Dia do Trabalhador: Hora de repensar a escala 6×1

O dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, é uma data emblemática. Não apenas para relembrar conquistas históricas da classe trabalhadora, mas também para refletir sobre os desafios ainda presentes nas relações laborais.

Em pleno século XXI, uma dessas questões urgentes é a manutenção da desgastante escala 6×1 – seis dias de trabalho para apenas um de descanso. Em nome da saúde física e mental do trabalhador, essa prática precisa ser revista.

A escala 6×1 tem origem em um modelo industrial ultrapassado, que prioriza a produtividade a qualquer custo e ignora os limites humanos. Trabalhar seis dias seguidos, muitas vezes em jornadas extenuantes, compromete a qualidade de vida, mina o bem-estar emocional e prejudica a convivência familiar e social.

Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que jornadas excessivas estão associadas a 745 mil mortes por ano por doenças cardíacas e derrames cerebrais.

Além disso, uma pesquisa da Fiocruz (2022) mostrou que trabalhadores submetidos a longas jornadas e pouca folga apresentaram índices mais elevados de transtornos como depressão, ansiedade e insônia. O estudo conclui que “o modelo tradicional de trabalho contínuo precisa ser urgentemente revisto à luz dos impactos psicossociais”.

Enquanto o mundo discute jornadas mais flexíveis, semana de quatro dias úteis e modelos híbridos, o Brasil ainda sustenta um regime que trata o trabalhador como máquina. Essa lógica, além de desumana, é ineficiente a longo prazo: profissionais esgotados produzem menos, cometem mais erros e adoecem com maior frequência.

Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2023, 37% dos afastamentos por auxílio-doença foram causados por transtornos mentais e comportamentais, muitos deles associados ao ambiente e à carga de trabalho.

Defender o fim da escala 6×1 é, portanto, uma bandeira de justiça social e também de inteligência econômica. É garantir tempo para o lazer, o cuidado com a saúde, os estudos, a família e a própria vida. É reconhecer que produtividade e dignidade podem – e devem – caminhar juntas.

Como destaca a psicóloga e pesquisadora Ana Bock, da PUC-SP: “O descanso não é apenas uma pausa no trabalho. É um direito humano essencial para a preservação da saúde física, mental e das relações sociais. A escala 6×1 é uma agressão silenciosa à vida cotidiana do trabalhador”.

Neste 1º de maio, que possamos ir além das homenagens. Que este seja um chamado à ação, à revisão de normas arcaicas e à construção de um mundo do trabalho mais humano, saudável e equilibrado. Afinal, valorizar o trabalhador é, antes de tudo, respeitar seus limites e seu direito ao descanso.

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