Núcleo Takinahakỹ da UFG oferece formação de professores indígenas para atuação em 35 comunidades

O Núcleo de Educação Indígena Takinahakỹ, da Universidade Federal de Goiás (UFG), é um departamento da Faculdade de Letras (FL) da instituição de ensino dedicado, principalmente, ao curso de licenciatura em Educação Intercultural. A formação é exclusiva para pessoas indígenas que, seguindo a pedagogia da alternância, dão aulas nas aldeias e se formam na UFG, em Goiânia. A intenção é capacitar os professores para ensinar em seus locais de origem, trabalhando para manutenção da cultura milenar dos povos indígenas do Brasil. 

Em entrevista ao Jornal Opção, o vice-coordenador do núcleo, professor Mário Coelho, compartilha que, atualmente, são quase 300 alunos ativos no curso de Licenciatura em Educação Intercultural, de 35 etnias diferentes, espalhadas entre cinco estados brasileiros (GO, MT, MA, TO e MG). Além disso, o corpo docente da graduação possui 14 professores em dedicação exclusiva, cinco colaboradores que também atuam em outros institutos, além de bolsistas em estágio de graduação e pós-graduação.

Linguistas, biólogos, matemáticos, historiadores e antropólogos garantem que o tripé ensino-pesquisa-extensão seja cumprido no núcleo, trabalhando tanto com alunos indígenas da licenciatura em Educação Intercultural quanto com os estudantes não indígenas de outras formações. 

A estudante do curso de Educação Intercultural, Taloki Kamayura (do povo Kamayura Edinia), reforça que os estudos na Universidade trabalham no sentido de fortalecer a cultura de sua aldeia e de seu povo. “Um dia a ser a porta voz da minha comunidade”, pontua a estudante. 

Fonte: Plataforma Analisa/UFG – março/2025.

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Desafios 

Como a graduação é voltada para “formação de professores indígenas para atuarem em escolas indígenas”, a adoção da pedagogia da alternância é fundamental e ela pode ser custosa. 

O vice-coordenador sintetiza: “No mês de janeiro e parte de fevereiro, e no mês de julho e parte de agosto, os alunos saem das aldeias e vêm aqui pra Goiânia, ficam cinco semanas, tendo aula de segunda a sábado o dia inteiro. Entre as duas etapas na universidade, a gente tem as etapas em terra indígena, quando os professores se deslocam para as aldeias”.

Como são muitas viagens, recorrentes e em locais de difícil acesso, “ainda é muito difícil conseguir esses recursos para custear essas viagens”. 

Outro ponto destacado como desafio é a questão da “invisibilidade e do preconceito em relação às populações indígenas”. Ao falar em “racismo” e em “falta de informação”, Mário explica que existe uma certa distância entre a comunidade externa e parte da comunidade da própria UFG que não compreende os métodos propostos no núcleo. “Tem uma resistência em relação ao nosso curso, tem uma resistência em relação às atividades que a gente se propõe a fazer”, resumiu.

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