O fenômeno intrigante dos círculos de fadas — pequenos anéis de solo seco que formam padrões impressionantes na vegetação — acaba de ganhar uma nova dimensão. Um estudo recente revelou que essas formações, antes vistas apenas no Deserto da Namíbia e na região oeste da Austrália, podem ser muito mais comuns do que se imaginava.
Os círculos de fadas são áreas de solo árido, cercadas por vegetação, que se organizam em padrões altamente ordenados. Essas marcas misteriosas já intrigam cientistas há décadas, mas uma pesquisa publicada em 2023 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences promete ampliar o entendimento sobre o fenômeno.
Utilizando redes neurais — uma forma de inteligência artificial que simula o funcionamento do cérebro humano —, pesquisadores analisaram mais de 575 mil imagens de satélite. O resultado? A detecção de 263 novas áreas com padrões semelhantes aos círculos de fadas em três continentes.
Segundo o Dr. Emilio Guirado, do Instituto Multidisciplinar de Estudos Ambientais da Universidade de Alicante, na Espanha, esta é a primeira vez que modelos de IA são usados em larga escala para identificar essas formações.
Inicialmente, a equipe treinou a IA usando 15 mil imagens de círculos de fadas da Namíbia e da Austrália. Depois, o sistema examinou imagens globais, detectando padrões circulares em regiões de solo seco, arenoso, com alta alcalinidade e baixos níveis de nitrogênio.
Esses fatores ambientais parecem favorecer a formação dos círculos, que, segundo os cientistas, desempenham um papel crucial na estabilização de ecossistemas contra eventos extremos, como secas e inundações.
Nem todos os padrões detectados são considerados autênticos círculos de fadas. O Dr. Stephan Getzin, da Universidade de Göttingen, alerta que os círculos verdadeiros apresentam padrões espacialmente periódicos — algo nem sempre encontrado nas novas descobertas.
Ainda assim, a pesquisa abre portas para entender melhor como esses padrões naturais se formam e como eles afetam o meio ambiente.
Embora existam hipóteses, como a ação de cupins, a origem dos círculos de fadas continua em debate. A Dra. Fiona Walsh, da Universidade da Austrália Ocidental, destaca que povos aborígenes já reconheciam esses padrões há milênios.
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