Por Diario de Pernambuco
Quase um ano após a queda de parte da cobertura de parte do Memorial de Medicina de Pernambuco, entidades médicas e outras instituições afins sediadas no local ainda aguardam respostas sobre o projeto de restauração e manutenção de outros aspectos do local, que pertence à Universidade Federal de Pernambuco.
O evento será realizado no dia 26 de abril de 2025 – aniversário de um ano do desabamento – às 9h da manhã, em frente ao prédio do Memorial, na Rua Amaury de Medeiros, 206, Derby. “Não é possível que um prédio que guarda toda a história médica do Estado, tanto do ponto de vista da cultura e produção acadêmica quanto do ângulo físico/concreto como é o caso do acervo do Museu da Medicina de Pernambuco (cujo material se encontra danificado e se deteriorando a cada dia), não tenha a célere e adequada restauração”, afirmou em documento a Academia Pernambucana de Medicina, juntamente à outras instituições.
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De acordo com o presidente da Academia Pernambucana de Medicina, Antônio Peregrino, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), responsável pela manutenção do prédio, não está realizando as obras necessárias para a preservação desse Patrimônio Histórico de Pernambuco.
“Essa queda, que aconteceu no ano passado, era uma coisa que a gente vinha esperando por questão de manutenção. O prédio, hoje, é um prédio público federal e está sob a tutela da Universidade Federal de Pernambuco. Esses prédios seculares, naturalmente, precisam de cuidados excepcionais na sua manutenção, e que na prática não vinham sendo feitos pela universidade. O prédio está com o nosso material interno, mas se deteriorando porque é impossível estar dentro. Mofo, tudo muito sujo, enfim, não tem condições de entrar pela questão de segurança”, alertou.
O ato que acontecerá neste sábado (26), busca mobilizar a população em geral sobre a importância da preservação do prédio, que abriga a história da Medicina em Pernambuco. “Nós estamos justamente fazendo um movimento para alertar, não somente a toda a parte médica de Pernambuco, nós estamos convidando a própria Universidade, a Reitoria da Universidade, para informar como está atualmente o planejamento das obras de reconstrução, mas todas as Faculdades de Medicina do Estado, toda a Secretaria de Saúde do Estado, Secretaria Municipal de Saúde, Governo do Estado de Pernambuco”, convoca Antônio Peregrino.
O que diz a UFPE
Por meio de nota, a UFPE reconheceu a importância histórica, cultural e simbólica do prédio do Memorial de Medicina e Cultura e que, desde o incidente ocorrido em 2024, foram imediatamente adotadas todas as medidas emergenciais necessárias para preservar a estrutura do edifício, como o escoramento e cobertura adequados, o que tem evitado o agravamento dos danos estruturais.
Além disso, a instituição deu início ao processo de licitação para a elaboração do projeto de restauro, seguindo rigorosamente todos os trâmites legais previstos para intervenções em bens protegidos. História O prédio é uma construção que completará 100 anos em 2027, tombada Patrimônio Histórico de Pernambuco, pelo Decreto Nº11.260 de 19 de março de 1986.
É considerada a Casa da Medicina Pernambuco, onde funcionou a primeira Escola médica de Pernambuco, e é de propriedade da Universidade Federal de Pernambuco desde 1958. Ao longo dos anos, o prédio abrigou a Academia Pernambucana de Medicina, o Instituto Pernambucano de História da Medicina, o Museu da Medicina de Pernambuco, a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (Sobrames-PE), a Associação dos Ex-Alunos da Faculdade de Medicina do Recife, o Instituto de Pesquisas e Estudos da Terceira Idade (IPETI) e a Academia de Artes e Letras de Pernambuco.
Nota da UFPE na íntegra:
“A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) reconhece a importância histórica, cultural e simbólica do prédio do Memorial de Medicina e Cultura. Desde o incidente ocorrido em 2024, foram imediatamente adotadas todas as medidas emergenciais necessárias para preservar a estrutura do edifício. Atualmente, o prédio encontra-se com escoramento e cobertura adequados, o que tem evitado o agravamento dos danos estruturais.
Adicionalmente, foi instalada uma cobertura provisória para impedir a infiltração de águas pluviais e construída uma passarela na lateral do prédio voltada para a via pública, a fim de proteger os transeuntes. A UFPE deu início ao processo de licitação para a elaboração do projeto de restauro, seguindo rigorosamente todos os trâmites legais previstos para intervenções em bens protegidos.
O escopo da contratação contempla projetos complementares, como os de fachada, cobertura, esquadrias, instalações elétricas, hidrossanitárias, acessibilidade e de emergência. Adicionalmente, foi designada uma equipe técnica qualificada, composta por servidores, especialistas e docentes do Departamento de Museologia, responsável por coordenar as ações voltadas à preservação e recuperação do edifício.
Essa equipe também coordenou e orientou sobre a conservação do acervo presente no Memorial — embora este não pertença formalmente à UFPE, a Universidade reconhece sua relevância para a sociedade e para a memória coletiva. A UFPE reafirma seu compromisso com a preservação do patrimônio histórico e cultural e seguirá envidando todos os esforços necessários para garantir a recuperação integral do Memorial de Medicina e Cultura.”
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