Operação Anabolic: anabolizantes ilegais à venda em academias e na internet

Produtos apreendidos na operação: distribuidor do anabolizante contrabandeado e sem registro da Anvisa foi preso | Foto: Divulgação/Polícia Federal

Acusado de vender ilegalmente anabolizantes nas redes sociais, em aplicativos de mensagens e academias, um homem de 58 anos foi preso pela terceira vez na última quarta-feira, pela Polícia Federal.A prisão e a apreensão das substâncias – que podem causar problemas cardíacos e insuficiência renal – fazem parte da fase ostensiva da Operação Anabolic, em combate ao comércio clandestino de substâncias anabolizantes, na Praia da Costa, em Vila Velha. Policiais federais da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários cumpriram mandado de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Vila Velha, e realizaram a prisão em flagrante de um distribuidor dos produtos, contrabandeados no Estado e sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).O homem já havia sido preso em flagrante pela Polícia Federal em novembro de 2008, na Operação TNT. Na época, um caminhão com anabolizantes e suplementos alimentares contrabandeados foi apreendido e 16 pessoas foram presas. Em agosto de 2024, quando retirava cerca de 3kg de produtos anabolizantes em uma agência dos Correios em um shopping, em Vila Velha, o homem voltou a ser preso pela Polícia Federal. Durante as investigações, os policiais identificaram que, mesmo após a última prisão – quando pagou a fiança e recebeu liberdade provisória –, as encomendas dos medicamentos controlados continuaram a ser recebidas e comercializadas ilegalmente, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens e em academias de musculação, sem exigência de receita e sem a devida autorização para comércio pela Vigilância Sanitária.O comércio de medicamentos sem a devida supervisão da Vigilância Sanitária coloca em risco à saúde das pessoas que consumiram esses anabolizantes, sendo um crime hediondo contra a saúde pública.O investigado responderá pelo crime de comércio de medicamentos sem autorização do órgão de vigilância sanitária competente, podendo ser condenado a até 15 anos de prisão.Operação flagra 3 mil produtos avaliados em R$ 100 milAlém da prisão em flagrante do distribuidor de substâncias anabolizantes contrabandeadas no Estado, de 58 anos, a Polícia Federal ainda apreendeu mais de 3 mil produtos contrabandeados, estimados em mais de R$ 100 mil.As substâncias anabolizantes encontradas tinham rótulos em idioma estrangeiro, de variados laboratórios, sem selo da Anvisa. Elas foram encontrados pelos policiais na geladeira, no quarto e na despensa do apartamento do preso, e também no seu carro.Foi apreendido, ainda, R$ 14.600 em espécie, embalagens, sacos plásticos e plásticos-bolha, o que sugere que o preso realizava a distribuição dos produtos pelos Correios e por outras empresas de transporte, segundo a Polícia.Nos rótulos, foi possível identificar substâncias como Trembolona, Decanoato de nandrolona e Metandienona (Dianabol). A endocrinologista Sabrina Ribeiro França explicou que os anabolizantes encontrados são usados para aumento da massa muscular, sendo alguns até para uso veterinário. “Outros já estão em desuso para medicina, não tendo mais indicação ética para ser usado como reposição hormonal em homens”. Ela explicou que eles foram retirados do mercado pelo aumento do risco de efeitos colaterais como problemas no fígado, alterações cardíacas, aumento do colesterol, insuficiência renal dentre outros. “Para o tratamento do hipogonadismo (condição que afeta a produção de testosterona), temos outros tipos de testosterona, vendidos nas farmácias, com receita médica controlada”.A endocrinologista Queulla Garret ressaltou que o uso de anabolizantes para fins estéticos e esportivo com o objetivo de aumentar músculos tem crescido muito, principalmente em academia. “Não há comprovação científica, de segurança e diretrizes de sociedades médicas que indicam anabolizante para este fim. Além disso, os riscos são grandes, podendo afetar órgãos como cérebro, rins, fígado, coração e a fertilidade”, disse Queulla Garret.Preso pela terceira vezOutras prisõesO homem de 58 anos já tinha sido preso outras duas vezes pela Polícia Federal pela prática. A primeira delas, em 2008, quando foram encontrados suplementos e anabolizantes sem registro da Anvisa, durante a Operação TNT.Em agosto do ano passado, ele também foi preso quando retirava quase 3kg de produtos anabolizantes em uma agência dos Correios, em um shopping, em Vila Velha. Ele pagou a fiança e recebeu liberdade provisória. InvestigaçõesMesmo após a prisão, as investigações identificaram que o homem continuou a vender os produtos ilegais. ApreensãoDurante a operação, mais de 3 mil produtos anabolizantes foram apreendidos, com rótulos em idioma estrangeiro, de variados laboratórios.Eles foram encontrados pelos policiais na geladeira, no quarto e na despensa do apartamento do preso, e também no interior de seu veículo na garagem do prédio. Os produtos apreendidos serão periciados.Também foi apreendida quantia de R$ 14.600 em espécie, além de embalagens, sacos plásticos e plásticos-bolha, o que sugere que o preso realizava a distribuição dos produtos pelos Correios e por outras empresas de transporte.CrimeO comércio de medicamentos sem supervisão da Vigilância Sanitária é um crime hediondo contra a saúde pública.O investigado responderá pelo crime de comércio de medicamentos sem autorização do órgão de vigilância sanitária competente, podendo ser condenado a até 15 anos de prisão.RiscosEspecialistas alertam que nenhuma reposição hormonal, como a da testosterona contida nos anabolizantes, deve ser feita sem o acompanhamento médico.Entre os efeitos nocivos, estão problemas no fígado, alterações cardíacas, aumento do colesterol, insuficiência renal, além de infertilidade e agressividade.Fonte: Polícia Federal e especialistas.

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