Delegado-geral da Polícia Civil de Goiás explica três medidas que causaram a maior redução de feminicídios do Brasil

A última edição do Atlas da Violência, publicada em 12 de maio, revelou que entre os anos de 2013 e 2023, Goiás foi o estado que mais reduziu os homicídios por 100 mil habitantes registrados contra mulheres no país: a taxa caiu em 60,7%. Dados do Observatório da Segurança Pública indicam nova melhora de 2023 à 2024. Em entrevista ao Jornal Opção, o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás (PC-GO), André Ganga, explica as medidas que geraram à melhora histórica. 

André Ganga afirma que, quando assumiu, em 2023, recebeu a determinação de reforçar o combate à violência doméstica. Naquele ano, enquanto outros indicadores da violência tinham caído, o número de homicídios contra a mulher se manteve praticamente o mesmo do ano anterior (56 feminicídios em 2023, 55 em 2022). 

Três iniciativas adotadas levaram o número de feminicídios a cair de 55 para 42 em 2024, segundo o Observatório da Segurança Pública. Indicadores de demais formas de violências contra a mulher também tiveram melhora — o estupro caiu de 763 ocorrências para 526 em 2024.

A primeira medida, tomada ainda naquele ano, foi a criação da primeira Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem) — até hoje, Goiás é o único estado a ter uma unidade especializada no atendimento às mulheres. “Essa medida foi acertada, porque possibilitou aumento do efetivo focado nestes casos e estabeleceu de um padrão para atendimento à mulher que orienta as demais delegacias no Estado”. 

A segunda medida elencada por André Ganga foi a criação do Observatório de Violência Doméstica, na Gerência de Análise Criminal, em 2025.  No Observatório, um software usa inteligência artificial para cruzar dados de Registros de Atendimento Integrado (RAIs) e gerar mapas com regiões mais afetadas pela violência doméstica. A PC-GO usa a informação para acompanhar mulheres que foram vítimas de violência e estão com medidas protetivas e para orientar o Batalhão Maria da Penha, diz o delegado-geral. 

“Conseguimos prestar atendimento diferenciado nas regiões com maior incidência de casos”, diz André Ganga. “É uma ferramenta que permite saber onde podemos levar a delegacia itinerante, por exemplo. Em regiões com incidência maior de crimes contra a mulher, fazemos campanha de conscientização e executamos nossos programas de prevenção para precaver novos casos”. 

A terceira medida, diz o delegado-geral, é o trabalho conjunto com o Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Assistência Social, e secretarias do governo com objetivo de romper o ciclo da violência. “As mulheres que são vítimas precisam ter amparo e proteção também na parte financeira. Esse apoio é fundamental para que elas consigam romper a dependência de agressores.”

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