Temporada de balanços do 4T24: Lucros podem ter chegado ao pico, alerta gestor da Kinea

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Temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 começa oficialmente no dia 5 de fevereiro e vai até o final de março(Imagem: iStock.com/sankai)

A temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 (4T24) terá a largada dada na quarta-feira (5), com os bancões Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11) sendo os destaques na estreia. Com início nestes primeiros dias de fevereiro, a temporada passa pelo feriado de Carnaval e se estende até o final de março.

A analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, destaca que essa temporada é muito importante, pois, além de mostrar a fotografia completa do 2024 das empresas, é o momento em que as perspectivas para 2025 são dadas, — ano com um difícil cenário macroeconômico no horizonte.

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Para ela, os números dos setores cíclicos, empresas de varejo e até mais alavancadas devem ser relativamente bons, mas provavelmente muito diferente do cenário que as companhias vão pintar para 2025 em suas teleconferências, tendo em vista que o quarto trimestre de 2024 vai fechar com uma taxa básica de juros (Selic) média semelhante ao mesmo período em 2023.

Segundo Quaresma, neste cenário, a diferença na linha de despesa financeira já começará a ser vista, mas não de maneira tão significativa. “A partir de 2025, a gente deve começar a ver um efeito maior da cíclica alta em todas as empresas, mas principalmente as mais alavancadas e as cíclicas domésticas”.

Rafael Oliveira, gestor de ações da Kinea Investimentos, espera uma temporada de resultados bem difusa, com diferenças relevantes entre os setores. Embora a expectativa seja de crescimento na comparação anual, a Kinea entende que o quarto trimestre de 2024 pode ser o pico dos lucros dessas empresas.

“Por exemplo, os bancos que devem anunciar guidances (projeções) com menor apetite a risco, traduzindo em uma expansão de crédito muito modesta em 2025″.

O analista da Kinea comenta que naturalmente os setores mais sensíveis a juros devem sofrer, como incorporadoras de média e alta renda, infraestrutura, varejo e o setor financeiro, principalmente aquelas empresas mais focadas em conceder crédito para a baixa renda.

“Mas talvez isso ainda não seja sentido nesse quarto trimestre, mas sim ao longo de 2025. Como, por exemplo, as empresas de utilities em que os lucros passarão a ser pressionados por despesas financeiras ao longo do ano”, pondera.

Quais setores devem se destacar?

Para Rafael Oliveira, o destaque positivo do trimestre deve continuar sendo o setor de incorporação imobiliária, principalmente de baixa renda. Os dados operacionais divulgados mostraram vendas fortes por diversas empresas do setor, o que deve contribuir para um bom resultado, na visão da gestora.

A Kinea vê algumas empresas com potencial para se beneficiar do ciclo de aperto monetário que o país enfrenta, como as seguradoras, em que o caixa mais alto deve beneficiar os lucros.

Além disso, outras empresas estão mais protegidas por serem nichadas, afirma Oliveira, como as construtoras de baixa renda Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3), ou ainda a WEG (WEGE3), que deve seguir se beneficiando de um crescimento fora do Brasil.

Especificamente quanto aos resultados do quarto trimestre, no entanto, a gestora não espera grandes surpresas – nem positivas, nem negativas.

Já a analista da Empiricus, Larissa Quaresma, espera um desempenho muito superior das exportadoras em relação às empresas da economia doméstica. Ainda, pontua que os bancos e seguradoras se beneficiam de uma Selic mais alta.

Em relação aos bancos, Quaresma destaca o Itaú (ITUB4). Ela lembra que o banco vem com um apetite de crédito mais restrito desde 2021 e manteve isso desde então.

Com isso, a instituição entra em um ciclo de alta de juros, que tende a levar um aumento de inadimplência, com uma carteira mais conservadora e mantendo o foco nos clientes de alta renda.

“Isso tende a fazer com que o banco passe relativamente tranquilo por um potencial ciclo de alta de inadimplência”. Do lado de seguradoras, a analista aponta a Porto Seguro (PSSA3).

Sobre as exportadoras, a receita dolarizada viabiliza que, sem fazer nada a mais, apenas com a valorização da moeda norte-americana, essas empresas vejam um ganho de rentabilidade e geração de caixa.

No entanto, é preciso ter atenção com o tipo de commodity. Isso porque uma valorização do dólar pode jogar os preços para baixo, como observado com o minério de ferro em 2024.

“Preferimos exportadoras que tem uma commodity menos cíclica, como é o caso de papel e celulose, que tem uma demanda mais resiliente do que a demanda por aço e minério de ferro, que é muito ligada a material de construção e a indústria automotiva”.

Nessa seara, Quaresma destaca papel e celulose, sendo a Suzano (SUZB3) um bom ativo neste cenário. “Para Suzano, esperamos um resultado espetacular nesse quarto trimestre e que continue espetacular ao longo de 2025”.

O que o investidor deve olhar na temporada de balanços

Para o gestor da Kinea, o investidor precisa sempre se manter atento ao cenário político local e global, principalmente com as tarifas que devem ser impostas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

A gestora espera uma desaceleração da economia brasileira nos próximos meses, sendo que a queda da economia pode incomodar o governo e provocar novas deteriorações no fiscal, avalia.

“Porém, caso isso não aconteça, podemos vislumbrar um arrefecimento da inflação, estabilização/queda de juros, descomprimindo os altos prêmios de risco que hoje vigoram no Brasil. Para passar por essa turbulência, é importante o investidor observar quem gera caixa e tem folga para retornar ao acionista”.

Larissa Quaresma afirma que é o momento de comprar com seletividade, priorizando companhias com balanços sólidos e baixa alavancagem.

Ela também pontua as tarifas que estão no radar pelo governo Trump. “Por enquanto, o Brasil está de fora, mas esse é um tema muito relevante para as exportadoras. Precisamos ficar de olho nisso também”.

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