João Henrique Caldas adota tom conciliatório em posse e sela vitória de Lira sobre clã Calheiros em Maceió

Por Anaïs Fernandes
Do Valor Econômico

João Henrique Caldas (PL) tomou posse como prefeito de Maceió (AL) nesta quarta-feira (1º) para um segundo mandato, de 2025-2028. A cerimônia, que também empossou seu vice, Rodrigo Cunha (Podemos), e os vereadores eleitos da capital, aconteceu nesta tarde na sede da Associação Comercial de Maceió.

Aliado envergonhado do ex-presidente Jair Bolsonaro , também do PL, JHC, como é conhecido, confirmou o favoritismo e foi reeleito em primeiro turno com 83,5% dos votos válidos. Em percentual, sua performance foi a melhor do Nordeste, à frente de João Campos (PSDB), do Recife, com 78,1%, e a segunda melhor do Brasil, atrás apenas de Antônio Furlan (MDB), reeleito com 85,1% em Macapá (AP).

“Reconhecemos e respeitamos o papel das instituições. Fortalecemos o Legislativo para que a gente pudesse fazer ainda mais, com maturidade, independência e, sobretudo, harmonia”, afirmou JHC durante a cerimônia de posse. “Se estamos aqui, é porque toda a população, independentemente do espectro, de forma plural, ampla, entendeu que nossa gestão trabalha para o povo”, disse.

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A preferência por JHC nas urnas sobre o deputado Rafael Brito (MDB) representou uma vitória do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o clã comandado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e coloca JHC como um dos possíveis nomes para a corrida ao governo de Alagoas em 2026. Brito, além de avalizado pelos Calheiros, também contava com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

JHC citou Lira, bem como a Caixa Econômica Federal, ao falar das articulações para obras na Orla Lagunar. O prefeito disse que Maceió é “uma vitrine de recursos naturais para o Brasil”, colocou-se como “líder comportamental” e disse querer ser exemplo “para esse futuro que eu quero para Maceió, Alagoas e o Brasil.

JHC falou em “manter o mesmo ritmo e intensidade” do que vem fazendo e criticou a gestão anterior, de Rui Palmeira, atualmente no PSB (Partido Socialista Brasileiro), mas então prefeito pelo PSDB. “Nós pegamos a casa desajustada, sem capacidade de investimento, era pandemia, as coisas estavam desorganizadas”, afirmou.

Com a gestão bem avaliada, JHC concentrou a estratégia da busca por votos nas ruas e nas redes sociais. O prefeito faltou a todos os debates e sabatinas. Com mais de 650 mil seguidores no Instagram e popular entre os mais jovens, JHC, autoproclamado “Tio J”, intercalou vídeos sérios com dancinhas e memes durante a campanha em suas redes sociais.

Mesmo sendo apoiado por Bolsonaro, o prefeito praticamente não explorou a imagem do ex-presidente durante a campanha. Eleito pelo PSB em 2020, JHC migrou para o PL no meio do mandato. “Nós prestigiamos a política. Aos vereadores, demos autonomia e acesso para a gente fazer uma gestão democrática. O contraditório vai existir e a gente tem de fazer e a gente tem de fazer existir, porque é na divergência que a gente evolui e encontra soluções. A política precisa de mais estender as mãos e menos de apontar dedos”, disse JHC na posse.

Assumindo a vice-prefeitura, Cunha será substituído no Senado por Dra Eudócia (PL), mãe de JHC, que esteve presente na cerimônia, assim como Tereza Nelma (PSD-AL), secretária nacional de aquicultura.

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