Israel anuncia que não vai deixar barco com Greta e ativistas levar ajuda a Gaza

Ambientalista sueca Greta Thunberg está na embarcação

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Chris Kebbon/Divulgação

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou neste domingo (8) que o Exército impeça a chegada à Faixa de Gaza de um barco de ajuda humanitária que carrega 12 ativistas a bordo, incluindo a ambientalista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila.”A Greta, a antissemita, e aos seus companheiros, porta-vozes da propaganda do Hamas, digo claramente: voltem, porque não chegarão a Gaza”, disse o ministro em um comunicado. “O Estado de Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a entrega de armas ao Hamas”, afirmou.O veleiro Madleen faz parte da coalizão Freedom Flotilla (Flotilha da Liberdade), que atua pelo fim do bloqueio em Gaza. A embarcação saiu da Itália com o objetivo de furar o cerco de Israel e entregar alimentos e remédios a moradores, diante da crise humanitária na região.Segundo a mídia israelense, militares planejam interceptar o barco e escoltá-lo até o porto de Ashdod, no sul do país. A tripulação seria então deportada –a previsão é que o veleiro chegue ao litoral de Gaza até a manhã desta segunda-feira (9).Em 2 de março, Israel impôs um bloqueio total à entrada de alimentos e medicamentos no território. Após uma suspensão total da ajuda por 78 dias, o governo de Binyamin Netanyahu flexibilizou a entrada de ajuda diante da crescente pressão internacional.A retomada caótica da distribuição de ajuda humanitária, no entanto, tem sido realizada por meio da controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos EUA. A entidade tem sido criticada por organizações internacionais devido ao caos e mortes durante a distribuição de mantimentos.Neste domingo, outros quatro palestinos foram mortos, de acordo com autoridades médicas do território, e várias pessoas foram feridas por soldados israelenses durante a distribuição na região de Rafah, no sul de Gaza. O Exército israelense afirmou, em nota, que suas tropas abriram fogo, mas disse que os disparos foram de advertência contra um grupo que avançava em direção aos soldados e era considerado uma ameaça.À Folha o brasileiro Ávila, que está na flotilha, afirmou que o grupo está “preparado e ciente dos riscos”. “Estamos conscientes de como agir em situações de emergência, crise ou ataque, para preservar tanto quanto possível a vida, a integridade física e a liberdade de todos”, disse.Na missão anterior da Flotilha da Liberdade, o barco Conscience foi alvo de um ataque de dois drones na madrugada de 1º de maio. Os danos provocados forçaram o seu retorno. Era uma embarcação maior, com 80 pessoas de mais de 20 países.O Madleen é mais modesto: leva 12 pessoas de 7 nacionalidades diferentes. O barco transporta itens como leite, arroz, conserva e barras de proteína.”O plano é chegar a Gaza, descarregar os suprimentos com o apoio do nosso barco de resgate, distribuí-los e seguir denunciando o que está acontecendo. Nosso papel é abrir um corredor humanitário. Uma vez aberto, retornaremos com mais coisas”, disse Ávila.Nos últimos dias, dezenas de palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos ao tentar acessar os pontos de distribuição de comida, que estão a cargo da GHF. A entidade anunciou na sexta-feira (6) e no sábado (7) que o serviço havia sido interrompido por questões de segurança.Desde o início da operação de distribuição, ao menos 102 palestinos foram mortos e cerca de 500 ficaram feridos, de acordo com autoridades locais. Imagens e relatos de testemunhas apontam que forças israelenses abriram fogo contra multidões famintas –Israel fala em “tiros de advertência” e atribui a violência ao Hamas.Em abril de 2024, três relatores especiais da ONU exigiram passagem segura para a Flotilha da Liberdade. Eles afirmaram que Israel deve cumprir o direito internacional e as ordens da Corte Internacional de Justiça, permitindo a entrada irrestrita de ajuda humanitária em Gaza.A iniciativa da flotilha existe desde 2008. Em 2010, um grupo de sete embarcações, incluindo o turco Mavi Marmara, foi atacada por Israel –nove pessoas morreram e 50 ficaram feridas. Uma investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU concluiu que o ataque israelense foi desproporcional e ilegal. Na época, Tel Aviv disse ter agido em defesa própria.

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