Por Blog da Vera Magalhães
Para o Jornal O Globo
O presidente Lula aguarda ainda nesta sexta-feira que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, entregue o cargo e o PDT indique alguém para sucedê-lo, depois que o escândalo dos descontos sem autorização de contribuições de aposentados e pensionistas para associações e sindicatos o inviabilizou política e administrativamente.
A informação de que a queda de Lupi é iminente foi dada pela Folha de S.Paulo e confirmada ao blog por três integrantes do primeiro escalão de Lula, em caráter reservado, nesta sexta-feira. Ninguém assegura se o desfecho do caso, que vem desgastando o governo desde a semana passada, se dará ainda nesta sexta, mas dizem que é algo próximo.
A avaliação que foi feita para o presidente é que, ainda que não se comprove o envolvimento de Lupi ou de seus aliados mais próximos com qualquer esquema fraudulento, a total incompetência demonstrada por ele para lidar com o caso desde que as primeiras denúncias vieram à tona, ainda em 2023, já torna sua permanência no posto inviável.
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Existe um temor nos gabinetes próximos ao do presidente que haja novas revelações e que o esquema se mostre ainda mais disseminado, o que só agravaria o desgaste de imagem que recai principalmente sobre o próprio Lula, ainda que as fraudes tenham começado em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, e a maioria das entidades investigadas pela Polícia Federal tenham se credenciado em 2022.
O fato de os desvios de recursos dos beneficiários não ter sido sustado e de os volumes de desconto, pelo contrário, terem explodido já na gestão Lula levou a que o presidente fosse alertado de que, no mínimo, Lupi designou para postos chave no INSS pessoas que deram continuidade ao esquema.
O desejo de Lula é manter o PDT no comando da pasta, se possível compatibilizando a ligação política do futuro indicado com um perfil mais técnico. Como não se tem certeza de se a escolha recairá sobre alguém com essas características, o entorno do presidente tem se esforçado em enfatizar o currículo do novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, que é procurador da Advocacia Geral da União, com experiência anterior no combate a fraudes e outras irregularidades.
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