Inaceitável: ONU reage a disparos de Israel na direção de grupo de diplomatas

A ONU classificou como “inaceitáveis” os disparos israelenses na direção de um grupo de diplomatas que realizava uma inspeção em Jenin, na Cisjordânia. O Exército de Israel se desculpou e disse que os tiros foram de advertência porque a delegação não seguiu uma rota predeterminada.Os disparos causaram pânico e fizeram os diplomatas correrem em busca de proteção. A delegação era composta por representantes de 31 países, incluindo Itália, Canadá, Egito, Jordânia e Reino Unido.Os militares lamentaram o “inconveniente” e disseram que entrariam em contato com os diplomatas para informá-los sobre os resultados de uma investigação interna sobre o caso.O pedido de desculpas, porém, não evitou uma onda de críticas. O porta-voz da ONU pediu uma investigação completa e disse que o secretário-geral António Guterres está “alarmado” com os relatos.”Está claro que diplomatas que estão cumprindo seu trabalho jamais devem ser alvo de tiros ou de qualquer outro tipo de ataque”, disse o porta-voz Stéphane Dujarric. “Esses diplomatas, incluindo o pessoal da ONU, foram alvo de tiros, sejam de advertência ou o que for, o que é inaceitável”.A Europa também reagiu com indignação. “Qualquer ameaça à vida de diplomatas é inaceitável”, declarou a chefe da diplomacia da União Europeia Kaja Kallas.Separadamente, governos europeus condenaram os disparos. Pelo menos Itália, França e Portugal convocaram os embaixadores de Israel em seus países para pedir explicações. O mesmo fizeram Canadá, México e Uruguai.O governo brasileiro repudiou a ação das forças armadas israelenses, destacando que o país tem obrigação de “observar preceitos básicos do direito internacional”, incluindo a inviolabilidade de agentes diplomáticos.Os disparos ocorrem no momento em que Israel enfrenta a pressão internacional para permitir a ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde a escassez prolongada de alimentos atinge toda a população de 2 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde.Após quase três meses de bloqueio, os primeiros caminhões entraram no território esta semana, mas assistência é limitada e ainda não chegou aos palestinos.A ONU disse nesta quarta-feira, 21, que está tentando fazer com que a ajuda seja entregue em meio às preocupações com saques e restrições impostas pelo Exército israelense.O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirma que Israel deve implementar um novo sistema de ajuda, que enfrenta críticas porque forçaria o deslocamento dos palestinos em busca de ajuda.De acordo com a ONU, a maior parte dos suprimentos que entrou no território palestino desde a segunda-feira estava parados no lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom, fronteira com Israel. Os caminhões não puderam avançar porque a estrada autorizada pelo Exército israelense era perigosa demais.Mais tarde, um funcionário da ONU informou que mais de uma dúzia de caminhões que deixaram a área da passagem chegaram a armazéns no centro de Gaza na noite de quarta-feira. Ele falou sob condição de anonimato.Israel disse que 100 caminhões cruzaram para Gaza na quarta-feira.As organizações humanitárias afirmam que a pequena quantidade de ajuda permitida por Israel está muito aquém do necessário. Cerca de 600 caminhões entravam diariamente durante o cessar-fogo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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