Nova regra de Milei para migrantes e turistas afeta milhares de brasileiros

O governo de Javier Milei endureceu nesta quarta-feira, 14, por decreto as regras migratórias, o que pode afetar milhares de brasileiros que vivem na Argentina. Entre as medidas, prometidas em dezembro, estão a obrigação de os estrangeiros pagarem por serviços de saúde e mensalidades de universidades, além de regras mais rígidas de entrada e deportações mais rápidas.O anúncio foi feito pelo porta-voz de Milei, Manuel Adorni, e depois publicado no perfil oficial da presidência nas redes sociais. A imprensa questionou se Adorni usou ou não a medida para alavancar sua campanha – ele é candidato do partido governista (A Liberdade Avança) nas eleições legislativas da cidade de Buenos Aires, no domingo, 18.Para justificar o decreto, Adorni argumentou que 1,7 milhão de imigrantes entraram irregularmente na Argentina nos últimos 20 anos. “É o equivalente à população de La Matanza (cidade da Grande Buenos Aires) ou da Província de Tucumán”, disse.”Quero refletir sobre o espírito da lei. Em seu auge, muitos de nossos avós e bisavós chegaram de barco para consolidar o futuro de nossa nação. Graças às mudanças do presidente, a Argentina voltará a ser a terra prometida. Como fizemos em nossos primórdios, queremos acolher aqueles que vêm para construir um país livre e próspero”, disse o porta-voz de Milei, repetindo o slogan de Donald Trump. “É hora de honrar a história e tornar a Argentina grande de novo.”BrasileirosAtualmente, mais de 90 mil brasileiros vivem na Argentina, segundo o Itamaraty. Muitos vão ao país para estudar medicina em universidades públicas, a mais notória é a Universidade de Buenos Aires (UBA).O número de brasileiros estudando em universidades argentinas é de cerca de 21 mil, sendo 13,9 mil em universidades públicas, segundo dados de 2022 do governo argentino, os últimos disponíveis.Milei já havia afirmado que os imigrantes representam um “fardo” para o sistema público de ensino da Argentina. O número total de estrangeiros na educação superior, no entanto, representa apenas 4,1% do total de alunos da graduação e 9,9% da pós-graduação, de acordo com o site argentino de checagem Chequeado.Nas universidades de medicina, porém, a proporção é maior. A UBA, uma das mais prestigiosas do mundo, segundo rankings universitários internacionais, tem mais de 20% de estrangeiros em seus cursos de medicina, sendo grande parte deles brasileiros. Outros imigrantes que buscam a educação superior na Argentina vêm de Peru, Bolívia, Paraguai, Chile, Colômbia e Uruguai.SeguroA cobrança pelos serviços públicos de saúde também afetará os brasileiros, bem como a exigência de um seguro de saúde para turistas que visitem o país. “Esta medida pretende garantir a sustentabilidade do sistema de saúde pública, para que ele deixe de ser um centro de lucro financiado pelos nossos cidadãos”, disse Adorni. Segundo ele, em 2024, “o atendimento médico a estrangeiros em hospitais custou 114 bilhões de pesos” (cerca de US$ 100 milhões).Diferentemente de suas entrevistas coletivas semanais, Adorni não permitiu que os jornalistas fizessem perguntas ontem. Além disso, foi o terceiro encontro seguido dele com jornalistas esta semana, o que levantou suspeitas de que ele estaria usando o cargo para promover sua candidatura. Além de Adorni, concorrem o ex-candidato a presidente nas primárias Horacio Rodríguez Larreta e o ex-aliado de Milei Ramiro Marra. Além de eleições legislativas locais, a Argentina terá em outubro eleições de meio de mandato, que renovarão parte das bancadas do Congresso e do Senado. A votação de domingo será um teste para Milei, que vem colhendo bons frutos da popularidade alta, após as medidas econômicas que fizeram a inflação recuar. Nesse sentido, as eleições portenhas podem servir de termômetro do cenário nacional. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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