Ânima lança “universidade” e quer ser uma influencer no mundo dos influencers

Em um mundo em que influenciadores digitais vêm ganhando cada vez mais projeção (e dinheiro), a Ânima Educação está lançando sua própria “universidade” voltada para capacitar quem quer desbravar esse novo mercado, desejo de um número cada vez maior de pessoas.

A dona das faculdades São Judas e Anhembi Morumbi anunciou nesta quarta-feira, 22 de janeiro, a Community Creators Academy, um centro para educação e aceleração voltado para a creator economy e para o mercado de conteúdo.

“Uma avenida importante para a Ânima é olhar para a educação além do ensino superior, uma vez que mais da metade do mercado passa por cursos livres e educação executiva”, diz Paula Harraca, CEO da Ânima, ao NeoFeed. “E tudo que gira em torno da economia criativa vem crescendo de forma exponencial.”

Com um campus de 13 mil metros quadrados em São Paulo, a Community Creators Academy oferecerá cursos livres presenciais dedicados à criação de conteúdo e ao desenvolvimento desses criadores de conteúdo, além de abrigar uma aceleradora de negócios e uma “fábrica de conteúdo” para as redes sociais das empresas, dos alunos e das empresas parceiras.

A estrutura do campus inclui mais de 100 cenários verticais e horizontais, 20 estúdios de diversos tamanhos e funções, além de auditórios e arenas para eventos. Na grade curricular estão aulas de temas como monetização, engajamento, inteligência artificial, marketing digital, produção, empreendedorismo e branding.

Segundo Harraca, entre os professores estarão criadores de conteúdo e executivos de redes sociais, veículos de mídia, marcas que se utilizam de influenciadores e agências de publicidade com as quais a Ânima está fechando parcerias. Um dos acordos firmados foi com o YouTube, plataforma base para influenciadores.

A Community Creators Academy foi desenvolvida em parceria com a Agência California, agência de marketing especializada em iniciativas de live marketing, conteúdo e publicidade. Criada pelos irmãos Fábio e Bruno Duarte há dez anos, a empresa tem em seu portfólio clientes como Ambev  e Google.

Ambos iniciaram as conversas com a Ânima há seis meses para criar um lugar para capacitar pessoas para a creator economy, depois da constatação de que esse era um mercado enorme, mas ainda pouco profissional.

No Brasil, o número de criadores de conteúdo supera 20 milhões de pessoas e 75% dos jovens expressam o desejo em atuar na área, segundo dados da consultoria Factworks for Meta presentes no relatório de Macrotendências da Creator Economy, da YouPix.

Apesar do glamour exalado por grandes influenciadores, esse é um mercado ainda difícil de atuar. Segundo a YouPix, apenas um em cada três creators tem no trabalho com conteúdo sua única fonte de renda. Outros 25% não ganham nada e o restante ganha só um dinheiro extra com a atividade.

“Existe uma falta de profissionalismo muito grande no mercado, com milhões de pessoas querendo ser criadores de conteúdo, mas que não conseguem monetizar, nem conseguem ter carreiras duradouras”, diz Fábio Duarte, da Agência Califórnia, que será o CEO da Community Creators Academy.

Fachada da Community Creators Academy, em São Paulo
Fachada da Community Creators Academy, em São Paulo

Além de endereçar a questão do profissionalismo na creator economy, a Community Creators Academy quer também oferecer capacitação para pessoas que não desejam ser influenciadores, mas utilizam as redes sociais para gerar valor para seus negócios, e para executivos que querem entender mais esse mercado.

“Temos as pessoas que trabalham por meio da troca de mídia, monetizando sua audiência, mas temos agora creators que são empresários que se tornaram criadores de conteúdo, médicos, dentistas, corretores, usando a criação de conteúdo para potencializar suas carreiras”, diz ele.

Com matrículas previstas para começarem em março, as aulas terão início em abril, com mensalidade de R$ 5 mil a R$ 30 mil, a depender da duração do curso, que vão desde imersões rápidas a formações anuais.

A expectativa é já neste primeiro ano formar 2,5 mil pessoas. Além das matrículas, a Community Creators Academy deve buscar receitas através de parcerias, imersões, eventos, publicidade e projetos customizados.

Ao todo, a iniciativa recebeu um investimento de R$ 40 milhões e a expectativa é construir mais para frente outros campi em cidades do País em que a Ânima tem presença.

Lifelong learning

A parceria da Ânima com a Agência Califórnia vem num momento em que a companhia começa a olhar para frente, depois de passar quase três anos reestruturando as operações para reduzir custos e reduzir seu endividamento.

Pressionada pela crise que atingiu o Fies, que fez a inadimplência disparar após a pandemia, junto com a necessidade de integrar grandes aquisições, como foi o caso da Laureate, a Ânima teve que ajustar o rumo. Para isso, fechou unidades, reduziu o quadro de funcionários e enxugou sua estrutura.

Com a alavancagem financeira na casa das 2,71 vezes no terceiro trimestre do ano passado, abaixo das 2,76 vezes do trimestre anterior, e o Ebitda crescendo 12,2%, para R$ 264,8 milhões, a Ânima está deixando o grosso dos ajustes para trás e começa a olhar para o futuro.

O objetivo é buscar “o que pode ser revolucionário para o negócio”, segundo Harraca. E iniciativas como essa da Community Creators Academy devem ser cada vez mais exploradas. A Ânima vê espaço para crescer em lifelong learning, a educação continuada, e também em B2B e cursos livres, além da parte de gradução e pós-graduação.

A Ânima segue atenta para não repetir os erros do passado. E, segundo Harraca, isso passa por realizar uma constante gestão de portfólio, que pode eventualmente acarretar na venda de ativos.

No passado, foram veiculadas notícias de que a Ânima poderia vender a São Judas, mas Harraca diz que esse não é o foco no momento. “O momento é propício para olhar oportunidades de entradas, saídas, isso é responsabilidade contínua, fiduciária. Está no radar, mas não está no foco”, diz.

As ações da Ânima fecharam o pregão de terça-feira, 21 de janeiro, com queda de 4%, a R$ 1,68. Em 12 meses, os papéis acumulam baixa de 62,2%, levando o valor de mercado a R$ 678,5 milhões.

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