Por Osvaldo Matos Jr.*
Vivemos tempos sombrios. Como cientista político e sociólogo, conhecedor de muitos países e profundo estudioso do que se passa no mundo, não posso deixar de expressar minha profunda preocupação com o Brasil, meu estado, Pernambuco, e minha cidade, Recife. Como pai de três filhos, casado, católico conservador e apaixonado por minha terra, vejo com pesar o país que estamos deixando para as futuras gerações.
O que esperar de um país onde o crime organizado age com uma impunidade assustadora? Onde traficantes e milicianos não apenas disputam territórios, mas também viciam, prostituem, corrompem e desafiam o próprio Estado, lavando dinheiro de maneira escancarada, sequestrando, torturando e até dissolvendo corpos em ácido? Onde a violência se tornou rotina, deixando os cidadãos trancados em suas casas, com medo de sair?
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E o que dizer da nossa Justiça? Uma Justiça branda, cercada de leis frouxas e repletas de brechas que garantem a impunidade para criminosos de todas as espécies. Uma Justiça que se mostra ineficaz tanto contra o criminoso violento quanto contra o criminoso de colarinho branco, aquele que rouba o dinheiro de aposentados e deficientes, deixando os mais vulneráveis à mercê da miséria.
Vivemos em um país onde pessoas morrem por falta de insumos médicos básicos, como fios de sutura, luvas e medicamentos essenciais. Onde professores, que deveriam ser respeitados como formadores do futuro, são mal pagos e obrigados a fazer bicos para sobreviver. Onde policiais, que arriscam suas vidas diariamente, enfrentam péssimas condições de trabalho e recebem salários miseráveis.
A juventude, que deveria ser a esperança de um futuro melhor, é jogada no caos. Menores de 18 anos cometem crimes bárbaros, como assassinato e estupro, e são protegidos por uma legislação arcaica que os trata como crianças indefesas. Ao completarem 18 anos, suas fichas criminais são limpas, permitindo que sigam suas vidas sem qualquer consequência.
Nossas crianças, as mais indefesas, são vítimas de crimes sexuais, muitas vezes praticados por seus próprios familiares. Elas crescem em um país onde mais de 70% da população não tem acesso a saneamento básico, vivendo em meio ao esgoto a céu aberto. Onde idosos e crianças ainda morrem de doenças causadas pela subnutrição e pela picada de muriçocas.
E o que falar de nossos políticos? Condenados por corrupção, eles continuam sendo eleitos, mantendo seus privilégios e, muitas vezes, reincidindo nos mesmos crimes. Enquanto isso, o cidadão comum paga impostos em tudo o que consome e possui, mas não recebe sequer o básico em serviços públicos de qualidade.
O sistema educacional, que deveria ser o alicerce de um futuro próspero, é uma piada. Mais de 70% da população tem um quociente de inteligência (QI) de 80, comparável ao de um primata, e cerca de 30% não sabe ler, fazer uma operação matemática simples ou interpretar um texto. Como esperar que um país avance com uma população incapaz de compreender o mundo ao seu redor?
No campo da política, vemos deputados e senadores covardes, que abandonam seu papel de manter o equilíbrio entre os três poderes. Um país onde o dinheiro público é desviado para patrocinar festas, atividades superfaturadas, ações de minorias radicais e até mesmo o terrorismo e a ladroeira.
Os índices de corrupção e assassinatos colocam o Brasil no topo do ranking mundial. Mas o que realmente assusta é a apatia da sociedade, que parece ter aceitado esse cenário como algo normal, como se não houvesse saída.
E o que dizer do crescente consumo de drogas ilícitas, que destrói famílias e alimenta o poder do crime organizado? O Brasil, que deveria ser uma terra de oportunidades, se transforma em um campo fértil para o tráfico de entorpecentes. O álcool, consumido em excesso e muitas vezes incentivado como parte da cultura, arruína vidas e ceifa milhares de vidas todos os anos, seja por doenças ou por acidentes de trânsito.
Os jogos de azar, que deveriam ser uma forma de entretenimento saudável, tornaram-se um vício devastador para muitos. Milhares de famílias são destruídas financeiramente, e o vício em apostas online cresce de forma alarmante, muitas vezes promovido por celebridades e influenciadores que ignoram as consequências desse comportamento.
Então, onde vamos parar? O que fazer?
A resposta não é simples, mas começa com uma mudança de mentalidade. Precisamos valorizar a educação de qualidade, que forme cidadãos críticos e conscientes. Precisamos de uma Justiça firme, que puna os criminosos, independentemente de sua idade ou posição social. Precisamos de líderes políticos comprometidos com o bem comum, não com seus próprios interesses.
Acima de tudo, precisamos de uma sociedade que não se acomode, que não aceite a corrupção e a violência como parte de sua cultura. Que se levante e exija seus direitos, que cobre mudanças reais e profundas.
Como pai, como cidadão, como estudioso do mundo e como alguém que ama este país, não posso simplesmente assistir à destruição da nação que deixaremos para nossos filhos e netos. É hora de agir. É hora de lutar pelo Brasil que sonhamos — não apenas para nós, mas para as gerações que virão.
*Cientista Político e Sociólogo
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