Fusão Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): Veja 6 perguntas pendentes e possíveis respostas, segundo BTG

Azul Gol

(Imagem: iStock/Matheus Obst)

A Azul (AZUL4) e a Gol (GOLL4) tomaram os holofotes do mercado nesta quinta-feira (9), após o Valor Econômico noticiar que as companhias devem assinar um Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) nas próximas semanas para discutir as condições de uma possível combinação de negócios.

Por volta de 15h45 (horário de Brasília), AZUL4 avançava 4,28% a R$ 4,39, enquanto GOLL4 subia 10,32%, a R$ 1,71.

  • LEIA MAIS: BTG Pactual defende “modo sobrevivência” na carteira e selecionou 29 ações promissoras para 2025 – onde investir em meio às incertezas?

Para o BTG Pactual, um MoU seria uma manifestação natural de intenção por ambas as partes para que o negócio aconteça, o que apontam como um ponto de partida importante. No entanto, destacam que são necessárias mais informações para avaliar adequadamente os prós e contras dessa movimentação.

“O negócio parece complexo, especialmente em relação às aprovações regulatórias, necessidades de capital e governança. No entanto, as quedas das ações das companhias em termos de valuation pós-covid e o estresse recente no câmbio podem ter fornecido a força motriz para que o acordo avance”, avaliam os analistas.

Vale pontuar que o Memorando de Entendimento, segundo informações do Valor, está sujeito a várias condições que precisam ser atendidas para a concretização do negócio.

O BTG destaca que a expectativa é de que o acordo solidifique a intenção de ambas as partes em prosseguir com a fusão. Além disso, elementos-chave serão delineados, como a estrutura de governança, de capital e os possíveis modelos de negócio.

5 perguntas pendentes sobre negociação entre Azul e Gol

Apesar de destacar que a necessidade de mais informações, o BTG elencou e respondeu seis perguntas pendentes sobre a operação.

1 – Acordo obteria aprovação antitruste?

Os analistas do BTG destacam que, combinadas, Azul e Gol representariam cerca de 60% do mercado aéreo brasileiro, o que levanta a questão: como obter a aprovação antitruste?

Vale lembrar que a regulamentação antitruste visa garantir a livre concorrência e inibir abuso de poder de mercado por empresas dominantes.

Para o BTG, em termos legais, as companhias têm o argumento das “empresas falidas” a favor, utilizado para aprovação de fusões de empresas cujas únicas saídas são aquisições.

“Com a Gol passando pelo Chapter 11 no momento e a Azul ainda precisando de uma grande diluição de capital, esse argumento pode ser eficaz. Permitir um acordo como esse também funcionaria em diferentes níveis da combinação de negócios”, ponderam.

2 – Como vai ficar a estrutura de governança da companhia combinada?

O BTG recorda que as duas aéreas vêm de contextos muito diferentes, uma vez que a família Constantino (fundadora) sempre exerceu poder na Gol, no entanto, com a Abra, a participação acionária deles diminuiu.

Já no caso da Azul, após fundar a companhia, David Neeleman reduziu constantemente sua participação, hoje de apenas 5%.

“Acreditamos que, para garantir o controle, os acionistas majoritários poderiam solicitar manter pelo menos 30% de participação na nova companhia”, diz o BTG.

3 – Qual o capital necessário para o acordo?

A resposta do BTG para esta pergunta é: depende, tendo em vista que os níveis de endividamento de ambas estão variando de maneira significativa neste momento, dada a diluição de capital já anunciada — e que ainda irá acontecer.

Ainda assim, os analistas destacam que ambas companhias estão altamente alavancadas e a recente deterioração do real adicionou ainda mais pressão. Nesse sentido, apontam que será necessário capital para a formação da companhia combinada.

“Mas a vantagem é que, combinadas, elas têm uma chance maior de levantar capital (a companhia combinada provavelmente se tornaria um consolidador local), já que os investidores teriam uma visibilidade mais clara sobre a dinâmica do setor. Uma saída simples seria realizar um acordo de troca de ações (sob um valuation acordado), o que não geraria endividamento.”

4 – Latam será prejudicada ou beneficiada por uma possível fusão de Azul e Gol?

A Latam também enfrentou processo de Chapter 11, tendo saído dele como uma concorrente muito forte — o que dificulta a dinâmica competitiva da Azul e da Gol, na visão do BTG.

Apesar de considerarem que competir com uma rival maior e mais estruturada pareça um risco em primeira vista, os analistas acreditam que a Latam também deve se tornar uma vencedora indireta da consolidação do setor.

Uma vez que a sobreposição de capacidade da Gol e Azul não é grande, mas existe em alguns dos aeroportos mais movimentados do país, a Latam poderia naturalmente aproveitar a racionalização da capacidade aérea nesses aeroportos.

5 – A combinação de negócios é geradora de valor?

Em encontro do BTG com a gestão da Azul, foi mencionado que a combinação das operações das duas companhias resultaria em sinergias significativas, principalmente devido à sobreposição mínima das malhas aéreas.

“A combinação das rotas poderia gerar ganhos de conectividade. Além disso, há valor na expansão do programa de milhagem e na criação de ofertas combinadas para passageiros frequentes, sem contar as melhores condições para negociar termos de leasing (a Gol voa exclusivamente com aeronaves Boeing, enquanto a Azul é majoritariamente composta por Airbuses e ERJs).”

6 – Qual a lógica por trás da Abra?

Por fim, olhando para a holding que controla a Gol, o BTG pontua que as informações veiculadas pelo Valor Econômico, menciona que a Abra planeja levantar capital por meio de um IPO (oferta pública de ações) no futuro.

“As difíceis condições financeiras da Gol e o ambiente adverso do mercado de ações no Brasil postergaram esse plano. Acreditamos que avançar com a fusão pode fortalecer a história do IPO da Abra, posicionando-a como acionista de uma nova empresa formada pela combinação da Azul e da Gol”, avaliam os analistas.

Para o BTG, essa estrutura também pode atrair investidores, oferecendo uma governança clara e o potencial para a criação de valor no longo prazo.

++ Notícias

  • Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): Ações saltam 16% com possível fusão no radar

  • Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) fecham acordo sobre dívidas de R$ 7,5 bilhões com a União

  • Ações da Azul e da Gol têm alta com fusão mais próxima de sair do papel

  • Gol (GOLL4), Eneva (ENEV3), JBS (JBSS3) e outros destaques desta segunda-feira (06)

  • Gol (GOLL4): O tamanho do prejuízo em novembro

O post Fusão Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4): Veja 6 perguntas pendentes e possíveis respostas, segundo BTG apareceu primeiro em Market Insider.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.