Cessar-fogo em Gaza avança, mas Israel intensifica ataques letais

As negociações para um cessar-fogo entre Israel e Hamas avançaram nesta terça (14), com representantes das partes reunidos em Doha, no Catar. O acordo está “nos detalhes finais”, segundo autoridades envolvidas, e pode encerrar 15 meses de um conflito que devastou Gaza e deixou mais de 46 mil palestinos mortos.

Apesar do otimismo internacional, os ataques israelenses se intensificaram nas últimas 36 horas, matando ao menos 70 pessoas no enclave. Entre as vítimas, segundo relatos médicos locais, estão mulheres e crianças, atingidas em bombardeios a áreas residenciais.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na segunda-feira (13) que o cessar-fogo está “à beira” de ser concretizado. Já o presidente eleito, Donald Trump, declarou que o acordo pode ser finalizado antes de sua posse, em 20 de janeiro. Ambos enviaram enviados especiais às negociações: Brett McGurk, por Biden, e Steve Witkoff, por Trump.

“Acordo libertaria reféns, interromperia os combates, forneceria segurança a Israel e aumentaria significativamente a assistência humanitária aos palestinos, que sofreram terrivelmente nesta guerra iniciada pelo Hamas”, disse Biden em discurso.

Pontos principais do acordo

O esboço do pacto prevê três etapas. Na primeira, o Hamas libertaria 33 reféns, incluindo mulheres, crianças e homens acima de 50 anos, enquanto Israel liberaria prisioneiros palestinos proporcionalmente. As tropas israelenses começariam a se retirar gradualmente de Gaza, mas manteriam uma zona-tampão ao longo da fronteira com o Egito.

A segunda fase, prevista para o 16º dia de cessar-fogo, incluiria a liberação de reféns restantes e a devolução de corpos. A terceira fase focaria na reconstrução de Gaza, com entrada de materiais e alívio humanitário.

No entanto, pontos críticos seguem pendentes. Israel insiste em manter uma presença militar no corredor Filadélfia, enquanto o Hamas exige a retirada completa das forças israelenses. Além disso, presos palestinos considerados “terroristas de alto perfil” seriam enviados a Gaza ou a países como Egito e Catar, mas não à Cisjordânia.

Ceticismo e pressão

Embora líderes de Hamas e Israel tenham expressado otimismo, a população de Gaza e analistas políticos demonstram ceticismo. “Esta guerra já deveria ter terminado há muito tempo”, afirmou Majed al-Ansari, porta-voz do governo do Catar, que mediou as negociações.

Em Israel, o acordo enfrenta resistência da extrema-direita, parte da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ministros como Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich classificaram o pacto como uma “catástrofe para a segurança nacional”. Protestos também ocorrem em Tel Aviv, onde famílias de reféns pedem a libertação imediata de seus entes.

Netanyahu, pressionado por Biden e Trump, tenta equilibrar demandas externas e internas, enquanto busca consolidar sua posição política. Analistas apontam que a negociação do cessar-fogo é fundamental para sua sobrevivência política em meio às críticas ao prolongamento da guerra.

Impacto humanitário e reconstrução

A guerra deixou mais de 100 mil palestinos feridos, desalojou quase 2 milhões de pessoas e destruiu a infraestrutura de Gaza. O custo humano é considerado “insustentável”, segundo organizações humanitárias.

Especialistas ressaltam que, mesmo com o cessar-fogo, a estabilidade na região depende de um compromisso de longo prazo para resolver as raízes do conflito, como o fim da ocupação israelense e o direito de autodeterminação palestino.

Enquanto o mundo aguarda ansioso pelo desfecho das negociações, permanece a urgência de evitar mais mortes e garantir o alívio humanitário ao povo palestino, vítima de uma guerra desproporcional e devastadora.

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