma inspeção feita pela Defesa Civil em 27 de maio de 2024. Ainda na nota oficial enviada, a previsão era de reabertura da igreja e da via em aproximadamente 15 dias. Mas até o momento, ambos os espaços continuam interditados, também afetando a circulação de pessoas pelo local.
Circulação de pessoas no local
O barbeiro John Santos da Silva, de 35 anos, atua há uma década no ramo e mantém uma barbearia na Rua Venâncio Ayres, no Centro de Itapetininga, há três anos. Ele relatou que a interdição tem impactado o trânsito e a circulação de pedestres na região.
Segundo John, muitos motoristas ignoram a sinalização e acabam entrando na contramão ou passando pelo trecho interditado, o que já resultou em situações de risco. Ele afirmou que, por diversas vezes, presenciou veículos cruzando a via e quase provocando acidentes. O que, segundo ele, tem afetado o movimento no comércio da área.
Prédio é histórico
Igreja do Rosário em Itapetininga (SP) apresenta estrutura comprometida
Reprodução/TV TEM
Segundo historiadores, a igreja é a construção religiosa mais antiga da cidade que ainda está em pé. Foi construída com donativos da população e com mão de obra dos escravos que dedicaram o pouco tempo de seu descanso para a construção de um templo onde pudessem fazer suas orações e súplicas, longe dos olhares inquisidores dos brancos, que não gostavam de dividir o mesmo espaço com escravos. Daí o nome Igreja do Rosário dos Homens Pretos.
À frente da obra, estava Antônio Florêncio de Azevedo, o Mestre Florêncio. Após a decretação da abolição da escravatura, a igreja continuou sendo ponto de orações e comemorações religiosas dos homens de cor, principalmente a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, que era realizada no dia 24 de agosto.
No largo do Rosário eram realizadas quermesses e as tradicionais Congadas e Moçambiques, com seus cantos e danças.
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