Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior afirmou que o ex-chefe da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, colocou as tropas da força “à disposição” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
— Em uma dessas reuniões, eu tenho uma visão muito passiva do almirante Garnier. Eu lembro que o Paulo Sérgio, Freire Gomes e eu conversávamos mais, debatíamos mais, tentávamos demover o presidente. Em uma dessas (reuniões), chegou o ponto em que ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente — relatou, se referindo a uma reunião da qual teria participado. As informações são do Jornal O Globo.
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O brigadeiro é testemunha na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, e seu depoimento é considerado um dos mais importantes nessa etapa do processo.
Em outro momento da oitiva, Baptista Junior ressaltou que o chefe da Marinha colocou as tropas à disposição de Bolsonaro ao responder ao questionamento de uma das defesas dos acusados.
— Eu não fiquei sabendo à toa que a Marinha tem 14 mil fuzileiros — afirmou, em referência à declaração de Garnier.
Ao depor na Primeira Turma da Corte, o brigadeiro também afirmou que ele e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, estavam alinhados, e que Garnier tinha uma posição isolada. Em depoimento à PF em 2024, Garnier ficou em silêncio.
— Infelizmente, uma vez falei a ele que nada pode ser tão pior para as Forças Armadas que não ter uma postura de consenso, e, talvez isso tenha sido o mais difícil, o almirante Garnier não estava na mesma postura que Freire Gomes e eu — pontuou.
Ao depor como testemunha na Primeira Turma da Corte, o brigadeiro também confirmou ter presenciado o então comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, ameaçar o ex-presidente de prisão.
A ordem de prisão foi negada por Freire Gomes na segunda-feira, quando o ex-chefe do Exército depôs ao STF na ação que trata sobre a trama golpista.
— Logicamente ele não falou essa frase com agressividade. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma — disse Baptista Junior.
O brigadeiro foi indicado no processo como testemunha pela acusação, feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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