Com ‘supercomputadores’ e amparado por lei pioneira, Goiás caminha para ser polo da IA no Brasil

O Estado de Goiás recebeu, em abril deste ano, oito supercomputadores de inteligência artificial da Nvidia, os primeiros da empresa norte-americana a serem entregues na América Latina. O investimento é parte de uma estratégia que combina inovação tecnológica e parcerias institucionais que colocam o estado como referência nacional e internacional no setor.

O governo estadual também foi o primeiro do Brasil a sancionar uma lei específica sobre o tema. A Política Estadual de Estímulo ao Desenvolvimento da Inovação em Inteligência Artificial que estabelece diretrizes para o uso ético, seguro e estratégico da tecnologia. “A inteligência artificial é uma das alavancas mais poderosas do progresso econômico e social do século XXI”, afirmou o governador Ronaldo Caiado (UB), ao destacar que Goiás saiu na frente do governo federal ao implementar políticas públicas para o setor.

Com foco na formação de mão de obra qualificada, a nova política inclui o programa “IA nas Escolas”, que prevê a inclusão de temas como programação, ciência de dados, ética digital e cibersegurança desde o ensino básico. A iniciativa contará com apoio de instituições como o Sistema S (SESI, SENAI, SEBRAE), além do IFG, IF Goiano, UEG e UFG, com foco em áreas como agronegócio, indústria, saúde e serviços públicos.

A lei também prevê a implementação de IAs na gestão pública na área da saúde pela avaliação de diagnósticos e gestão hospitalar, com medidas auditáveis para oferecer acessibilidade e ética. 

Além disso, também ficou instituída a criação do Núcleo de Ética e Inovação em Inteligência Artificial (NEI-IA) com a atuação como uma instituição consultora na criação de  diretrizes e instrumentos de fomento à pesquisa, à inovação e ao desenvolvimento tecnológico na IA, além de estabelecer os critérios e parâmetros de sustentabilidade e governança ambiental associados ao uso da IA e à operação de infraestruturas digitais.

Estrutura inédita

Ao todo, oito supercomputadores foram entregues ao estado. Três já estão no data center do governo, em Goiânia, e os demais aguardam a finalização de instalações na Universidade Federal de Goiás (UFG). A expectativa é que toda a estrutura esteja operacional no segundo semestre de 2025.

Os equipamentos fazem parte de um projeto liderado por 800 pesquisadores do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA-UFG), que chamou a atenção da Nvidia e garantiu aos cientistas a oportunidade de apresentar seus avanços ao CEO da empresa, Jensen Huang, em evento realizado em março.

Com investimento de R$ 40 milhões, viabilizado por meio de parcerias entre o Governo de Goiás, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPEG) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o sistema é composto por múltiplas GPUs interligadas, formando o chamado POD (Point of Delivery), estrutura capaz de treinar e executar modelos complexos de IA em escala e velocidade superiores às dos computadores convencionais.

A diretora do CEIA-UFG, Telma Soares, explica que a tecnologia posiciona o Brasil na vanguarda mundial da pesquisa em IA. “Com este POD, poderemos desenvolver modelos de última geração, impulsionando tanto a pesquisa acadêmica quanto projetos de inovação com parceiros industriais”, afirma.

Impacto na formação e pesquisa

A nova infraestrutura permitirá acelerar e expandir mais de 60 projetos de IA já em desenvolvimento no CEIA-UFG. Um dos destaques é o EnergyGPT, uma plataforma inspirada no ChatGPT, mas voltada ao setor elétrico brasileiro. O supercomputador também será fundamental na formação de profissionais altamente capacitados, segundo o secretário-geral de Governo de Goiás, Adriano da Rocha Lima.

A UFG é ainda a primeira instituição do Brasil a integrar o programa Nvidia AI Nation, voltado ao apoio de estratégias nacionais de IA. A iniciativa da empresa visa capacitar pesquisadores, desenvolvedores e empreendedores para o uso da computação acelerada com superchips.

“O Brasil está dando um passo importante para reduzir a defasagem tecnológica em relação a países líderes em IA”, afirma Arlindo Galvão, coordenador do Centro de Competência Embrapii em Tecnologias Imersivas Aplicadas (AKCIT). Ele lembra que a UFG também foi pioneira ao criar uma graduação específica em Inteligência Artificial no país.

Parcerias estratégicas

A construção do novo data center da UFG já está em andamento. A operação completa dos equipamentos contará com apoio da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), por meio do Programa de P&D da ANEEL, com recursos destinados à infraestrutura elétrica, refrigeração e espaço físico.

O governo estadual também planeja criar o Centro Estadual de Computação Aberta e Inteligência Artificial, em parceria com o CEIA-UFG, fortalecendo ainda mais o ecossistema de inovação tecnológica no estado.

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