Startup nordestina movimenta R$ 4,4 milhões para catadores e cooperativas com economia circular

Em um Brasil que é o quarto maior gerador de lixo do mundo e produz 80 milhões de toneladas por ano, a reciclagem é um desafio estrutural. Atualmente, o país recicla apenas 4% de tudo que gera e a ONU estima que o volume pode saltar para 100 milhões até 2030.

A SOLOS surgiu para transformar este problema em oportunidade e busca levar uma economia circular inclusiva e justa para comunidades em todo o Brasil. Fundada em 2017 na Bahia, o foco de sua atuação é justamente no Nordeste, região que apresenta os piores indicadores quando o assunto é gestão de resíduos sólidos. 

Saville Alves, fundadora e Líder de Negócios da SOLOS, contou à EXAME que a ideia surgiu  da necessidade de um sistema que precisa mudar, em que grandes corporações usam catadores como fornecedores em condições muito precárias. “Nós trabalhamos para garantir que o lixo não seja apenas descartado, mas transformado em renda e inclusão social para os mais vulneráveis”, disse.

Com operação em oito estados, a startup baiana já gerou R$ 4,4 milhões em renda para cooperativas e catadores e coletou 1,5 mil toneladas para encaminhar ao destino correto e retornar à cadeia.

Por meio de soluções inteligentes como sistemas de coleta, gestão de resíduos em grandes eventos e experiências e ações sustentáveis, seu portfólio conta com gigantes como o iFood, Heineken, Braskem e Ambev.

No projeto mais recente durante o Réveillon em Salvador, a SOLOS promoveu a central de reciclagem no festival da virada e em parceria com a prefeitura,  Heineken e AMSTEL, coletou 12 toneladas de resíduos que geraram mais de 157 mil reais de renda para catadores. 

Um dos seus ‘cases’ de sucesso é com a parceira Re-Ciclo: o conhecido “Delivery da Reciclagem”  utiliza triciclos elétricos para fazer a coleta seletiva em Fortaleza e foi premiado na última Semana do Clima de Nova York, em setembro de 2024.

Outro é o Vidrado, em Caraíva, que transforma o vidro coletado em renda para povos indígenas e teve a adesão de 100%  dos moradores. O plano é replicar a metodologia em outros distritos da região, contou Saville. 

Para Savile, lixo é o principal indicador de pobreza, e seu esforço é mostrar que é uma ferramenta de mobilidade social. “É sobre mostrar que a matéria-prima pode voltar para a cadeia produtiva e trazer benefícios sociais”, destacou.

Mesmo após a Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída em 2010, a Bahia lidera o primeiro  lugar em número absoluto de lixões a céu aberto. Um dos gargalos é a conscientização da população e pensando nisso, a startup também aposta em educação ambiental. Visando mudar comportamentos de longo prazo, o foco dos programas é em levar o consumo consciente e a sustentabilidade para crianças e jovens. 

Uma relação próxima com o setor público também é uma de suas missões, pensando em melhorar políticas públicas e fazer parcerias que possam gerar impacto positivo no setor. “Isto também é fundamental,  porque educação ambiental sozinha não é suficiente para resolver o problema do lixo“, complementou.

Inspiração que veio de casa

Saville conta que sua mãe e educação moldaram sua visão de mundo e influenciaram na criação do negócio de impacto. Em sua trajetória, ela atuou na Braskem à frente da área de sustentabilidade e na ONG Teto, onde se sensibilizou em relação aos problemas de saneamento básico e coleta de resíduos em comunidades carentes.  

Anos depois, a SOLOS nasceu a partir de um projeto no laboratório da Yunus Social Business e foi validada em programas de aceleração em São Paulo. Ela relembra que o início foi bastante difícil, com desafios típicos enfrentados por startups no Brasil. Mas hoje, celebra o crescimento e os prêmios recebidos ao longo da jornada, e busca expandir suas operações para todos os estados brasileiros. 

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