Bebês reborn são bonecas hiper-realistas que podem chegar a custar R$ 9,5 mil, a depender do material e modo de confecção. Foto: Felipe Rau/Estadão
O prefeito Eduardo Paes tem até o dia 3 de junho para se manifestar a favor ou contra a criação da lei, ou ainda sugerir ajustes no texto. O Estadão perguntou à prefeitura do Rio se há intenção do prefeito em sancionar o PL, mas não recebeu retorno.Este não é o único projeto de lei em tramitação no País abordando a febre dos bebês reborn, mas os outros – um nacional e outro paulistano – visam proibir o uso das bonecas em serviços públicos de saúde ou para tentar tirar proveito de benefícios legais para crianças de colo. Postagens nas redes sociais sobre pessoas adultas utilizando bebês reborn como se fossem crianças reais, comparecendo a consultas médicas e carregando-as consigo pelas cidades, têm se popularizado. No entanto, a reportagem não encontrou, até o momento, comprovações de que os casos sejam reais e não apenas encenação para as redes.Leia também1Bebê reborn: saiba onde comprar o boneco realista que conquistou as redesPolêmica nas redes sociaisO uso de bebês reborn por adultos tem esquentado as discussões nas redes sociais. Há relatos nas redes de pessoas que tentaram marcar consultas médicas para bebês reborn ou até contratar advogado para processo de guarda compartilhada, mas a reportagem não conseguiu confirmar se os casos são reais.Segundo o psicólogo Marcelo Santos, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a popularização do brinquedo por adultos pode ter benefícios à saúde mental. Isso porque permite criar comunidades, favorece o senso de pertencimento e a interação social, além de estímulo criativo e relaxamento.“Não dá para ‘patologizar’ (definir a prática como doença) automaticamente. É importante analisar quais os contextos e as motivações por trás desses comportamentos”, pondera.O limite entre hobby e problema de saúde mental está na frequência, na intensidade, na distorção da realidade e no impacto na vida do indivíduo, segundo a psicóloga Rita Calegari, do Hospital Nove de Julho. É preciso saber separar o que é brincadeira da vida real.Daniela Baccan, sócia da Alana Babys, loja e fabricante de bonecas de Campinas (SP), diz que, apesar do aumento de vendas para adultos nos últimos meses, a maioria das compras ainda é feita para crianças. “Não vou dizer para você que não tem (mulheres que tratam como criança). Tem, mas não é a maioria. É uma minoria, que geralmente faz isso para chamar a atenção, vender boneca também“, afirma a empresária.