Equador decide seu futuro em meio à violência e crise econômica

As urnas foram oficialmente abertas na manhã deste domingo (9) para a eleição presidencial do Equador. Cerca de 14 milhões de eleitores devem comparecer para escolher o novo mandatário do país e os 151 parlamentares da Assembleia Nacional para o período de 2025 a 2029, em um pleito marcado por alta polarização e uma crise de segurança sem precedentes.

O atual presidente, Daniel Noboa, enfrenta 15 candidatos, entre os quais, a mais bem posicionada nas pesquisas é Luisa González, do Movimento Revolução Cidadã liderado pelo ex-presidente Rafael Correa. Algumas pesquisas apontam para uma vitória de Noboa no primeiro turno, enquanto outras indicam que González pode sair na frente.

Em outubro de 2023, Noboa venceu González no segundo turno com 52% dos votos, assumindo um mandato tampão de 15 meses após o então presidente Guilherme Lasso dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.

Segurança reforçada

Diante do aumento da violência ligada ao narcotráfico e da crescente insegurança, Noboa decretou diversas medidas preventivas. Entre elas, a militarização dos portos, o fechamento das fronteiras do país desde o sábado (8) até segunda-feira (10) e o aumento da presença das forças de segurança nas regiões de fronteira. O governo justificou as ações citando supostas “tentativas de desestabilização de grupos armados”.

Nos últimos anos, a violência ligada às drogas abalou o Equador. Em cinco anos, os homicídios aumentaram 588%, passando de 7 para 38 assassinatos por 100 mil habitantes. Segundo o antropólogo Salvador Schavelzon, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a questão da segurança se tornou o tema central da eleição, favorecendo a candidatura de Noboa.

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“A questão da segurança tem substituído outras que tradicionalmente eram importantes e pautavam as eleições no Equador, como a questão indígena, o extrativismo, a ecologia. Estes foram temas importantes no processo constituinte de 2008. Agora, a eleição é sobre violência e segurança. Isso joga a favor do Daniel”, disse Schavelzon à Agência Brasil.

Além disso, desde 2021, o país enfrenta rebeliões e guerras entre facções criminosas. Em janeiro deste ano, o caso de quatro adolescentes encontrados mortos após serem presos por militares chocou a opinião pública e resultou na prisão de 16 agentes das Forças Armadas.

Cenário eleitoral e possível segundo turno

Pesquisas recentes indicam a possibilidade de Noboa vencer a eleição ainda no primeiro turno. O atual presidente é herdeiro de um vasto império empresarial, a holding Nobis, e mantém relações próximas com os governos dos Estados Unidos, Argentina e El Salvador. Segundo a socóloga equatoriana Irene León, Noboa defende uma economia de viés anarcocapitalista, beneficiando o grande capital.

“Ele é o herdeiro mais rico do país e é parte desse entorno econômico. Se ganhar as eleições, vai continuar colocando à disposição do mercado, do grande capital, tudo o que o país tem. O foco da sua proposta é uma economia associada à visão anarcocapitalista libertária que está em ascensão na América Latina”, afirmou Irene.

Do outro lado, Luisa González representa o partido Revolução Cidadã, do ex-presidente Rafael Correa, que está exilado na Bélgica após ser condenado por corrupção. “González propõe medidas para a reativação da economia com o envolvimento do Estado, mas também de outros atores. Têm uma proposta de menos dependência da exportação do petróleo e também defende a auditoria da dívida externa”, acrescentou.

Caso nenhum candidato alcance 50% dos votos ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, o pleito seguirá para o segundo turno, marcado para 13 de abril.

Como funciona a votação no Equador

A votação ocorre das 7h às 17h no horário local (9h às 19h no horário de Brasília) e é obrigatória para equatorianos entre 18 e 65 anos, sob pena de multa de 47 dólares (R$ 271).

Cada eleitor recebe quatro cédulas: uma para escolher entre as oito chapas presidenciais e três para a seleção de legisladores nacionais, legisladores provinciais e integrantes do Parlamento Andino, órgão da Comunidade Andina.

A apuração inicial dos votos começa logo após o encerramento das urnas, com as primeiras projeções aguardadas para a noite deste domingo. O Equador vive uma eleição tensa, em meio às preocupações com a segurança e a incerteza sobre o futuro político do país.

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com informações de agências

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