Quando ouço Nana, me desligo da terra

Por Maurilio Rodrigues*

Com lágrimas nos olhos, escrevo essa crônica para Nana Caymmi. Para mim, a mais viceral cantora do Brasil, de todos os tempos. Sou fã número um dela. Quando ela canta, eu me desligo dessa terra. Vou com ela para todas as direções, que sua voz, sua interpretação e seu seletivo repertório musical me levam.

Seu temperamento explosivo ela colocava mais ainda em suas interpretações. Sua formação musical/familiar foi um privilégio, que ela sempre exaltou, demonstrou e o pôs em prática. Suas interpretações vão ficar impregnadas nas paredes de minha casa, dos meus ambientes de trabalho, nos bancos do meu carro e, com certeza, também nos meus escritos.

Ela fará tremer a terra, que sobre o seu caixão for jogada, com sua voz, suas tiradas irreverentes e com o seu inconformismo em deixar os palcos e essa vida, que ela tanto amou.

Eu não vou me despedir de você, Nana, pois você continuará comigo, com as “batidas na porta da frente. É o tempo”, e eu responderei, “solamente una vez“ surgiu uma cantora/intérprete como você. Força. Será bom encontrar seu Dorival e Dona Stella, para refazerem os antigos saraus musicais em família. Saudades.

*Médico e escritor

Adicionar aos favoritos o Link permanente.