Efeitos “não-monetários” e Brasil pressionam resultados da Yara no final de 2024

Depois de ter registrado bons números no terceiro trimestre de 2024, desta vez a multinacional norueguesa Yara, gigante global dos fertilizantes, apresentou dados mais fracos ao divulgar os resultado do quarto trimestre e o consolidado de 2024 como um todo.

A companhia registrou um prejuizo líquido de US$ 290 milhões nos três últimos meses do ano passado, após ter lucrado US$ 246 milhões no mesmo período de 2023.

A Yara afirmou que o número foi impactado por efeitos não-monetários, incluindo perda de conversão de moeda, imparidades e resgate de pensões, que totalizaram US$ 430 milhões antes de impostos.

“Embora o fortalecimento do dólar americano desencadeie uma perda de conversão de moeda nas posições de dívida dos EUA, o dólar mais forte é fundamentalmente positivo para os negócios da Yara, já que as margens de nitrogênio são amplamente impulsionadas pelo dólar”, disse a companhia.

No acumulado de 2024, o lucro líquido foi de somente US$ 15 milhões, abaixo dos US$ 54 milhões obtidos no ano anterior.

O faturamento passou de US$ 3,598 bilhões no quarto trimestre de 2023 para US$ 3,419 bilhões no mesmo período de 2024. No acumulado do ano, também houve decréscimo na linha, que passou de US$ 15,627 bilhões em 2023 para US$ 13,934 bilhões em 2024, recuo de 10,83%.

Já o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), excluindo itens especiais, apresentou um decréscimo menor no trimestre, passando de US$ 576 milhões no fim de 2023 para US$ 519 milhões no mesmo período do ano passado, sob impacto principalmente de margens menores na conversão de nitrogênio, que superaram os efeitos positivos do aumento nas entregas, redução nos custos fixos e impacto favorável da variação cambial sobre os custos fixos.

No acumulado de 2024, o ebtida avançou 20%, passando de US$ 1,712 bilhão para US$ 2.051 bilhões, refletindo margens e entregas maiores e mix positivo nos volumes de produção.

A própria companhia admitiu que o resultado ficou aquém do que gostaria. “Embora a Yara tenha navegado com sucesso na volatilidade recente ao se concentrar na continuidade operacional, os retornos recentes ficaram abaixo dos níveis satisfatórios”, afirmou a empresa no comunicado com os resultados.

O volume de produção cresceu, tanto nos últimos meses do ano, como no acumulado de 2024.

Entre outubro e dezembro, a Yara produziu 5,018 milhões de toneladas de produtos, superando as 4,933 milhões de toneladas do mesmo período de 2024.

No ano, a produção também cresceu, passando de 18,437 milhões de toneladas em 2023 para 19,692 milhões de toneladas para 2024.

As entregas acompanharam a produção e cresceram tanto no fim do ano, quanto ao longo de todo o ano de 2024.

No quarto trimestre, foram entregues 7,554 milhões de toneladas de produtos, ante 7,246 milhões de toneladas no fim de 2023.

No ano de 2024 como um todo também houve expansão, passando de 30,141 milhões de toneladas para 31,156 milhões de toneladas, crescendo 3%.

A Europa puxou os resultados de entregas no quarto trimestre, com crescimento de 22%, influenciado por um aumento significativo de nitratos e NPKs. Também houve expansão de entregas no acumulado do ano, crescimento de 14%.

Nas Américas, as entregas ficaram estáveis no quarto trimestre, fechando o período em 2,380 milhões de toneladas, e caíram 4% no acumulado do ano, encerrando em 9,623 milhões de toneladas, sob impacto de condições financeiras menos favoráveis para os produtores e as enchentes no Brasil, que acabaram tendo mais peso do que o aumento de vendas registrado na América Latina e na América do Norte.

O desempenho do Brasil afetou o resultado das Américas, tanto no fim do ano, como no acumulado de 2024.

As entregas de fertilizantes no País caíram de 1,37 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2023 para 1,29 milhões de toneladas no mesmo período de 2024, e de 5,61 milhões de toneladas no acumulado de 2023 para 5,0 milhões de toneladas em 2024.

Dessa forma, o faturamento da Yara no Brasil foi de US$ 767 milhões no quarto trimestre de 2024, abaixo dos US$ 905 milhões registrados no mesmo período de 2023. No ano, também houve queda, passando de US$ 3,779 bilhões em 2023 para US$ 2,985 bilhões em 2024.

No recorte África e Ásia, as entregas caíram 9%, devido a inundações que afetaram a Tailândia. O extremo climático matou pelo menos 13 pessoas no sul do país, no fim de novembro passado. No acumulado do ano, porém, as entregas cresceram 2%.

Se as entregas foram maiores na Europa no no quarto trimestre o ebtida aferido na região não refletiu o volume em expansão.

A linha teve uma queda de 2% em relação ao mesmo período de 2023, fechando em US$ 79 milhões, sob efeito de maiores custos de gás e amônia.

No ano, todavia, o ebtida na região passou de US$ 97 milhões para US$ 277 milhões, sob impulso de margens mais altas, maior volume de entregas e ausências de baixas contábeis que haviam impactado negativamente o dado no ano anterior.

Já nas Américas, com a redução nas entregas ao longo do ano e margens de conversão mais baixas, o ebtida caiu 9%, fechando o período em US$ 655 milhões, após US$ 718 milhões em 2023.

Na África e Ásia, o ebtida ganhou forte impulso e terminou o ano com aumento de 83%, refletindo confiabilidade na produção, margens melhores e menores custos fixos.

Para 2025, a Yara vê o mercado de nitrogênio mais restrito e, por outro lado, diz que a ausência de exportações chinesas e a menor disponibilidade de estoques na Índia têm fortalecido o mercado de ureia para o primeiro semestre deste ano.

A política de exportação da China continua sendo um fator de incerteza, segundo a Yara. “O pico de adição de capacidade fora da China já passou e as projeções da indústria indicam que o crescimento da oferta a partir de 2025 será significativamente menor do que a tendência de crescimento do consumo”, indica a companhia.

“Combinado com uma demanda forte, isso indica um mercado global de oferta e demanda mais apertado nos próximos anos”, prossegue a Yara.

Outro ponto relevante mencionado pela companhia é o custo do gás natural. A Yara projeta um aumento de despesas com esse item, entre US$ 85 milhões e US$ 225 milhões, para o primeiro e o segundo trimestre de 2025 em relação a 2024.

A companhia deve seguir firme em seu programa de redução de custos de US$ 150 milhões até o fim de 2025, segundo o CEO da companhia, Svein Tore Holsether.

“Até o final de 2024, já conseguimos uma redução de US$ 90 milhões em custos fixos, incluindo US$ 20 milhões em desinvestimentos e US$ 25 milhões por efeitos cambiais”, afirmou.

Em julho do ano passado, a Yara se desfez de ativos de produção e comercialização de fertilizantes líquidos NPK no Brasil para a FassAgro, do grupo ENG. O valor e os ativos envolvidos na operação não foram divulgados na ocasião.

“Além disso, a Yara está revisando seu portfólio de ativos para priorizar operações mais estratégicas, focadas em escalabilidade competitiva, acesso a mercados-chave, oportunidades rentáveis de descarbonização, flexibilidade operacional e retornos sustentáveis e sólidos”, acrescentou.

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