Tentativa de interferência em índice técnico teria causado saída de Alexandre Schneider

Nos bastidores da Secretaria de Educação de Pernambuco, especulações ganham força sobre os reais motivos que levaram à saída de Alexandre Schneider do comando da pasta. Fontes apontam que Schneider teria enfrentado pressões diretas de altos cargos do governo do Estado para alterar os parâmetros e critérios do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE), o que ele teria se recusado a fazer, gerando um impasse insustentável, que culminou com o seu pedido de desligamento.

Desde sua criação em 2008, o Índice tem se consolidado como uma ferramenta essencial para mensurar o desempenho educacional das escolas, com base em dois pilares: os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica de Pernambuco (SAEPE) e a Taxa de Aprovação. A resistência de Schneider estaria diretamente ligada à credibilidade e à importância técnica do IDEPE, que, por sua metodologia censitária e avaliação anual, oferece um retrato fiel da evolução do ensino no Estado.

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Mas a crise na Educação estadual vai muito além dessa suposta tentativa de interferência política. Problemas com a merenda das escolas e os kits dos alunos acentuam a sensação de desorganização na pasta. Faltando menos de um mês para o início do ano letivo, a governadora Raquel Lyra autorizou uma nova dispensa emergencial de licitação para a compra de merenda em 135 escolas. Essa medida foi tomada após a Secretaria de Educação não conseguir concluir um processo regular de compra, mesmo sabendo desde outubro de 2023 do vencimento dos contratos. A situação repete o cenário de 2024, quando R$ 142,6 milhões foram gastos em contratos emergenciais.

Além disso, o adiamento, sem prazo definido, de uma licitação de R$ 58 milhões para kits escolares deixou alunos da rede estadual à beira de começarem o ano letivo sem material básico. A decisão, tomada dias antes da abertura do certame, foi atribuída à saída de Schneider e à desorganização administrativa na Secretaria. A crise é agravada pela dívida de mais de R$ 10 milhões do Estado com a fornecedora Master, responsável pelos kits escolares entregues em 2024. O governo justificou a retenção dos pagamentos devido a uma suposta dívida da empresa com o Fisco estadual, já contestada na Justiça. No entanto, enquanto as disputas se arrastam, os estudantes seguem sem perspectiva de acesso ao material escolar.

Com o ano letivo prestes a começar e a pasta ainda sem um titular, a indefinição no comando da Educação reforça a sensação de improviso. Os problemas acumulados colocam em xeque a capacidade da governadora Raquel Lyra em um dos setores mais estratégicos do Estado, afetando diretamente milhares de alunos e profissionais da rede pública.

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