Foi-se o tempo em que a madrugada da Virada Cultural de São Paulo era o horário mais disputado do evento. Se nos anos anteriores os grandes artistas se apresentavam ao decorrer das primeiras horas do domingo, em 2025 foi diferente: Luísa Sonza, Belo, Iza e Duda Beat terminaram seus shows ainda no sábado, 24, antes das 23h.A postura da organização é nova e dividiu a opinião do público. Se para alguns os horários mais cedo dão maior sensação de segurança e são mais cômodos, para outros a nova diretriz acaba indo na contramão do que a Virada Cultural sempre representou. Ou pior, esvazia o centro da Cidade no que deveria ser a noite mais movimentada do ano.”Tem muita gente que não mora no centro de São Paulo e não vem para cá ou gente que mora por aqui e não conhece o restante da cidade. Ir para um lugar novo de madrugada é complicado, o novo horário permite que as pessoas conheçam a cidade e voltem cedo para casa”, afirmou o psicólogo Hélio de Souza, 42.A engenheira Lílian Pereira, 40, não vê a mudança com bons olhos. “Em 2018, lembro que assisti o Emicida às 4h. Na época, eu me diverti. O ruim é que, quando o show acaba cedo, a pessoa vai embora cedo da Virada. É um jeito implícito de você acabar com a Virada Cultural de madrugada. Vai todo mundo se dispersar após o show e ir embora. Sem atrações, as pessoas não vão ficar na rua”, ressaltou.A maioria dos 21 palcos espalhados ao redor da cidade ficou vazio ao longo da madrugada, mas o Vale do Anhangabaú continuou a receber atrações como o grupo senegalês Orchestra Baobab e o grupo argentino La Delio Valdez. Em horários parecidos no ano passado, no entanto, as atrações eram Pabllo Vittar e Djonga.Há uma enorme diferença entre a popularidade das opções, o que fez com que o palco principal se esvaziasse ao decorrer da madrugada. A sensação de segurança, no entanto, permaneceu ao longo do evento. Centenas de pessoas andavam pelo centro de São Paulo no início da madrugada e não houve grandes problemas.Para quem ainda desejava madrugar pela Virada, havia opções. No próprio Vale do Anhangabaú, os intervalos dos principais shows do palco eram agraciados com o ritmo da música e dos remixes paraense da Aparelhagem Crocodilo.A performance, que mistura tradição, tecnologia e os maiores hits do Pará em um único show, foi comandada pelo DJ Marlon Beats e chamou atenção por um componente inusitado – um crocodilo metálico de 9 metros de comprimento e cerca de 3 metros de altura.Sucesso absoluto no Pará, é a primeira vez que a aparelhagem se apresentou em São Paulo. Para chegar na capital, uma carreta de 22 metros atravessou o País com o animal metálico para se apresentar na Virada Cultural.Conhecido por sua setlist eclética, o Tudão Crocodilo tocou ritmos como rock doido, melody, funk, carimbó, merengue e lambada, além, é claro, das já tradicionais versões tecnobrega de hits pop nacionais e internacionais. Nomes como Gaby Amarantos, Viviane Batidão, Jaloo e Gang do Eletro fizeram participações especiais ao longo dos intervalos.Música clássica, stand-up e festasUm das atrações mais disputadas da Virada, entretanto, ocorreu em um ambiente pouco propício para festas – o Mosteiro de São Bento. Na virada de sábado para domingo, o maestro João Carlos Martins regeu a Orquestra Bachiana para um público de cerca de mil pessoas.Segundo a organização do evento, a fila para adentrar o local sacro se iniciou às 21h e continuou extensa após o começo do concerto. Por recomendação dos bombeiros, a quantidade de pessoas que puderam entrar no local foram limitadas, o que frustrou as mais de cem pessoas que aguardavam do lado de fora.À medida que algumas pessoas iam saindo, no entanto, as pessoas da fila eram admitidas pela organização. Não havia lugares para se sentar e a maioria do público teve de ficar de pé. Uma nova apresentação da Orquestra foi realizada às 3h, mas sem João Carlos Martins.Outra atração que chamou a atenção do público foi o palco ao lado do Edifício Copan, na República, que recebeu uma dezena de comediantes stand-up ao longo da madrugada. A atração, que se propôs a receber 24 horas de comédia ao longo da Virada, recebeu nomes como Marcelo Marrom, Igor Guimarães e Nando Vianna durante as primeiras horas de domingo.Por fim, festas já tradicionais da noite paulistana também receberam edições especiais para a Virada Cultural. Na pista República, a ¡SÚBETE! entregou quase seis horas de reggaeton. A pista Aurora e a pista Arouche, respectivamente, receberam as festas Tijolo e Selvagem.
Sem grandes shows, madrugada da Virada Cultural é marcada por música clássica e festas
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