Jeff Bezos “decola” para alcançar Elon Musk na corrida espacial de bilionários

A Blue Origin, empresa espacial do fundador da Amazon, Jeff Bezos, lançou na madrugada de quinta-feira, 16 de janeiro, em Cabo Canaveral, seu primeiro foguete a atingir a órbita da Terra, em uma tentativa de desafiar o domínio da SpaceX, concorrente espacial criada por outro bilionário, Elon Musk.

O New Glenn – nome do foguete de 98 metros de altura, batizado em homenagem a John Glenn, o primeiro astronauta americano a orbitar a Terra há mais de 60 anos – superou várias barreiras técnicas que adiaram o lançamento, originalmente agendado para o começo da semana.

Em quatro minutos, o estágio propulsor se separou. Com cerca de 13 minutos de voo a uma velocidade de 16 mil km/h, o New Glenn atingiu seu objetivo de atingir a órbita, a mais de 19 mil km de distância, sob aplausos e vivas no controle de missão da Blue Origin.

A empresa, porém, não conseguiu pousar o motor de foguete principal, ou propulsor, em uma plataforma no Oceano Atlântico. A expectativa era que o propulsor fosse reutilizável em lançamentos futuros, mas após cerca de 20 minutos de voo, a Blue Origin confirmou que havia perdido o motor.

O problema foi relevado pela empresa: “Nosso principal objetivo hoje é chegar à órbita com segurança. Qualquer coisa além disso é um bônus”, disse Ariane Cornell, chefe de sistemas espaciais da Blue Origin.

O lançamento do New Gleen ocorre cinco anos após o planejamento inicial. O foguete carrega uma versão demonstrativa da nave espacial multifuncional Blue Ring, da Blue Origin, projetada para fornecer serviços de mobilidade no espaço.

Patrocinado pela unidade de inovação do Departamento de Defesa dos EUA, o voo testa os principais sistemas, desde o solo até capacidades operacionais da Blue Ring.

O feito do New Glenn abre caminho para uma nova era nos voos espaciais, colocando dois dos homens mais ricos do mundo um contra o outro em uma corrida para estender o alcance da humanidade até a Lua e, possivelmente, Marte.

“Parabéns por atingir a órbita na primeira tentativa! @JeffBezos”, elogiou Musk, o homem mais rico do mundo, em uma publicação em sua plataforma de mídia social X.

O New Glenn é mais potente que o foguete mais usado pela SpaceX, o Falcon 9. Ele também pode transportar mais satélites, e Bezos – dono da terceira maior fortuna do planeta – quer usá-lo como parte de seu Projeto Kuiper, que visa implantar milhares de satélites de baixa altitude para fornecer serviços de banda larga.

A SpaceX fez voar os foguetes Falcon Heavy e Falcon 9 um total de 134 vezes só em 2024. Também colocou em órbita cerca de sete mil satélites de banda larga Starlink, contra os quais a Blue Origin procura competir com os mais de três mil satélites Kuiper.

A NASA encomendou a ambas as empresas o desenvolvimento de veículos de aterragem de tripulação e carga para futuras missões do programa Artemis, com o qual a agência espacial americana pretende regressar à Terra por satélite.

new glenn blue origin (Foto: Divulgação/Blue Origin)
O New Glenn, da Blue Origin (Foto: Divulgação/Blue Origin)

Enquanto o New Glenn atingia a órbita, a SpaceX verificava os últimos detalhes antes do lançamento do sétimo voo de teste do seu foguete gigante reutilizável Starship, também programado para esta quinta-feira, 16.

O teste é crucial para verificar de sua capacidade de transportar e colocar satélites em órbita. O foguete, de 123 metros de altura, tentará lançar 10 satélites fictícios, projetados para imitar o tamanho, o formato e o peso dos satélites Starlink atualizados que a Starship lançará no futuro.

Esta será a primeira vez que o foguete mais pesado e poderoso do mundo tentará lançar cargas úteis, um marco importante na preparação do foguete para uso operacional. Muitos participantes da indústria esperam que a Starship reduza substancialmente os custos de lançamento quando entrar em operação comercial.

Na véspera, na manhã de quarta-feira, 15, a SpaceX já havia lançado um módulo de pouso lunar criado pela Firefly Aerospace, com sede no Texas, e um módulo de pouso da ispace, uma empresa espacial japonesa, para a lua.

Estratégias diferentes

Apesar dos avanços, os feitos e fracassos dos projetos espaciais dos dois bilionários vêm se acumulando há anos. Bezos fundou a Blue Origin em 2000, seis anos depois de criar a Amazon e dois anos antes de Elon Musk fundar a SpaceX.

Desde o início, ficou clara a diferença de estratégias. Bezos apostou num plano de longo prazo mais seguro e com borderô mais controlado, acumulando conquistas modestas com o foguete reutilizável para voos suborbitais New Shepard – com o qual levou clientes privados às fronteiras do espaço e também realizou alguns testes científicos em microgravidade.

A Blue Origin também trabalhou na construção de uma estação espacial e desenvolveu outras tecnologias, como o uso da poeira lunar para criar células solares. A empresa emprega cerca de 11 mil funcionários com operações em Washington, Texas e Alabama.

Já os foguetes Falcon, da SpaceX, foram responsáveis por mais da metade dos 259 lançamentos orbitais recordes globalmente durante 2024.

O avanço da SpaceX foi fruto de uma estratégia mais semelhante a empresas aeroespaciais tradicionais, como a United Launch Alliance e a Northrop Grumman, marcada pela agilidade e apostas de alto risco.

Mesmo com as três primeiras tentativas da SpaceX de lançar seu pequeno foguete Falcon 1 falhando, Musk convenceu a Nasa de que poderia desenvolver com sucesso um foguete Falcon 9 muito maior para levar carga à Estação Espacial Internacional

Com as três falhas, a SpaceX estava quase sem dinheiro. A empresa juntou peças de reposição suficientes para um quarto Falcon 1 – e conseguiu chegar à órbita, salvando-a de uma iminente falência.

A perspectiva de reutilizar os estágios de propulsão de seus foguetes ajudou a reduzir os custos de lançamento, trazendo novos clientes. A SpaceX então transformou o negócio de viajar para o espaço.

O salto foi aproveitar os custos mais baixos do Falcon 9 para implantar uma constelação de milhares de satélites de internet — outra ideia de negócio que havia escapado à lucratividade de outras empresas, principalmente os satélites Iridium da Motorola no final da década de 1990.

Dentro de um ano ou mais, a Blue Origin espera acelerar o ritmo dos lançamentos de New Glenn para cerca de uma vez por mês e depois duas vezes por mês, mas deve demorar para alcançar o avanço da Space X, que por enquanto coloca Musk à frente de Bezos na corrida espacial entre os dois bilionários.

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