Comandante do Exército discursa diante de Lula e cita dificuldades da carreira

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou hoje que a carreira militar exige enorme sacrifício, sem privilégios e com pouca possibilidade de acumular patrimônio.

O discurso foi feito em cerimônia em comemoração ao Dia do Soldado, enquanto o Exército realiza campanha publicitária para justificar as razões pelas quais os militares possuem uma aposentadoria especial. O presidente Lula (PT) participou da solenidade.

“Enquanto estão no serviço ativo, os soldados da pátria, junto aos nossos irmãos, marinheiros e aviadores, trabalham com disponibilidade permanente e dedicação exclusiva para defender o Brasil, salvaguardando sua soberania e protegendo seu povo, nosso maior patrimônio”, disse Tomás.

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O comandante ainda disse que a carreira exige “enorme sacrifício e abnegação”, com mudanças constantes de cidade.

“Recomeçar suas vidas em locais diferentes, sujeitar cônjuge e filhos a viver longe do afago dos familiares, trocando de amigos e de escola, com pouca possibilidade de acumular patrimônio e com o único privilégio de servir à pátria sem restrições”, afirmou.

Desde o início de junho, o Exército realiza uma campanha publicitária e mobiliza oficiais para explicar ao público as razões pelas quais a carreira militar é beneficiada com uma aposentadoria especial —com manutenção do salário integral e período mais curto de trabalho.

O Exército diz que a previdência diferenciada é uma ação afirmativa do Estado, que corrige “desigualdades históricas e estruturais”. É ainda uma forma de manter a atratividade da carreira, diante das dificuldades que os militares enfrentam no serviço ativo.

Os privilégios na aposentadoria militar viraram alvo de questionamentos no governo Lula e no TCU (Tribunal de Contas da União). A ala econômica do governo avalia mudanças no pagamento de militares reservistas e reformados para reduzir o déficit das contas públicas.

O evento teve a presença de autoridades que, à espera de Lula, conversavam ao pé do ouvido e trocavam risadas. O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), compôs uma roda de conversa com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

O ministro do STF Gilmar Mendes, que não tem costume de participar de solenidades militares, chegou atrasado. Participou ainda o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Marco Antônio Amaro.

O presidente Lula participou de todas as principais cerimônias do Exército desde que voltou à Presidência da República para seu terceiro mandato. As datas festivas da Força são 19 de abril (Dia do Exército) e 25 de agosto (Dia do Soldado).

No última Dia do Exército, Lula foi vaiado por parte do público que acompanhava a cerimônia. Em resposta, apoiadores do presidente gritaram em apoio ao petista. Nesta quinta, não houve manifestações do pequeno público presente na Avenida do Exército, em Brasília.

Os eventos tradicionalmente contam com a leitura da Ordem do Dia —documento assinado pelo comandante do Exército e que é enviado a todos os militares nos dias festivos.

O presidente chega aos arredores do Quartel-General no carro oficial, desfila em tapete vermelho e senta ao lado de políticos e militares. Ele recebe os cumprimentos de chefe de Estado e vê o desfile de soldados, blindados e aeronaves. Não há pronunciamentos de Lula.

Da Folha de São Paulo.

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