Equipe da UFF representa Brasil em competição de engenharia no Canadá

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Uma equipe do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi selecionada para representar o Brasil em uma competição internacional de engenharia e exploração espacial. A The Myths Brazil foi o único time formado por alunos brasileiros classificado para participar do Canadian International Rover Challenge (CIRC) 2025, um dos principais eventos de projeção e construção de rovers aberto a estudantes do ensino superior.

“O rover é um robô, um veículo, na verdade. No caso dessa competição, ele tem o desafio de andar em terrenos diferentes, vamos dizer assim, dos que temos aqui na Terra”, explica a professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UFF e orientadora da equipe, Fabiana Rodrigues Leta.

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Com o objetivo de simular missões de exploração extraterrestre, a disputa está marcada para o período de dias 8 a 11 de agosto na cidade de Drumheller, na província de Alberta, no oeste do país. Ao longo dos dias de competição, as equipes selecionadas devem utilizar os rovers projetados para completar diversas tarefas, como atravessar terrenos variados, operar de forma autônoma e operar um braço hábil.

A estrutura do rover varia de acordo com cada competição. No caso da disputa no Canadá, todo movimento do veículo deve ser feito remotamente. “Em alguns casos, você pode usar um drone para mapear o terreno e orientar o movimento desse carro, então são veículos autônomos que vão andar em um terreno específico, simulando o terreno de outro planeta, como, por exemplo, Marte”, continua a professora.

Iniciativa de estudantes

Com um longo histórico de participações em competições de engenharia nacionais e internacionais, a The Myths Brazil se formou em 2017, por iniciativa de um grupo de alunos do Programa de Educação Tutorial em Engenharia Mecânica (PET-MEC). A iniciativa, coordenada por Fabiana Rodrigues Leta, é financiada pelo Ministério da Educação (MEC).

“Esses alunos viram um rover em um evento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Niterói, e ficaram encantados com a perspectiva de desenvolver um, conversaram comigo, como tutora, e trouxeram a ideia”, relembra a professora.

Na época, os alunos ficaram motivados com o projeto e por ser algo específico da área de mecânica, destacou Fabiana, além da possibilidade de participar de competições internacionais. Em 2018, ano seguinte ao da formação da equipe, os alunos foram selecionados para participar do Nasa Human Exploration Rover Challenge, realizado pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa, na sigla em inglês). No evento, receberam o AIAA Neil Armstrong Best Design Award pela construção de um rover com três rodas, em vez de quatro, como geralmente são projetados.

 


Brasília (DF), 09/05/2025 - Uma equipe do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense (UFF) foi selecionada para representar o Brasil em uma competição internacional de engenharia e exploração espacial. A The Myths Brazil foi o único time formado por alunos brasileiros classificado para participar do Canadian International Rover Challenge (CIRC) 2025, um dos principais eventos de projeção e construção de rovers aberto a estudantes do ensino superior.
Foto: Universidade Federal Fluminense/Divulgação

Equipe The Myths Brazil, da UFF, foi selecionada para representar o Brasil em uma competição de engenharia e exploração espacial no Canadá – Foto: Universidade Federal Fluminense/Divulgação

“Foram desafios enormes, um deles era o financeiro, de conseguir recursos, não necessariamente para o desenvolvimento do rover, mas para poder viabilizar a viagem dos alunos para a competição”, conta a professora sobre o início da The Myths Brazil. Além da UFF, o Centro de Tecnologia em Educação (Ceted) participou da competição de 2018,  representando o Brasil na categoria de ensino médio. Naquele ano, a equipe foi premiada com o Jesco von Puttkamer International Team Award.

Em 2020, com a decretação da pandemia e o início do isolamento social, a The Myths Brazil foi desmobilizada. O retorno aconteceu apenas três anos depois, em 2023, com novos estudantes e de diferentes cursos da universidade, além de engenharia mecânica.

“A equipe é muito renovada, porque os alunos vão passando, se formando e vão seguindo. Hoje, ela foi refeita, então temos uma equipe multidisciplinar”, ressalta Fabiana.

Disputa no Canadá

Atualmente, sete alunos fazem parte da The Myths Brazil. Para a estudante de engenharia mecânica e capitã da equipe, Maria Eduarda Carvalho de Oliveira (a terceira na foto, da esquerda para a direita), a participação na competição é a realização de um sonho.

“É estranho, sinceramente, sermos a única equipe brasileira, até porque não tínhamos nada e hoje ser a única equipe brasileira, representando a nossa história, o nosso sonho, lá fora é muito gratificante. Essa classificação representa nosso trabalho durante todos esses anos, criando protótipos, circuitos e fazendo testes”, celebra a estudante. “É gratificante tanto para mim quanto para a equipe inteira conseguir representar o nosso país e a nossa universidade lá fora.”

De acordo com Maria Eduarda, antes de chegar ao desafio robótico no Canadá, há um grande obstáculo: o custo das passagens para os integrantes e o transporte do rover para outro país.

Segundo a universitária, no momento, a equipe não conta com nenhum financiamento para a viagem, diferentemente do European Rover Challenge (ERC), que será realizado na Polônia, de 29 a 31 de agosto, e para o qual os alunos contam com apoio financeiro de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Como alternativa para conseguir lidar com os gastos, os alunos organizam uma vaquinha on-line.

“Tivemos que tirar (dinheiro) do nosso próprio bolso para conseguir pagar a inscrição. A Escola de Engenharia da UFF nos ajudou nessa parte e conseguiram reembolsar esse dinheiro, só que infelizmente não conseguem nos ajudar com as passagens aéreas, é aí que entra a vaquinha. Ela vai servir basicamente para conseguir pagar as passagens dos membros”, compartilha Maria Eduarda.

*Estagiária sob supervisão de Gilberto Costa

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