Entenda o que vai mudar com o novo viaduto de Camburi

Obras do Mergulhão de Camburi já começaram e devem terminar em 2027, de acordo com a Prefeitura de Vitória

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Fábio Nunes/AT

As obras do Mergulhão de Camburi, em Vitória, que prometem reduzir tempo de viagem e acabar com os semáforos no cruzamento das avenidas Dante Michelini e Norte Sul, já começaram e devem ser concluídas somente em 2027.Enquanto alguns moradores defendem o projeto, outros demonstram preocupação sobre as intervenções, e fizeram questionamentos ao município.À reportagem do jornal A Tribuna, o secretário de Obras de Vitória, Gustavo Perin, respondeu as perguntas dos moradores e garantiu que será a maior obra de mobilidade urbana da Região Metropolitana.Morando em Jardim Camburi desde 1999, o oficial de Justiça José Júnior Durão de Almeida, de 61 anos, tem dúvidas sobre como ficará a situação de pedestres e ciclistas com o mergulhão, além dos estacionamentos no entorno.A dentista Adriana Perini de Almeida, 52 anos, demonstrou preocupação com os alagamentos que, segundo ela, até hoje trazem transtornos na avenida Norte Sul.Considerando que as pistas dos mergulhões estarão numa cota de 5,5 metros abaixo do nível atual da Dante Michelini, ela teme novos alagamentos.Para Camilo Ferreira, 61 anos, engenheiro eletricista, o mergulhão não vai solucionar os engarrafamentos nos horários de pico.“Os maiores gargalos são mais à frente, ainda na Dante Michelini, mas nos acessos à avenida Adalberto Simão Nader, Mata da Praia, Jardim da Penha. Com o mergulhão, pode até ter fluidez pontual, mas o trânsito ficará parado do mesmo jeito na Dante Michelini. Mesmo problema no sentido oposto”.O servidor público Alan Roger Fagundes, 52, questiona se na construção estão sendo considerados os impactos gerados por outros empreendimentos previstos para a própria Norte Sul.Arlete Pereira, presidente da Associação Comunitária de Jardim Camburi, diz que não foi feita uma audiência pública para ouvir os moradores.“Estamos fazendo um abaixo-assinado, pois não foram realizadas audiências públicas para que os moradores pudessem opinar e até modificar o projeto. É uma obra longa, que vai impactar sensivelmente a vida de aproximadamente 50 mil pessoas, durante e depois da obra, afetando a qualidade de vida do bairro, sem a garantia de que a mobilidade urbana da região e da cidade melhorará como está sendo prometido”.

Camilo Ferreira, José Bicalho e José Júnior Durão de Almeida demonstram preocupação sobre as intervenções

