Uma pesquisa realizada pela AtlasIntel e divulgada nesta quinta-feira, 1º, aponta que 85,3% dos brasileiros acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria demitir o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, após denúncias de fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS.
De acordo com a Polícia Federal, associações e sindicatos cobravam mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização, em um esquema que teria causado prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões. Apenas 8,7% dos entrevistados defenderam a permanência de Lupi no cargo, enquanto 6% não tiveram ou preferiram não responder.
O levantamento reuniu mil pessoas entre os dias 29 de abril e 1º de maio, já após a deflagração da operação da PF. A margem de erro é de três pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.
O impacto da crise no INSS sobre a imagem do governo Lula será tema de análise no programa GPS CNN, neste sábado, 3, fruto da parceria entre a emissora e a AtlasIntel.
Por que ainda não foi demitido?
Apesar da pressão crescente da oposição no Congresso e nas redes sociais, o governo federal adotou uma estratégia de defesa cautelosa em relação ao ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, diante do escândalo dos descontos indevidos em benefícios do INSS. A investigação da Polícia Federal revelou que sindicatos e associações descontaram mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização, em fraudes que somaram cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A crise dominou os atos do Dia do Trabalhador em São Paulo, na última quarta-feira, 1º, que não contaram com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu lugar, os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) saíram em defesa pública de Lupi. Marinho, no entanto, sinalizou que a permanência do ministro dependerá da sua capacidade de reorganizar o INSS e da chamada “avaliação política”.
O governo avalia que, até o momento, não há tentativas de envolvimento direto de Lupi nas fraudes, embora ele tenha admitido que já tinha conhecimento das irregularidades e dificuldades no combate. A permanência do ministro também é vista como uma forma de preservação do apoio do PDT, partido comandado por Lupi até assumir o ministério, e que conta com 17 deputados na Câmara, com alta taxa de fidelidade ao governo. No Planalto, há o recebimento de que a saída de Lupi compromete ainda mais a articulação política do Executivo no Congresso.
Nos bastidores, a situação do ministro é considerada delicada. Embora Lula ainda não tenha cogitado publicamente sua demissão, já interveio diretamente no comando do INSS para exonerar o então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto — apadrinhado por Lupi —, e nomear Gilberto Waller Júnior, procurador federal e ex-corregedor do INSS, sem consultar o ministro.
A escolha foi tomada após avaliação conjunta de ministros do núcleo político e jurídico do governo, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Jorge Messias (AGU), Vinicius de Carvalho (CGU) e Sidônio Palmeira (Comunicação).
Enquanto isso, a oposição intensifica a pressão por uma CPI para investigar o caso. Nos eventos do 1º de maio, Márcio Macêdo reforçou a linha do discurso do governo de que as fraudes se iniciaram no governo de Jair Bolsonaro e que, até o momento, “não há nada que desabone” a conduta de Lupi. Para ele, o episódio revela a diferença entre regimes democráticos e autoritários: “Escândalos acontecem. A diferença é como se enfrentar”, afirmou.
Mesmo sob desgaste, o governo após a manutenção de Lupi — ao menos por agora — pode evitar uma crise maior com a base aliada. Contudo, auxiliares próximos ao presidente admitiram que a situação é frágil e que, dependendo do avanço das investigações, uma decisão política poderá ser revista.
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