Após suspensão de atendimentos de radioterapia, Araújo Jorge negocia parceria com Hospital das Clínicas

O Hospital de Câncer Araújo Jorge suspendeu temporariamente, desde segunda-feira, 14, os atendimentos a novos pacientes encaminhados para o início de tratamento em radioterapia. A medida foi adotada após falha técnica em um dos aceleradores lineares utilizados na aplicação da terapia, instalado em 1999.

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), afirmou que fez um repasse emergencial de aproximadamente R$ 560 mil ao hospital para a compra de peças e manutenção do equipamento. A unidade informou que os tratamentos em andamento seguem normalmente e que dois aceleradores continuam em funcionamento, operando agora por 23 horas diárias para suprir a demanda.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Luiz Gaspar Machado Pellizzer, a gestão foi comunicada da falha técnica de maneira informal cerca de dez dias antes da suspensão. “O hospital nos procurou, explicou o problema, e nós fizemos um repasse emergencial para ajudar”, afirmou com exclusividade ao Jornal Opção. O valor, entre R$ 560 mil e R$ 590 mil, foi usado para consertar o equipamento em funcionamento.

A aquisição de um novo aparelho, no entanto, está fora de cogitação no momento. “A compra de um acelerador linear novo custa cerca de R$ 30 milhões. Só para iniciar o processo, o hospital nos pediu R$ 8 milhões como entrada, valor que infelizmente não temos neste momento”, explicou o secretário. Além do custo elevado, o prazo para entrega de um novo equipamento pode chegar a um ano.

Como alternativa, a Secretaria afirma que articula com o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás a oferta de radioterapia. “A previsão é que eles comecem em cerca de 30 dias. É o nosso plano B, caso a manutenção do Araújo Jorge comprometa os atendimentos”, disse.

De acordo com a SMS, atualmente 21 pacientes aguardam apenas a consulta inicial para iniciar a radioterapia. A fila de espera para o início do tratamento estaria zerada. Parte dos novos casos está sendo encaminhada para uma empresa terceirizada e para uma unidade de saúde em Anápolis, com intermédio do próprio hospital, no entanto, o Araújo Jorge ainda não informou quantos pacientes foram transferidos nem para quais instituições. O espaço segue aberto.

A Secretaria também reforçou que o Araújo Jorge, apesar de referência estadual em oncologia e atender majoritariamente pelo SUS, é uma instituição filantrópica privada, sem vínculo direto com o poder público.

Até esta terça-feira, 15, o hospital não deu previsão para o restabelecimento dos atendimentos a novos pacientes na radioterapia, nem respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a quantidade de encaminhamentos feitos a outras unidades.

Nota da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS)
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que a suspensão do atendimento de radioterapia no Hospital Araújo Jorge ocorre devido a falhas técnicas no funcionamento do acelerador linear da instituição, instalado em 1999.

A pasta realizou, neste ano de 2025, repasses de mais de R$ 46 milhões à instituição, incluindo R$ 560 mil para a compra de novas peças para o aparelho.

Nota do Hospital de Câncer Araújo Jorge
O Araújo Jorge – Hospital de Câncer informa que o atendimento a novos pacientes encaminhados por outras instituições de saúde para início de tratamento em radioterapia está temporariamente suspenso desde segunda-feira (14/04). A medida foi necessária devido a uma falha técnica em um dos aceleradores lineares, equipamento em operação há 25 anos.

É importante destacar que a suspensão afeta exclusivamente o primeiro atendimento de pacientes externos encaminhados para o serviço de radioterapia. Os demais atendimentos seguem normalmente, incluindo consultas médicas, exames, cirurgias, tratamentos oncológicos em andamento, emergências e demais serviços oferecidos pela instituição.

Dois aceleradores lineares continuam funcionando normalmente. Para garantir a continuidade dos tratamentos e evitar prejuízos aos pacientes, o hospital ampliou o horário de funcionamento do setor, que agora opera por 23 horas diárias – das 6h da manhã até as 5h do dia seguinte.

O Araújo Jorge reforça seu compromisso com a saúde e o bem-estar dos pacientes, e informa que todas as equipes estão mobilizadas para solucionar o problema o mais breve possível, minimizando os impactos e assegurando a assistência necessária a quem precisa.

Histórico de dívidas

A crise atual escancara um cenário recorrente de dificuldades financeiras enfrentadas pelo Hospital Araújo Jorge. Em fevereiro deste ano, a instituição informou que a dívida da Prefeitura de Goiânia com o hospital ultrapassava os R$ 44 milhões, com atraso de 39 dias nos pagamentos por serviços prestados. Os valores incluem repasses federais (R$ 32 milhões), estaduais (R$ 350 mil) e municipais (R$ 12 milhões).

Em março, o prefeito Sandro Mabel anunciou que o débito seria quitado de forma parcelada, sem, no entanto, divulgar o número de parcelas nem o valor mensal dos repasses. O hospital, que realiza 70% dos atendimentos oncológicos do estado de Goiás, afirma que os atrasos dificultam a manutenção da estrutura e a continuidade dos serviços prestados à população.

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