Morte no corredor de ônibus não será a última, mas fatalidade não inviabiliza medida

O acidente que levou à morte de um professor na última semana enquanto transitava na faixa exclusiva para ônibus e motocicletas foi uma fatalidade, um acidente. É a primeira morte desde a permissão para que motocicletas pudessem transitar nas faixas exclusivas para ônibus e não deve ser a última. O trânsito de Goiânia é violento, mais ainda para motociclistas, ciclistas e pedestres. O desrespeito às normas de trânsito, somadas a irresponsabilidades como o uso do celular ao dirigir e pilotar e a embriaguez tornam a vida dos mais frágeis no trânsito em uma verdadeira roleta russa.

A primeira vez que ouvi sobre a proposta foi durante um café da manhã com o então pré-candidato à prefeito, Sandro Mabel (UB). Em conversa reservada, externei as preocupações que a ideia de liberar os corredores de ônibus me provocava. A baixa visibilidade dos ônibus estava no topo delas. Mabel, eleito prefeito, tratou de avançar com a proposta ainda nas primeiras semanas , mas não sem antes me tranquilizar mostrando que em grandes cidades o trânsito comportou bem a medida.

E como tem sido andar nas faixas de ônibus? Bom, quero falar primeiro sobre a experiência de andar nos corredores. Surfar entre os carros com o trânsito parado ou em movimento é sempre um desafio. Motoristas que mudam de faixa sem sinalizar ou sequer olhar para o retrovisor, veículos que andam no meio das duas faixas e fecham o espaço que serviria para o motociclista ultrapassar em segurança, fechadas, caras feias, desatenção. Há ainda os motociclistas que por receio ou falta de noção de espaço, travam o fluxo de passagem e forçam com que quem venha atrás tenha que mudar de faixa, colocando em risco, já que a visão nessa hora é bem menor. Muitos acidentes.

Pegar corredor surgiu da necessidade de um trânsito extremamente violento para os motociclista, num contexto onde estar exprimido entre dois veículos é ainda mais perigoso. Qualquer freada mais forte do carro da frente e fica impossível parar, e quando dá tempo, o veículo de trás se torna um problema.

De modo geral, o motorista já se acostumou com a ultrapassagem entre a faixa da esquerda e a da direita. Com a faixa de ônibus, a atenção ao retrovisor da direita para quem está de carro é ainda mais importante. Para quem está de moto, a atenção também deve redobrar, tendo em vista que além dos veículos que vão virar à direita, também existem aqueles que querem entrar na via.

Cada dia mais, o número de motos no trânsito da Capital aumenta. Não é para menos, com cada vez mais veículos na rua, o trânsito fica excessivamente congestionado e caótico. Assim, as motos representam um meio de transporte mais ágil, mas também mais perigoso. A popularidade entre entregadores, trabalhadores em aplicativos e a economicidade do veículo, tanto em espaço quanto em combustível, fazem com que a circulação de motos esteja cada dia maior.

A utilização das faixas exclusivas de ônibus por motocicletas tem contribuído significativamente para a redução dos congestionamentos. Com a liberação dessas vias para motos, houve uma melhor distribuição do fluxo de veículos, evitando que os motociclistas precisem trafegar entre os carros nas vias principais. Tenho percebido que os motociclistas tem utilizado a via, principalmente, quando o trânsito está parado ou precisando deslanchar num momento em que a via precisa seguir o fluxo com mais velocidade.

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