Segundo Alfieri, era arriscado demais levar Francisco de volta ao hospital Gemelli, onde ele foi tratado por uma infecção respiratória complexa que quase o matou duas vezes. “O papa queria morrer em casa, ele sempre dizia isso enquanto estava no Gemelli”, disse Alfieri.Leia também: Quais foram os dois momentos críticos do papa Francisco no hospitalQuem é o médico que relatou quase morte de FranciscoQuem é Massimiliano Strappetti, enfermeiro que acompanhou o papa Francisco nas últimas horasFrancisco morreu duas horas depois de sofrer um derrame. Ainda de acordo com o médico, o cardeal Pietro Parolin chegou e rezou o rosário sobre o corpo, acompanhado pelo pessoal da casa papal. “Eu o acariciei, como uma despedida”, disse Alfieri. O Vatican News disse que o papa conseguiu fazer um gesto de despedida para Strappetti após adoecer, e que as pessoas presentes na hora falaram que ele não parecia sofrer.
Papa Francisco morreu na madrugada de segunda-feira, 21. Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
Durante a internação, médicos cogitaram suspender tratamentoSergio Alfieri de 58 anos, foi o principal responsável pela saúde do papa Francisco. Diretor do serviço médico-cirúrgico do Hospital Gemelli, em Roma, onde o pontífice ficou internado por 38 dias por conta de uma pneumonia bilateral, ele coordenou o tratamento hospitalar de Francisco.Logo após o papa ter alta, no final de março, o médico deu detalhes dos momentos mais críticos e revelou que a equipe chegou a cogitar suspender o tratamento e deixar Francisco morrer, uma vez que ele estava sofrendo bastante. O especialista tratava do papa desde 2013 e foi responsável por todas as cirurgias que o pontífice precisou fazer. A primeira a ser realizada foi em 2021, para tirar uma parte do cólon (a parte mais alongada do intestino grosso) que continha bolsas chamadas de divertículos. A segunda foi em 2023, por conta de uma laparocele, um tipo de hérnia que surgiu no abdômen do papa em razão de outro procedimento cirúrgico feito anos anteriores.Sergio Alfieri já tinha uma relação próxima, mesmo que indireta, com o tratamento de pontífices. Isso porque, antes de se tornar íntimo de Francisco, o médico foi aluno de Giovanni Battista Doglietto, que integrou a equipe do cirurgião Francesco Crucitti, responsável por operar o papa João Paulo II (1920-2005) em três oportunidades.Alfieri nasceu em Roma, em 28 de dezembro de 1966. Ele ingressou na Universita’ Cattolica del Sacro Cuore em 1987 e, cinco anos depois, em 1992, se formou na instituição com a nota máxima. Migrou a sua carreira para a cirurgia, se tornando especialista na área em 1997, concluindo o curso também com nota máxima e honras. De aluno, virou docente. Desde 2011, ele leciona na mesma instituição onde se formou, como professor titular da disciplina de Cirurgia em cursos de graduação e pós-graduação da universidade/COM AP e AFP