Chefe da Polícia Federal amplia influência com apoio de Lula e incomoda o Planalto

Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF), consolida sua influência em Brasília e gera desconforto em parte do Planalto. Com apenas dois anos no comando, Andrei já é o chefe mais longevo da corporação desde 2017, em contraste com o governo Bolsonaro, quando cinco nomes se revezaram no cargo. Sua estabilidade é atribuída à forte relação de confiança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A confiança política conquistada tem permitido que Andrei Rodrigues amplie seu raio de atuação: ele negocia mais poderes para a PF, posiciona aliados em postos estratégicos e participa de eventos internacionais como palestrante. Essa crescente projeção levanta suspeitas dentro do governo, com especulações sobre suas ambições de alcançar cargos ainda mais altos, como um ministério — hipótese que Andrei nega publicamente, apesar de reconhecer a importância do fortalecimento institucional da PF.

O diretor-geral protagonizou recentemente uma articulação de bastidores com o STF, em meio à discussão da ADPF das Favelas, que buscava reduzir a letalidade policial nas comunidades do Rio de Janeiro. Antevendo a possibilidade de uma intervenção direta do Supremo na segurança do estado, Andrei se reuniu com ministros como Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Gilmar Mendes, para defender uma solução que fortalecesse a Polícia Federal sem comprometer sua autonomia.

O acordo negociado não só evitou o envolvimento direto da PF na segurança pública do Rio, mas também resultou em mais recursos e efetivo para a corporação.

Nomeação estratégica no Coaf

Outra frente de atuação de Andrei Rodrigues é a tentativa de emplacar o delegado Ricardo Saadi como chefe do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Banco Central. O Coaf é peça-chave no combate à lavagem de dinheiro e, se a nomeação se concretizar, representará mais um avanço da influência da PF no coração da administração federal.

Segundo aliados, o diagnóstico de que o Coaf se tornou “disfuncional” motivou a movimentação para recuperar a efetividade do órgão. A expectativa é que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anuncie a escolha após o aval do Senado.

Tensão com a Abin e disputas internas

Apesar dos avanços, Andrei Rodrigues enfrenta resistências dentro do governo. Em uma reunião tensa no Planalto, o presidente Lula convocou o diretor-geral da PF e o chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, para esclarecer investigações sobre a chamada “Abin paralela”, que envolveu espionagem de autoridades paraguaias.

Andrei entrou em rota de colisão com Corrêa, ex-diretor da própria PF e aliado histórico de Lula. As investigações apontam tentativa da atual cúpula da Abin de atrapalhar apurações internas, o que ampliou o desgaste político. Para aliados de Corrêa, Andrei estaria agindo para enfraquecê-lo — uma narrativa que o entorno de Andrei refuta, alegando que a PF apenas cumpre seu papel institucional.

Projeção internacional e possíveis novos voos

Além de sua movimentação política em Brasília, Andrei Rodrigues tem se projetado internacionalmente. Em 2024, participou de eventos em Lisboa, Londres e Roma, reforçando sua imagem no cenário global.

Esse protagonismo faz crescer rumores sobre seus futuros passos. Embora colaboradores próximos garantam que Andrei não tenha planos de assumir um ministério, um ministro de Lula ouvido reservadamente aponta que o diretor-geral poderia, sim, estar preparando o terreno para novas ambições políticas.

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