Bias, Rebecas, Dudas, Anas, Larissas, Martas, Gabis, Rayssas, Tatis… É inegável: as Olimpíadas de Paris 2024 foram delas.
O Brasil levou, pela primeira vez, uma delegação com mais mulheres do que homens e elas mostraram aquilo que vemos e vivemos todos os dias: as mulheres brasileiras são fortes, determinadas e vencedoras.
Das 20 medalhas que trouxemos para casa, 12 foram conquistadas por mulheres ou por equipes com mulheres. E o lugar mais alto do pódio também foi conquistado por elas, não uma, mas três vezes. As três vezes que o hino do Brasil tocou na premiação, as responsáveis foram essas mulheres que representaram o Brasil em sua totalidade.
“A verdade é que podemos fazer o que quisermos onde quisermos se não tivermos o nosso espaço negado.”
Olhar o resultado assim faz tudo parecer fácil, mas a realidade é bem diferente. Se vivemos em um país que impera a desigualdade de gênero em todas as áreas, no esporte não seria diferente. Ser atleta no Brasil já não é tarefa fácil, ser uma mulher atleta no Brasil tem ainda mais desafios.
Foi só em 1932 que nossas atletas puderam participar das Olimpíadas, mesmo ano em que as mulheres conquistaram o direito ao voto. Infelizmente, essa não é uma realidade só do Brasil. Foi só em 2012 (ontem!) que as atletas femininas conseguiram participar de todas as modalidades presentes nos Jogos Olímpicos.
O dinheiro investido pelas marcas também reflete esta realidade. A diferença do valor de patrocínio da Copa do Mundo feminina de 2023 chegou a 83% em relação à masculina.
Enquanto os jogos no Catar geraram um patrocínio de US$ 1,7 bilhão, a Copa feminina teve um faturamento apenas de US$ 300 mil. Esses dados foram compilados pela “Omdia” e divulgados pela Time. Além disso, boa parte das atletas femininas não têm patrocinador.
Ainda bem que as coisas mudam (mesmo que não na velocidade que deveriam), e este ano tivemos a primeira edição dos jogos com as mulheres representando metade dos atletas. E que atletas.
Para os brasileiros, Rebeca, Bia, Ana Patrícia, Duda, Tati, Marta, Gabi, Rayssa, Larissa e todas as outras trouxeram orgulho, felicidade e, o mais importante, a representatividade. Tantas meninas agora passaram a sonhar com um título Olímpico depois dessas Olimpíadas.
Esse é o principal legado que as mulheres deixaram nessas Olimpíadas porque, como dizia Conceição Evaristo, mais importante do que ser a primeira é não a última.
Mesmo com baixo investimento, com as dificuldades e a desigualdade de gênero, elas foram lá, roubaram a cena e trouxeram medalhas. Que esse resultado e pioneirismo inspirador dessas atletas faça com que novos e melhores caminhos se abram para elas e tantas novas que vem por ai.
O que podemos aprender com a participação do Brasil nessas olimpiadas? Que no esporte não é somente sobre vencer, é sobre liderar, e o mesmo acontece na vida.
Ser a primeira é sempre difícil, ser aquela que abre tantas portas e navega pelo desconhecido.
Vencer não é somente sobre estar no lugar mais alto do pódio, é ser a primeira para muitas de nós.
Invistam em mulheres brasileiras, que são sinônimo de força e de sucesso, porque quando temos a oportunidade de estar em um espaço que deveria ser nosso há muito tempo, nós fazemos história.
Parabéns a vocês atletas, e o nosso muito obrigada por esse show de esperança.
Com carinho,
Carolina Cavenaghi
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