Flagrante na Câmara Municipal: abuso de poder exposto por câmeras

Um episódio recente em Goiânia escancarou um problema grave. A naturalização do porte de armas por indivíduos em cargos de poder representa um risco constante. O incidente envolveu servidores ligados a um vereador eleito e o procurador-geral da Câmara de Goiânia.

A discussão ocorreu na sede do Legislativo municipal. O procurador, autorizado a portar arma de fogo, saiu do carro armado após uma discussão no estacionamento. A tensão se converteu em ameaça real. E uma desavença cotidiana quase se transformou em tragédia.

Este caso simboliza uma tendência perigosa. A presença crescente de armas em ambientes institucionais é alarmante. Esses locais deveriam ser espaços de diálogo e construção. Em Goiânia, por exemplo, seis vereadores possuem porte de arma. Alguns vieram da segurança pública. Outros são defensores da liberação do armamento. Muitos utilizam essa prerrogativa como símbolo de poder. A arma se torna uma extensão de sua autoridade. Ou, ainda, uma forma de expressar uma ideologia de força.

O problema surge quando esse símbolo se torna literal. Quando a arma entra no debate, a palavra perde sua força. A razão cede espaço à intimidação.

Brecha na legislação?

A legislação brasileira permite o porte em casos específicos. É necessária uma justificativa concreta de necessidade. Mas qual a justificativa para uma arma em espaço parlamentar? Que perigo real ronda um poder público 100% vigiado? Há câmeras e seguranças nesses locais.

A presença da arma não reforça a segurança. Ela representa, antes, um risco à civilidade. O episódio recente ilustra essa fragilidade com clareza. Portanto, a segurança de um órgão oficial não reside no armamento de seus membros. Ela se constrói sobre o respeito e a lei.

O argumento de que “pessoas de bem” devem estar armadas se mostra falho. Vemos essas mesmas pessoas transformarem desacordo em ameaça. Quem porta uma arma tem o poder de escalar qualquer conflito. Quando esse poder está nas mãos de figuras públicas, o exemplo é desastroso.

A sociedade recebe a mensagem de que a autoridade se impõe pela força. Além disso, a presença de armas em locais seguros e públicos mina a confiança nas instituições. Órgãos oficiais deveriam ser exemplos de civilidade e respeito à lei. A ostentação de armas nesses espaços contradiz essa premissa.

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