Juiz derruba decisão de Trump de banir alunos estrangeiros de Harvard

Um dia após o governo de Donald Trump anunciar que a Universidade Harvard não poderá mais matricular estudantes estrangeiros, a juíza Allison Burroughs derrubou a medida, que ameaça cerca de 6,8 mil alunos internacionais, incluindo 200 brasileiros que estudam em uma das instituições mais prestigiosas dos EUA. Mais cedo, Harvard entrou com uma ação judicial contra a decisão, argumentando que a medida viola seus direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição e pelo devido processo legal. A universidade também afirmou que a decisão do governo teve um “efeito imediato e devastador” para a instituição e seus alunos.”Condenamos essa ação ilegal e injustificada”, disse o reitor interino da universidade, Alan Garber, em carta enviada à comunidade de Harvard. “Ela coloca em risco o futuro de milhares de estudantes e pesquisadores e serve como um alerta para incontáveis outros estudantes em faculdades e universidades de todo o país que vieram aos EUA para realizarem seus sonhos.”A decisão do governo de revogar a certificação de Harvard para matricular estudantes internacionais deixou o futuro de milhares de alunos sob ameaça. Tanto a rapidez quanto o momento da medida deixaram todos atordoados. Segundo a Casa Branca, os estudantes internacionais que já estão matriculados devem se transferir para outras instituições ou perder seu status legal.Queda de braçoA crise é mais um capítulo da cruzada cultural de Trump, que se ressente da falta de apoio dentro das universidades de elite do país, um reduto de eleitores democratas. A Casa Branca vem usando o combate ao antissemitismo como pretexto para obter o controle do processo de admissão, de contratação e até o conteúdo e as disciplinas oferecidas aos alunos. Na quinta-feira, 22, ao comunicar que Harvard estava proibida de aceitar matrículas de estudantes estrangeiros, a secretária de Segurança Interna americana, Kristi Noem, mencionou até “ações coordenadas da universidade com o Partido Comunista da China”, sem explicar a que se referia.A ação movida nesta sexta, 23, foi o segundo processo judicial de Harvard contra a Casa Branca. A universidade já havia processado o governo americano em razão do bloqueio de recursos federais, após exigir que a instituição reformulasse sua governança, entregasse informações sobre estudantes que organizaram protestos pró-Palestina e manifestações consideradas hostis aos valores americanos. No novo processo, a universidade acusa o governo americano de retaliação pelo exercício dos direitos da Primeira Emenda da Constituição dos EUA – que fala sobre liberdade de expressão. Segundo Harvard, com um simples ato administrativo, a Casa Branca tentou apagar 25% do corpo estudantil, que contribui para a missão da universidade. “Sem eles, Harvard não é Harvard”, diz a universidade no documento judicial.Impacto esportivoA decisão de proibir alunos estrangeiros em Harvard teria também um profundo impacto no mundo esportivo. Algumas das equipes da universidade seriam praticamente dizimadas pela medida do governo. A instituição tem o maior programa esportivo dos EUA.As 42 equipes esportivas universitárias de Harvard são as mais numerosas do país. De acordo com o site especializado Sportico, 21% dos jogadores da lista da escola para as temporadas de 2024-25 – ou 196 dos 919 atletas – tinham cidadania estrangeira. O site observou, no entanto, que alguns poderiam ser americanos naturalizados ou portadores de green card, que não precisariam do visto internacional que o governo Trump ameaça revogar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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