Dirigente da CTB diz no Senado que “famigerada” escala 6×1 está vencida

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Rio Grande no Sul (CTB-RS), Guiomar Vidor, disse nesta segunda-feira (9), durante debate na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, que os brasileiros não suportam mais a escala de trabalho 6×1, que consiste em seis dias de trabalho para apenas um de descanso.

Para ele, trata-se de uma escala “vencida” para o trabalhador que chegou à exaustão por causa das extensas jornadas.

“É uma escala desumana, que, na verdade, limita o tempo para o lazer, o tempo para qualificação profissional que tanto é reclamada, para o convívio familiar e até para o fortalecimento dos laços gregários”, disse.

De acordo com o sindicalista, são quase 100 anos de trabalho na mesma escala que ainda regulamenta a maioria dos contratos de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.

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“Apesar de nós termos, todos nós sabemos, categorias que hoje já têm escala 5×2, a maioria dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros estão dentro dessa escala famigerada de 6×1”, lamentou.

Ele chama a atenção também para a continuidade do trabalho com rendimento e produtividade adequados.

“Hoje, as jornadas de trabalho e a escala 6×1, na verdade, não permitem sequer que o trabalhador e a trabalhadora tenham uma regeneração, para que eles possam, na verdade, na semana seguinte, dar ou render aquilo que poderiam render”, explica.

Jornada exaustiva

A procuradora Cirlene Luiza Zimmermann, do Ministério Público do Trabalho (MPT), disse que é fato que jornadas de trabalho exaustivas podem gerar adoecimento e mais acidentes.

“A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram um estudo, em 2022, que apontou que 81% das mortes relacionadas ao trabalho decorrem de doenças não transmissíveis, sendo que o principal fator de risco é justamente a situação da exposição a longas horas de trabalho”, afirma.

No Brasil, diz a procuradora, houve no final de 2023 a atualização da lista de doenças relacionadas ao trabalho do Ministério da Saúde.

“Essa lista, que foi ratificada pelo Ministério do Trabalho e pelo Ministério da Previdência, traz os impactos negativos das jornadas de trabalho prolongadas, dos trabalhos em turnos, do trabalho noturno, ou seja, esses aspectos relacionados à jornada de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras”, explica.

Ela diz que esses agentes de riscos têm relação direta com o surgimento de transtornos mentais, de comportamentos devido à situação de utilização de drogas, parada cardíaca, infarto cerebral, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade, câncer de cólon, do reto, da mama e da próstata.

“Tudo isso relacionado a jornadas de trabalho exaustivas. Então, sim, precisamos olhar para a questão da jornada e ter a atenção que esse tema tem merecido, de uma forma que a gente considere que essa redução vai nos trazer mais saúde, mais vida”, defende.

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