Família de Pedro Ludovico Teixeira denuncia abandono no Cemitério Santana e cogita transferir restos mortais para museu

Fundador de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira está sepultado no Cemitério Municipal Santana, no Setor dos Funcionários, ao lado da esposa e de outros familiares. No entanto, a família denuncia o estado de abandono do local, que enfrenta sérios problemas de conservação, segurança e vandalismo. Placas e adornos do túmulo foram furtados, e, diante da negligência do poder público, os familiares consideram a possibilidade de transferir os restos mortais do ex-governador e de seus parentes para o Museu Pedro Ludovico Teixeira.

Em entrevista ao Jornal Opção, Maria Dulce Loyola Teixeira, que é casada com Ubiratan Estivallet Teixeira, filho de Mauro Borges e neto de Pedro Ludovico, relata que o abandono do Cemitério Santana ocorre desde 2016. Ao longo de várias gestões, ela e familiares de outras pessoas sepultadas no local têm cobrado melhorias. No entanto, quase uma década e três prefeitos depois, a situação continua sem qualquer mudança significativa.

“O Cemitério Santana é tombado e deveria ser tratado com respeito, em consideração às pessoas que estão enterradas ali”, afirma Maria Dulce. “Em 2016, fizemos a primeira denúncia e, desde então, nada foi feito diante do abandono. Estão ocorrendo furtos em plena luz do dia, e ninguém toma providência. Placas, adornos e até grandes esculturas estão sendo levados”, acrescenta a familiar do fundador de Goiânia.

Tombado como patrimônio cultural desde 1991, a família relata que o túmulo de Pedro Ludovico não possui mais as placas de identificação e molduras das fotos porque foram furtadas e danificadas. Ao mesmo tempo, apesar de não ser a intenção inicial, ela cita a chance de retirar os restos mortais dos familiares do cemitério. “Há essa possibilidade, visto que a Prefeitura de Goiânia não cuida. Isso é omissão e prevaricação do poder público”, afirmou.

O Jornal Opção também ouviu outras famílias que têm entes queridos sepultados no Cemitério Santana. Em entrevista, Lilian Zupelli relatou que a situação é de “total abandono” e denunciou que o local vem sendo utilizado como ponto de prostituição e uso de drogas. Ela ainda compartilhou fotos comparando o estado atual do jazigo da família com registros de como era anteriormente.

Túmulo da família Zupelli sem a escultura de Cristo que foi furtada; Lilian conta que removeu as letras dos parentes do jazigo para evitar novos furtos | Foto: arquivo pessoal

“Começou com pequenos furtos, como um jarro de flores de bronze e as alças que abrem o jazigo. Com o tempo, passaram a levar peças enormes. Houve uma ocasião em que eu estava em Pirenópolis e a pessoa que cuida do jazigo me informou que haviam roubado uma escultura de Cristo com uma cruz de bronze do tamanho de uma pessoa adulta. Cheguei a registrar um boletim de ocorrência, mas nada foi feito”, relatou Lilian.

Ana Maria Amorim Baiocchi também relatou ao Jornal Opção que a maioria dos túmulos no cemitério está nessa situação. “Não só os da minha família, mas cerca de 90% dos jazigos do Cemitério Santana. Da minha família não resta mais nada: furtaram os jarros, a imagem de Cristo na cruz e todos os nomes das pessoas enterradas”, lamentou.

Em outro túmulo de sua família, o de seu avô Pilade Baiocchi, Ana Maria conta que havia uma estátua de Cristo que foi furtada. Posteriormente, a estátua foi encontrada trancada em uma sala do cemitério. Atualmente, a escultura não foi recolocada no túmulo por receio de um novo furto. Ela também relata que as famílias com parentes enterrados no local pararam de tentar consertar os túmulos, pois sabem que os episódios vão se repetir.

Túmulo de Pilade Baiocchi, antes e depois do furto da estátua de Cristo | Foto: Arquivo pessoal

Abaixo-assinado

Todas as três entrevistadas pelo Jornal Opção sobre a situação do Cemitério Santana fazem parte de um grupo que reivindica ações por parte do poder público. O grupo está organizando a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado a ser encaminhado ao Ministério Público de Goiás (MPGO). Elas também manifestam o desejo de dialogar com o prefeito Sandro Mabel (UB) para tratar do problema.

“Recomeçamos o movimento para que o problema não caia no esquecimento e vamos levar um abaixo-assinado ao Ministério Público. Também vamos tentar ser recebidas pelo prefeito, na esperança de sensibilizá-lo sobre essa situação e buscar alguma solução para o cemitério”, contou Lilian ao Jornal Opção.

Para Maria Dulce, medidas como a presença de guardas, instalação de câmeras de segurança e definição de um horário para o fechamento do cemitério são fundamentais. Ela questiona por que isso não é feito, mesmo com o pagamento de taxas pelos serviços funerários, e destaca que Goiânia possui um fundo destinado ao serviço póstumo na capital.

Até o momento, o grupo relata que a única ação no local foi parte da operação de limpeza nos quatro cemitérios municipais: Parque, Santana, Vale da Paz e Jardim da Saudade. Os trabalhos de zeladora no Cemitério Santana ocorreram no dia 22 de abril e duraram cinco dias.

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O Jornal Opção entrou em contato com a Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp) e a Prefeitura de Goiânia em busca de informações sobre os planos e ações emergências para o Cemitério Santana. No entanto, até o momento, não houve resposta, e o canal permanece aberto.

Mais depredação

Além dos furtos nos túmulos do cemitério, Ana Maria relatou que, no ano passado, o busto e a placa em homenagem ao seu avô, Pilade Baiocchi, foram furtados da Praça do Sol. A família informa que até o momento não localizaram o busto e a placa.

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