Conselho de lideranças entrega relatórios sobre problemas em unidades de saúde de Goiânia a secretário

O Conselho de Lideranças Comunitárias da Região Noroeste de Goiânia se reuniu com o secretário de Saúde de Goiânia, Luiz Pellizer, para entregar um relatório sobre a inspeção de nove unidades de saúde da região. O documento aponta diversas irregularidades, como o fechamento das farmácias nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos bairros São Carlos e Alto do Vale, além da falta de medicamentos como sertralina, tramadol, captopril, diazepam e paracetamol.

Também foram relatadas carências de insumos básicos — como cateteres (abocaths) para aplicação de injeções em crianças, capotes descartáveis, álcool, pilhas e até papel sulfite A4, utilizado na impressão de receitas e documentos médicos.

Durante a audiência com o secretário de saúde, os membros do conselho leram o relatório ao secretário e estabeleceram um prazo de 60 dias para novas visitas à unidade para averiguar a resolução dos problemas. Pellizer garantiu que uma resposta formal às demandas e disse que buscará solução para as questões.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que já comprou e distribuiu de forma emergencial mais de 80 tipos de medicamentos e diversos materiais essenciais à assistência à saúde e que já aplicou penalidades a mais de 50 empresas que tem contrato com a pasta por falta de regularidade no fornecimento de insumos. A pasta também reforçou ter realizado a contratação de 150 profissionais da saúde para ampliar, qualificar e fortalecer a rede de atenção básica, além de 98 profissionais para atuar na urgência e emergência. Confira abaixo a nota na íntegra.

Moradores da Região Noroeste entregam relatório sobre situação de unidades de saúde em Goiânia | Foto: Arquivo Pessoal

Pellizer agradeceu aos membros do conselho presentes na reunião e disse que a ação de controle e fiscalização por parte da população é importante e auxilia a gestão na resolução dos problemas. “Quanto mais dados vocês trouxerem pra gente, quanto mais problemas vocês trouxerem, mais facilmente a gente vai poder resolver”, disse. Ele pontuou, porém, que algumas informações descritas no relatório já foram resolvidas, como o envio errado do álcool e alguns medicamentos que já não estão mais em falta.

Problemas

Professor e membro do conselho, Alonso de Oliveira disse ao Jornal Opção que as visitas foram realizadas diante das reclamações de moradores e usuários do Sistema Único de Saúde e sem o apoio de vereadores. “Criamos o conselho com lideranças comunitárias da região noroeste de Goiânia há dois anos, é um conselho autônomo, apartidário e independente”, conta. Ele lembra que a região tem cerca de 40 unidades de saúde e que as visitas devem continuar com o objetivo de identificar falhas na prestação do serviço e para fiscalizar a atuação dos profissionais.

Alonso Oliveira, à direita, é professor e membro do conselho | Foto: Raphael Bezerra/Jornal Opção

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) Noroeste, de acordo com o Conselho, está sem o gestor da unidade, o que, na visão de Alonso, dificulta a solução dos problemas da unidade. “Não tem segurança, falta canalizar o gás da cozinha da unidade, o local precisa de roçagem e retirada de entulhos. Além disso, não tem telefone há mais de oito meses e os servidores precisam utilizar seus próprios aparelhos celulares quando precisam entrar em contato com pacientes ou familiares”, conta. Ele revelou à reportagem que a unidade não regula os pacientes do CAPs e que a Unidade de Pronto Atendimento da Região (UPA) fica responsável pelos encaminhamentos.

Os moradores também reclamam que a UPA – Maria Pires Perillo – não está com a equipe de enfermagem completa na última terça-feira, 20, além da falta de alguns insumos na unidade. “O muro da parte externa está com um buraco que facilita o acesso de vândalos, os enfermeiros estão com uma escala de 12h x 60h e há falta de medicamentos para a unidade que é de pronto atendimento”, contou Florisvaldo Pereira.

Farmácias e centros odontológicos fechados

A vistoria no Posto de Saúde Família (PSF) do Jardim Curitiba II revelou o mato alto e muito entulho no entorno da unidade. “Falta materiais de limpeza, papel higiênico, papel toalha e até chamex para impressão de documentos”. Pacientes e servidores da unidade relataram à reportagem que falta segurança na unidade tanto no período noturno quanto no período diurno. Além disso, a farmácia da unidade só funciona no período da manhã e há falta de medicamentos no local.

O conselho constatou ainda que a sala de odontologia da UBS do bairro São Carlos está fechada há mais de cinco anos. “A farmácia está fechada por falta de servidores, o que vem causando grandes impactos para a população que dependem desse departamento da unidade funcionando”, disse um morador à reportagem. Os usuários reclamam ainda de objetos em estados degradantes, mofo em diversos locais, móveis sucateados e que a unidade precisa de uma roçagem e retirada de entulhos do entorno.

A situação é ainda mais grave na unidade do Setor Alto do Vale, que não tem gestor na unidade por falta de nomeação por parte da prefeitura. Segundo relatado à reportagem, faltam insumos como fita para medir glicemia, capotes descartáveis, dispositivo intrauterino (DIU), luvas, gazes, ataduras, pilhas para os aparelhos de pressão arterial, além do álcool, já que a empresa responsável pela distribuição do insumo mandou o tipo errado. “A farmácia está fechada, a sala de odontologia está fechada e a unidade precisa de manutenção na parte externa. Precisa de reparo pois foi identificado muito mofo na parte interna”, conta.

Nota SMS

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que o médico titular da pasta, Luiz Pellizzer, participou de reunião com as lideranças comunitárias da Região Noroeste, recebeu as demandas apresentadas e detalhou as principais ações da atual gestão para o enfrentamento do estado de calamidade em que a rede municipal de saúde foi recebida.

A SMS ressalta que já comprou e distribuiu de forma emergencial mais de 80 tipos de medicamentos e diversos materiais essenciais à assistência à saúde e que já aplicou penalidades a mais de 50 empresas que tem contrato com a secretaria por falta de regularidade no fornecimento de insumos.

A secretaria destaca que realizou a contratação de mais de 150 profissionais de saúde para ampliar, qualificar e fortalecer a rede de atenção básica, além de 98 profissionais para atuar na rede de urgência e emergência. A pasta tem ainda novo credenciamento em andamento para assegurar o dimensionamento adequado de pessoal às unidades de saúde. A SMS ressalta que todas a carga horária de todas as escalas de trabalho está de acordo com a legislação vigente.

A SMS informa que, por determinação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e da Controladoria Geral do Município (CGM), o contrato da pasta com a empresa Porto Engenharia, responsável pelas obras e serviços de manutenção predial nas unidades da rede de saúde de Goiânia foi suspenso. A secretaria aderiu a processo licitatório do estado para contratação de empresa de engenharia para realização de reparos estruturais nas unidades de saúde do município e assim que forem finalizados os trâmites legais, iniciará as reformas necessárias.

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