CEOs do agro estão mais otimistas com receitas e economia, mas temem riscos das mudanças climáticas, diz PwC

Se o pessimismo tomava conta do alto comando das empresas do agronegócio em 2024, desta vez os CEOs das companhias do setor estão mais otimistas que a média dos demais segmentos da economia brasileira.

Nem tudo são flores, porém. Os líderes das empresas do agro estão mais preocupados com o avanço das mudanças climáticas do que o restante das lideranças de outros segmentos.

Essas são as principais conclusões da 28ª Global CEO Survey, pesquisa feita pela consultoria PwC com 4,7 mil líderes de empresas ao redor do mundo.

De acordo com o levantamento, há mais CEOs do agro confiantes em relação ao crescimento das receitas de suas empresas ao longo dos próximos 12 meses do que havia na pesquisa anterior. Em 2024, eram 35% em 2024 e o índice saltou agora para 48%, ainda que um pouco abaixo da média de otimismo de todos os setores da economia brasileira (50%).

“Isso reflete um pouco essa percepção de que o ano de 2024 não foi muito fácil para o agronegócio”, afirmou o sócio líder do setor de agribusiness na PwC Brasil, Maurício Moraes, em entrevista coletiva a jornalistas nesta terça-feira, 4 de fevereiro.

“Ainda que tenha sido muito positivo para alguns setores como café, laranja, proteína animal e cacau, de maneira geral o agro teve desafios em 2024 e, agora, a gente olha para 2025 com a possibilidade de retomada”.

Também houve melhoria da percepção dos líderes das empresas do agro para suas receitas ao longo dos próximos três anos. Agora, 66% está confiante no crescimento dos ganhos no período, ante 57% no ano passado.

O movimento, no recorte dos próximos três anos, é contrário ao da média geral dos líderes de todos os segmentos da economia nacional, que caiu de 62% no ano passado para 54% nesse ano.

Os CEOs do agro também estão mais esperançosos com o crescimento da economia brasileira neste ano: 76% dos líderes do agronegócio responderam que acreditam em uma aceleração econômica do Brasil ao longo dos próximos 12 meses.

O número é mais alto em relação à média nacional (73%) e também relação ao ano passado, quando 69% dos executivos do agro disseram estar otimistas.

Em relação ao crescimento global, 66% dos CEOS das empresas do setor disseram que estão esperando aceleração econômica nos próximos 12 anos, volume bem mais alto que em 2024 (40%). A média brasileira é de 68%, considerando líderes de todos os segmentos. No mundo, 58% dos líderes veem possibilidade de crescimento.

Moraes lembrou que a pesquisa foi feita no fim do ano passado, depois de acontecimentos como a eleição presidencial nos Estados Unidos.

“Há quem acredita que algumas disputas noticiadas entre Estados Unidos e China pode trazer algum benefício para o Brasil. Existem avaliações que geram uma perspectiva positiva envolvendo discussões tarifárias.”

Continuando uma tendência já observada no ano passado, as mudanças climáticas foram apontadas pelos CEOs do agro como a principal ameaça às suas empresas.

Ao todo, 56% dos líderes do agro afirmaram que esse é o principal fator de risco para o setor, contra uma média de 21% registrada entre todos os setores no Brasil e de 14% vista ao redor do mundo.

“Tem tudo a ver, considerando que o setor produtivo do agro é uma fábrica a céu aberto, sujeito a diversas intempéries climáticas, refletindo também tudo o que aconteceu no ultimo ano, como enchentes no Sul e secas em diversas partes do País”, disse Moraes.

Ao todo, 70% dos comandantes das empresas do agro responderam que investimentos com baixo impacto climático trouxeram redução nos custos ou ainda que não trouxeram impacto relevantes às demonstrações financeiras das empresas.

Além disso, 47% dos entrevistados relataram que houve aumento na receita com a venda de produtos e serviços com investimentos climáticos e 49% disseram que houve pouca ou nenhuma alteração.

“Ouvimos de clientes que é preciso estabelecer projetos que gerem o ganho ambiental que se propõe, mas que também tragam algum benefício financeiro para as empresas, é preciso equilibrar”, diz Moraes.

Isso se reflete em um outro dado: 44% dos CEOs do agro apontaram acreditar que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem. O número é mais alto que no ano passado, quando havia sido de 31%, mas acompanha a média brasileira dos CEOs de todos os segmentos (45%) e global (42%).

O que diferencia os executivos do agro dos demais setores, segundo a PwC, é a capacidade de fazer mais parcerias com outras organizações, uma das principais ações listadas para reinvenção dos negócios nos últimos cinco anos: 44% responderam que fizeram parcerias com outras empresas, contra 33% da média brasileira dos CEOs.

Quanto ao uso de inteligência artificial no agro, 52% dos CEOs disseram que IA generativa trouxe ganhos de eficiência em relação ao uso do tempo dos funcionários, mas somente 26% registraram aumento na receita, número mais baixo que a média nacional (34%).

Ainda assim, há otimismo maior em relação ao uso da IA para 2025, segundo a pesquisa: 61% dos CEOs do agro esperam que a inteligência artificial dê impulso à lucratividade de suas empresas nos próximos 12 meses, o mesmo percentual registrado entre a média dos líderes de todos os segmentos.

A substituição de trabalhadores pela inteligência artificial foi pequena, segundo dados da pesquisas. No todo, 17% dos líderes do agro disseram ter reduzido o quadro de funcionários de suas empresas devido ao uso de IA generativa, mas 12% relataram que houve um aumento da quantidade de profissionais pelos investimentos na tecnologia.

Ao todo, 86% dos CEOs do agro pretendem investir em plataforma tecnológicas como forma de integração de IA em suas operações nos próximos três anos, contra 69% da média nacional e 47% da média global.

“O xis da questão está na produtividade e na eficiência”, resumiu Moraes. “Quando olhamos dados da pesquisa nesse momento, a IA está contribuindo muito para eficiência da força de trabalho e também para a geração de dados mais eficientes para a tomada de decisões.”

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