
Quatro animais foram recolhidos e passam por processo de desintoxicação. Peixes foram encontrados mortos no Córrego das Tulipas, em Jundiaí (SP), que foi atingido por cerca de dois mil litros de corante. ONG resgata patos e gansos que ficaram azuis e encontra peixes mortos em córrego
O corante que se espalhou pelo Córrego das Tulipas, em Jundiaí (SP), após um acidente com uma carreta deixou patos, gansos e capivaras azuis, matou peixes, alterou a cor do Rio Jundiaí e provocou a interrupção do abastecimento de água em uma cidade.
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O produto químico derramado é tóxico em grandes quantidades e pode ficar no ambiente por muito tempo, de acordo com o coordenador de Gestão Ambiental da Faculdade de Tecnologia (Fatec), Claudio da Cunha.
O desastre ambiental tem preocupado moradores e autoridades que agem no caso, como prefeituras, a Associação Mata Ciliar, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), entre outros.
Por isso, o g1 reuniu as principais informações sobre o caso, seus efeitos e as medidas adotadas desde o derramamento do produto. Veja abaixo:
O que aconteceu no acidente?
O corante derramado é tóxico?
Quais foram os impactos ambientais do vazamento?
Como os animais afetados estão sendo tratados?
O abastecimento de água foi afetado?
Quais medidas estão sendo tomadas para conter o corante?
A empresa responsável foi identificada?
O que diz a Cetesb sobre o impacto ambiental?
O corante pode mudar de cor?
O que aconteceu no acidente?
Uma carreta que transportava corante bateu em um poste no bairro Jardim Tulipas, em Jundiaí, na terça-feira (13), derramando aproximadamente dois mil litros do produto no córrego que fica no Parque Botânico Tulipas. No mesmo dia, patos e gansos ficaram azuis e foram flagrados por moradores.
O corante derramado é tóxico?
Sim. Segundo Claudio da Cunha, o corante tem baixa toxicidade em pequenas quantidades, mas em grandes volumes pode ser tóxico para o sistema imunológico, hormonal e reprodutor, além de ser mutagênico e cancerígeno.
Vazamento de corante azul em Jundiaí completa quatro dias com impactos ao meio ambiente
Quais foram os impactos ambientais do vazamento?
O corante deixou a água do Córrego das Tulipas azulada, matou peixes e tingiu animais silvestres, como patos, gansos e capivaras, de azul.
Segundo Claudio da Cunha, a quantidade do corante derramado na água tem uma toxicidade ampla, e pode afetar a fauna e a flora do local durante um longo período, já que se prende à matéria orgânica.
“Essa substância vai mexer na microbiologia, entrar na cadeia alimentar, nos peixes, nas aves. E, se por ventura, alguém vir a pescar estes peixes daqui algum tempo, estes resíduos tóxicos vão estar ainda na cadeia alimentar”, explica.
Como os animais afetados estão sendo tratados?
A limpeza dos patos e gansos é feita por equipes da ONG Associação Mata Ciliar, entidade que desenvolve diversas ações para a conservação da biodiversidade. Quatro patos e gansos haviam sido resgatados até sexta-feira (16).
Na ONG, os animais passam por um processo de limpeza e desintoxicação, que inclui banhos com água morna, detergente neutro e álcool para remover o corante, administração de carvão ativado para reduzir a toxicidade e monitoramento contínuo da saúde dos animais.
Além deles, capivaras azuis foram flagradas no córrego após o derramamento do produto. As equipes trabalham para resgatá-las e tratá-las o mais rápido possível.
Na sexta-feira (16), a Mata Ciliar informou ao g1 que os animais continuavam azuis e que iriam precisar tomar mais banhos, além de continuar no processo de desintoxicação.
O parque da região tem aproximadamente 25 mil metros quadrados e abriga diversas espécies. Imagens captadas por um drone mostram o córrego tomado pelo corante azul (veja abaixo).
Imagens de drone mostram córrego azul após carreta bater em poste e derramar corante em Jundiaí (SP)
Régis Rosa/TV TEM
O abastecimento de água foi afetado?
Sim, mas parcialmente. A cidade de Indaiatuba (SP) suspendeu a captação de água do Rio Jundiaí como medida preventiva. Já Itupeva (SP) não foi afetada, pois utiliza outras fontes de captação.
Quais medidas estão sendo tomadas para conter o corante?
Além do córrego e rio, o corante também se espalhou pelo asfalto onde a carreta se chocou contra um poste. Por isso, caminhões-pipa são utilizados para diluir o corante do local. Além disso, a Cetesb faz um monitoramento contínuo para analisar a qualidade da água e o impacto ambiental causado pelo produto.
“A gente está fazendo esse caminho que o produto fez. Até por conta de também lavar por onde o produto passou. E você pode ver… esses fragmentos nas bordas, eles deverão ser feitos ou coletados para também tirar este produto”, informou o coordenador da Defesa Civil de Jundiaí, João Osório Gimenez.
Fragmentos da água foram coletados nas margens do córrego. Além disso, o Ministério Público instaurou um inquérito para apurar as responsabilidades da contaminação.
A empresa responsável foi identificada?
Sim. A empresa Farkon Indústria e Comércio Químico, fabricante e transportadora do corante, foi identificada, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o acidente.
O que diz a Cetesb sobre o impacto ambiental?
A Cetesb informou que o impacto é significativo, mas está sendo amenizado pelas ações de contenção. A substância, embora de baixa toxicidade, afeta principalmente os peixes, considerados mais sensíveis.
“Ações emergenciais foram adotadas para limpeza e contenção do produto, que chegou à via púbica. O impacto do corante no córrego alterou as características da água, como a sua cor, e foi observada a mortandade de peixes”, informou.
Segundo Domênico Tremaroli, gerente geral da Cetesb, o impacto ambiental é grande, mas deve ser amenizado pelos trabalhos de contenção da substância realizados pela autarquia.
“Como o córrego deságua no Rio Jundiaí, a substância já chegou lá. Foram cerca de dois mil litros de corante despejados na água. Com relação aos animais, não é esperado nenhum efeito maior do que apenas a tintura nas penas. Já na água, nós estamos trabalhando para diminuir o impacto.”
O corante pode mudar de cor?
Sim. Embora seja azul, o corante pode adquirir tonalidade esverdeada ao reagir com pedras e plantas no fundo do rio, como observado no trecho do Rio Jundiaí.
Peixes mortos e com coloração azul foram encontrados no córrego em Jundiaí (SP) após o derramamento de corante
Régis Rosa/TV TEM
Imagens de drone mostram córrego azul após carreta bater em poste e derramar corante
Patos e gansos ficaram azuis após carreta derramar corante em córrego de Jundiaí (SP)
Arquivo pessoal
Veja local onde derramamento de corante deixou córrego e animais azuis em Jundiaí (SP)
Arte/g1
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