
Comissão deve questionar Virginia sobre contratos para fazer propaganda de duas bets em redes sociais. Influenciadora depõe como testemunha; STF permitiu silêncio para que ela não se incrimine. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets ouve na manhã desta terça-feira (13) a influenciadora Virginia Fonseca.
Ela chegou ao Senado pouco antes das 10h45. A sessão está marcada para as 11h.
Convocada a depor como testemunha, Virginia será questionada pelos senadores da CPI a respeito dos contratos e dos trabalhos de influenciadores para promover casas de apostas e jogos de azar online.
A influenciadora, que reúne mais de 50 milhões de seguidores, terá o direito a ficar em silêncio em perguntas que possam incriminá-la.
Virginia Fonseca
Reprodução/Redes Sociais
Decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabelece que Virginia deverá, no entanto, responder às perguntas relacionadas a outros investigados e que ela não poderá faltar com a verdade.
Virginia Fonseca foi convocada a depor em dezembro do ano passado, a pedido da relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Soraya afirma que, ao longo dos últimos anos, a influenciadora esteve “envolvida em campanhas de marketing para casas de apostas” e que a oitiva é necessária para entender o “papel de influenciadores de grande alcance na promoção de jogos de azar e apostas online”.
Ao lado de outras celebridades digitais, Virginia e o marido, Zé Felipe, fizeram propagandas para duas casas de apostas: a Esportes da Sorte e a Blaze.
Ambas têm autorização do Ministério da Fazenda para operar no Brasil.
“[A convocação é] justificada por sua expressiva popularidade e relevância no mercado digital, onde exerce forte influência sobre milhões de seguidores em diversas plataformas. Como uma das maiores personalidades da internet no Brasil, Virginia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online”, diz Soraya Thronicke.
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CPI mira influenciadores
Virginia não deve ser a única influenciadora a ser ouvida pela CPI das Bets. Nesta quarta (14), a comissão de inquérito deve ouvir o influencer Rico Melquiades, que reúne mais de 10 milhões de seguidores e se identifica como embaixador da casa de apostas ZeroUm.
Em janeiro deste ano, Rico foi alvo de uma operação da Polícia Civil de Alagoas que investiga a oferta irregular de jogos de azar na internet. À época, ele negou qualquer ilícito e afirmou que teve um carro apreendido.
A agenda da CPI nesta quarta prevê, ainda, o depoimento da ex-BBB Adélia Soares. Ela é advogada da influenciadora Deolane Bezerra e dona de uma empresa apontada pela Polícia Civil do Distrito Federal como fachada para uma organização estrangeira que opera ilegalmente jogos de azar no Brasil.
A CPI das Bets considera como essenciais os depoimentos das celebridades digitais. A relatora acredita que as oitivas vão ajudar a desenhar as estratégias de comunicação e atração de novos apostadores.
Também há o desejo de esclarecer possíveis conflitos éticos no uso de influenciadores digitais e discutir uma possível regulamentação.
A comissão de inquérito das Bets tem até junho deste ano para concluir os trabalhos. Instalada em novembro passado, a CPI investiga:
a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras;
a possível associação das bets com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro;
e o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades.