José Barbosa, ao lado da neta Amora, explicou que conhece o hino porque trabalhou por muitos anos no Diário Oficial do Estado
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Kadidja Fernandes/ A Tribuna
Uma exceção foi o aposentado José Alpheu Ribeiro Barbosa, de 77 anos. Ao lado da neta, Amora Ramalho Barbosa Salazar dos Santos, de 10 anos, ele explicou que conhece o hino porque trabalhou por muitos anos no Diário Oficial do Estado e participava de solenidades que tinham o hino tocado.“Infelizmente, o que vemos hoje é nem mesmo o Hino Nacional as pessoas sabem cantar. Quando cantam é somente quando tem partida de futebol da Seleção Brasileira”.Para descobrir quem conhece o hino do Espírito Santo e ainda tem a letra na ponta da língua, a reportagem de A Tribuna foi às ruas com a versão instrumental do hino e propôs que pessoas cantassem.Para o historiador e autor de livro Luciano Retore Moreno, o civilismo foi muito esquecido nos últimos anos, principalmente nas escolas onde havia o costume de ter o hino cantado.“Mesmo assim, quando a escola ainda tem o costume de ter o hino, até a postura dos alunos mudou, se portando com mais desleixo”.
“
O hino está muito ligado à nossa história de dificuldades e de perspectivas positivas no futuro”
Luciano Retore Moreno,
Historiador
Ele ainda explicou que o hino de cada estado é uma forma de cada unidade da federação buscar preservar sua identidade, já que o País é muito grande, com muita diversidade nos territórios.“O hino é uma forma de enaltecimento da terra. No início do Hino do Espírito Santo, por exemplo, ele sobre os “braços fracos”, porque historicamente o Espírito Santo sempre foi uma capitania e, depois, uma província desdenhada por quem tinha poder”.Mesmo assim, o hino fala que isso não impede o povo de mostrar a força para poder superar tudo. “Mostra que, de alguma forma, prevalecemos diante da pressão. Isso é fundamental para o povo, especialmente para a gente, que tem uma dificuldade muito grande com a nossa própria cultura”.História e cultura em destaqueCriaçãoO hino do Espírito Santo foi criado em 1894.A letra é de José Joaquim Pessanha Póvoa que, além de poeta, era advogado, jornalista, professor, político, além de ter exercido função de delegado e chefe de polícia. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, ele morreu em Vitória, em 1904, aos 68 anos.Já a música orquestral do hino é de autoria de Arthur Napoleão, também autor do hino do Acre.Napoleão nasceu também no Rio de Janeiro e foi um pianista, compositor, editor de partituras musicais, professor e comerciante luso-brasileiro. Mudou-se em 1866 para o Brasil, onde viveu o resto da sua vida.Cenário na épocaSegundo especialistas, o hino foi criado em uma época de grande esperança e progresso no Espírito Santo, já que o Brasil se destacava no comércio de café.Também era momento em que o Espírito Santo se encontrava no início da República, quando se vislumbrava um futuro promissor após um período de atraso.LetraO Hino do Espírito Santo exalta a história, a cultura e as aspirações do povo do Estado.A letra do hino começa com uma metáfora da “estrela prometida”, que pode ser interpretada como um símbolo de esperança e de um futuro próspero.A letra também aborda a determinação do povo espírito-santense. Cita que, apesar de seus “braços são fracos”, a força da fé e da crença, e a nobreza dos corações valentes que compensam.O Hino também cita o passado glorioso do Estado e seus heróis, ao mesmo tempo em que olha para o futuro com esperança.Fonte: Pesquisa A Tribuna e especialistas.Hino do ESSurge ao longe a estrela prometidaQue a luz, sobre nós, quer espalharQuando ela ocultar-se no horizonteHá de o sol nossos feitos lumiar?Nossos braços são fracos, que importa?Temos fé, temos crença a fartarSupre a falta de idade e de forçaPeitos nobres, valentes, sem parSalve o povo espírito-santenseHerdeiro de um passado gloriosoSomos nós a falange do presenteEm busca de um futuro esperançosoSaudemos nossos pais e mestresA Pátria que estremece de alegriaNa hora em que seus filhos reunidosDão exemplo de amor e de harmoniaVenham louros, coroas, venham floresOrnar os troféus da mocidadeSe as glórias do presente forem poucasAcenai para nós, posteridade!Salve o povo espírito-santenseHerdeiro de um passado gloriosoSomos nós a falange do presenteEm busca de um futuro esperançoso