Grupo de servidores do IBGE acusa direção de retaliação e assédio moral

Um grupo de servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acusa a coordenação-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI) de retaliação e assédio moral, após críticas feitas à direção nos últimos meses. Em carta, 11 servidores que fazem parte das gerências de Sistematização de Conteúdos Informacionais (Gecoi) e de Editoração (Gedi) afirmam que foram transferidos de unidade por causa de “represália em virtude de posicionamentos técnicos”.

Os trabalhadores foram transferidos da unidade no IBGE na Tijuca, bairro da zona norte do Rio, para outra em Parada de Lucas, que fica também na zona norte, mas ao lado de comunidades dominadas pelo tráfico de drogas, como Parada de Lucas e Vigário Geral. Segundo os servidores, a transferência foi justificada pelo “insólito argumento de que precisamos nos situar junto aos serviços gráficos ali concentrados”. As informações são do Valor Econômico.

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Crise interna no IBGE
O caso é parte de uma crise interna no IBGE, entre a direção, os servidores e o sindicato de trabalhadores (ASSIBGE). Em janeiro, a presidência do IBGE, a cargo de Marcio Pochmann, publicou comunicado em que acusava servidores de divulgar mentiras e sinalizava com ida à Justiça.

Procurado sobre a denúncia dos servidores desta quinta-feira (27), o IBGE não respondeu até o momento.

“Considerando o personalismo instaurado no IBGE e que já motivou, inclusive, pedidos de exoneração dos titulares da diretoria de Pesquisas e da diretoria de Geociências, e de seus respectivos substitutos, concluímos que ambas as unidades se tornaram objetos de retaliação e assédio moral”, diz o texto da carta, com o título de “Retaliação e assédio

Na carta, os servidores explicam que os trabalhadores do CDDI que já trabalham no complexo do IBGE em Parada de Lucas atuam, essencialmente, como profissionais gráficos, e não há compartilhamento de procedimentos que justificassem ou exigissem a proximidade física desses trabalhadores que agora foram transferidos.

A carta cita diversas ocasiões, desde 2024, em que o grupo fez críticas à direção do IBGE e defende que foram esses posicionamentos o ponto de partida da decisão atual de transferência. Uma delas foi o alerta sobre o risco de quebra do princípio da impessoalidade e da perda de autonomia técnica no trabalho, pela inclusão de prefácio da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, na publicação “Brasil em Números 2024”, com “conotação política”.

“Considerando o exposto, reiteramos o entendimento de que a Gecoi e a Gedi estão sob represália em virtude de nossos posicionamentos técnicos. Tal mudança, além de não objetivar o aprimoramento dos fluxos de trabalho, arrisca expor os servidores dessas gerências a situações cotidianas de inquestionável periculosidade”, afirma o texto.

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