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Fábio Nunes/AT

O QUE DISSE O SECRETÁRIO1. Como vai ficar a travessia dos pedestres e ciclistas com a retirada dos semáforos?O secretário de obras de Vitória, Gustavo Perin, explicou que, hoje, as residências estão todas do lado direito de quem trafega de Camburi no sentido Norte Sul.Com a obra, em frente ao antigo hotel Canto do Sol, há previsão de um recuo para melhorar o acesso de quem sai da rua Carlos Martins em direção à avenida Dante Michelini, que terá mais uma faixa no trecho.Ele ressaltou que, para a travessia, continuará existindo um semáforo da região do antigo hotel Canto do Sol e rua Carlos Martins.A travessia, segundo ele, será toda canalizada para esse semáforo.2. Terá vagas de estacionamento no entorno do mergulhão, principalmente na Norte Sul?O secretário ressaltou que a obra não muda nada com relação aos estacionamentos, até mesmo aquele próximo ao condomínio Jardins, à direita para quem trafega na avenida Norte Sul, sentido Serra.3. E os pontos de ônibus irão mudar de lugar?Não haverá mudança de localização dos pontos de ônibus, segundo o município.4. Moradores temem que, com essas intervenções, aumente o fluxo de veículos na rua Carlos Martins, que dá acesso ao bairro. O que está sendo pensado para evitar isso?Gustavo Perin explicou que os estudos de mobilidade apontam o contrário.“Desde o PDU aprovado em 2018, já estava previsto um mergulhão na região. Além disso, tem outras intervenções que vêm sendo colocadas em prática. Por exemplo, a abertura das vias que são perpendiculares à Norte Sul”.A intenção, segundo ele, é ganhar fluxo contínuo na Norte Sul e Dante Michelini, fazendo com que os condutores prefiram passar pela via, e não pela Carlos Martins.Ele destacou, ainda, que a abertura de vias que ainda estão fechadas (com os conhecidos gelos-baianos) está sendo conduzida pela Secretaria de Trânsito, já como parte do plano de mobilidade em execução.5. Quem segue do centro de Vitória pela orla terá como acessar o bairro Jardim Camburi pela rua Carlos Martins ou a via se transformará em sentido único?O secretário disse que os acessos não mudam. Quem segue do Centro, sentido Jardim Camburi, poderá acessar o bairro pela rua Carlos Martins ou seguir direto.A rua Carlos Martins, a princípio, não se transformará em via de único sentido. A melhoria será a supressão do semáforo na avenida Dante Michelini, sentido final de Jardim Camburi.6. Moradores relatam que a Norte Sul já é conhecida por alagamentos. Com o mergulhão, como fica essa questão?O secretário disse que a engenharia teve essa preocupação com relação aos alagamentos. Por isso, o local terá duas estações de bombeamento de água pluviais para drenagem durante as chuvas.7. O receio dos moradores é que, ao liberar o tráfego, à frente haverá retenção, no sentido Praia do Canto. O que será feito para evitar o problema?Gustavo Perin enfatizou que esse é um trabalho que está alinhado com outras secretarias, principalmente a Secretaria de Trânsito e Transporte.“Quando você ganha esse fluxo contínuo descendo a Norte Sul, a semaforização é retirada e, com isso, é possível fazer novos alinhamentos semafóricos. Posso calibrar meu semáforo, não mais por um tempo em função daquele gargalo, mas com ondas verdes, por exemplo”. 8. Os moradores de Jardim Camburi questionam por que não teve audiência pública. O que diz sobre isso?O secretário de Obras de Vitória, Gustavo Perin, afirmou que a legislação não os obriga a fazer isso. Mesmo assim, o projeto foi divulgado pela imprensa e por alguns condomínios que fizeram a solicitação. Quem tiver dúvidas, o município ainda está disposto a dialogar, segundo ele. “Foram feitos os estudos que viabilizam, que dão todo o suporte técnico, para que nós façamos essa intervenção”.Ele revelou ainda que, quando nasceu a ideia, a Secretaria de Desenvolvimento da cidade destacou todo o patrimônio visual, que é a praia, que precisava ser preservado. “A proposta foi de tirar os níveis dessa interseção, com um nível de mergulhão, justamente para manter todo esse aspecto paisagístico. Então realmente a obra ficou mais cara, em função dessa opção. Se fizesse o elevado, teria uma economia, mas perderia a qualidade paisagística”.9.  Foram considerados os impactos gerados por novos empreendimentos? Os acessos aos condomínios não serão comprometidos?Gustavo Perin destacou que é o contrário. “A obra do mergulhão é uma intervenção mitigadora para os empreendimentos, pois proporciona a melhor mobilidade para os impactos gerados pelos empreendimentos ao longo da avenida Norte Sul”.10. Outra preocupação dos moradores é com o meio ambiente, incluindo o cinturão verde, que está sendo “destruído” por conta das obras. O que o município diz?A Prefeitura informou que a área de mata cedida pelo governo federal para a construção do Mergulhão de Camburi era formada, em grande parte, por espécies exóticas.A supressão vegetal e a eventual coleta dos animais foram precedidas da Licença Municipal de Instalação, Autorização de Manejo de Fauna Silvestre e Autorização de Exploração Florestal.O secretário explicou que em toda a retirada de vegetação, por exemplo, foi feita uma compensação. 11. Durante as obras, o que será feito para evitar um caos no trânsito? Pelo menos duas pistas devem ficar liberadas em cada via, no período de intervenção na avenida? Isso é o suficiente para garantir a fluidez? Essa foi a premissa do município para o planejamento das etapas de execução das obras: duas faixas de rolamento para cada sentido de movimento.Fonte: Gustavo Perin, secretário de Obras de Vitória.Veja imagens do projeto:

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Novo viaduto promete reduzir o tempo de viagem dos motoristas na região de Camburi e acabar com semáforos no cruzamento das avenidas Dante Michelini e Norte Sul

| Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória

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Mergulhão de Camburi é a maior obra de mobilidade da Grande Vitória

| Foto: Divulgação/Prefeitura de Vitória

Você sabia?Segundo a Prefeitura de Vitória, a obra reduzirá o tempo de travessia da interseção, que hoje é de 55 a 88 segundos, para 0 a 10 segundos. A velocidade média dos veículos que transitam pelo trecho — parando nos semáforos e enfrentando retenções — hoje é de 2 km/h, e deve passar para 33 km/h.

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