Não se acha a paz evitando a vida

A busca pela paz interior é um dos anseios mais universais da humanidade. Contudo, o caminho para alcançá-la frequentemente nos confronta com os desafios e complexidades da vida. A frase “Não se acha a paz evitando a vida”, atribuída à escritora Virgínia Woolf, sintetiza a ideia de que a verdadeira paz não é encontrada na fuga dos problemas, mas no enfrentamento e na vivência plena da existência. Este artigo reflete sobre essa perspectiva, explorando também contribuições de outros autores e pensadores que discutem o tema.

Virgínia Woolf sugere que a paz é fruto de um processo ativo e não da passividade. A vida, com suas alegrias e dores, é inevitavelmente repleta de desafios. Evitar esses desafios, buscando refúgio em uma zona de conforto, pode trazer uma sensação temporária de alívio, mas dificilmente levará à paz duradoura. Segundo ela, é enfrentando as adversidades que se desenvolve a resiliência e se encontra sentido na existência.

Outros autores corroboram essa visão. Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, em seu livro Em Busca de Sentido, afirma que a busca por significado é essencial para suportar os momentos mais difíceis. Ele argumenta que, mesmo nas situações mais adversas, é possível encontrar propósito e, consequentemente, paz interior.

Joana de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco, oferece uma visão espiritual sobre a busca da paz. Em suas obras, ela destaca que a verdadeira paz é um estado interior conquistado por meio do autoconhecimento, da prática do amor e do enfrentamento dos desafios com resignação e fé. Segundo a mentora espiritual, evitar as provas da vida é afastar-se das oportunidades de crescimento, pois são justamente as dificuldades que impulsionam o espírito a evoluir e a encontrar harmonia consigo mesmo e com o universo.

Muitos buscam a paz evitando conflitos, responsabilidades ou mesmo emoções negativas. Essa tendência é compreensível, pois o sofrimento pode parecer insuportável. No entanto, como enfatiza Carl Jung, “aquilo a que você resiste, persiste”. Fugir da realidade muitas vezes intensifica os problemas, adiando sua resolução e aumentando o desconforto interno.

Brené Brown, pesquisadora de vulnerabilidade, destaca que evitar a dor também significa evitar a autenticidade. Em suas obras, ela enfatiza que a vulnerabilidade — a disposição de enfrentar nossos medos e fragilidades — é um caminho para a verdadeira conexão e paz.

Aceitar a vida como ela é, sem buscar perfeição ou controle absoluto, é outro ponto fundamental para alcançar a paz. A filósofa budista Pema Chödrön, em Quando Tudo se Desfaz, fala sobre a importância de acolher a incerteza e a mudança como partes naturais da existência. Essa aceitação não implica passividade, mas uma atitude aberta para lidar com a realidade.

Além disso, a busca pela paz está intimamente ligada ao crescimento pessoal. Autores como Paulo Coelho, em obras como O Alquimista, destacam que o caminho para a realização pessoal frequentemente exige enfrentar medos, superar obstáculos e persistir, mesmo diante de adversidades.

Abílio Wolney Aires Neto | Foto: Acervo Pessoal

*Abílio Wolney Aires Neto

  • Juiz de Direito titular da 9ª Vara Civel de Goiania.
  • Delegado Adjunto da ABRAME-GO
  • Expositor espírita, ex- Presidente do Núcleo Espirita Casa de Jesus em Anápolis-GO, onde é co-mantenedor com Delnil Batista, o presidente.
  • Co-fundador/mantenedor do Lar de Maria em Dianópolis-TO.
  • Titular da Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás -IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO e de outras Instituições literárias.
  • Graduando em Jornalismo.
  • Acadêmico de Filosofia e de História.
  • Autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas, 3 de Direito. Em ebook inédito: Cristianismo Espírita.

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