É hora de girar a carteira: Veja as melhores ações de 22 analistas para ‘sobreviver’ a janeiro

O Money Times vasculhou as carteiras de 22 analistas para entender quais ações estão nas carteiras dos principais bancos, corretoras e casas de análise do mercado (Imagem: Unsplash/Marcus Woodbridge)

Mudança de cenário, proteção, ações defensivas… O que mais se leu em carteiras recomendadas de corretoras, casas de análise e bancos nesse janeiro foi que o cenário para a renda variável será mais pesado.

E é para tanto. Segundo as projeções do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, a Selic, a taxa básica de juros, terminará 2025 em 15%, número visto só na crise econômica de 2015, durante o governo Dilma. O dólar ficará em R$ 6.

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Tudo isso alimenta o caldo para que o Banco Central mantenha a vigilância para conter o IPCA, que se distancia cada vez mais do centro da meta de 3,5%.

É verdade que o Focus não costuma acertar muito (em 2024, previa Selic a 9%). Porém, o relatório é usado pelo Banco Central na hora de tomar as suas decisões. A autoridade, inclusive, já contratou duas altas de 1 ponto percentual, com a expectativa de juros na casa dos 14% no primeiro trimestre.

Tudo isso, inevitavelmente, baterá na bolsa. Primeiro porque com os juros nas alturas, a renda fixa ganha maior atratividade, com bons retornos e baixo risco. Segundo porque as empresas lucrarão menos.

Nos cálculos do BTG, o prêmio para ter ações (medido como o inverso do P/L menos as taxas reais de 10 anos) é de 4,7% (em comparação com a média histórica de 3,1%).

Mas será que isso importa agora? Segundo o banco, embora o prêmio esteja acima da média histórica, a trajetória incerta da dívida pública do Brasil pode manter as taxas de longo prazo sob pressão e impedir uma recuperação mais forte das ações brasileiras.

Que venha 2026

Na visão do Itaú BBA, 2024 foi um ano perdido, e o prognóstico para 2025 não traz indicações de que será muito diferente.

No ano que passou, o investidor internacional retirou investimentos da Bolsa em nove dos 12 meses de 2024, resultando em uma saída líquida de R$ 36 bilhões. O institucional seguiu pelo mesmo caminho, com retirada total de R$ 32 bilhões.

A indústria de fundos de ações também sofreu. Encolheu cerca de R$ 39 bilhões no ano, contabilizando um patrimônio líquido de R$ 589 bilhões ao fim de 2024.

O humor deve “seguir pesado neste 2025”, com os investidores à espera de respostas para uma série de perguntas, entre elas:

  • em que patamar os juros americanos irão se estabilizar?
  • a economia chinesa vai finalmente reagir aos pacotes de estímulo do governo local?
  • aqui no Brasil, teremos sinalizações de compromisso com o fiscal e controle da trajetória da dívida pública?
  • quais serão as consequências para a nossa economia de um governo Trump mais protecionista?
  • até onde irá a Selic?
  • com juros altos, as empresas conseguirão entregar crescimento de lucros aos acionistas?

Para o BTG, a única maneira de os preços dos ativos se estabilizarem ou melhorarem seria se o governo implementasse mudanças mais estruturais no orçamento fiscal, “o que parece improvável neste momento”.

EUA não ajudam

Se a situação não está tão boa aqui, lá fora não é diferente. A Empricus recorda que os Estados Unidos são “aspiradores de recursos” do mundo.

Segundo a casa, a iminente posse de Donald Trump reforça expectativas de expansão em 2025, com desregulamentação e cortes de impostos, fortalecendo o dólar e atraindo ainda mais capital.

“Enquanto esse cenário permanece positivo para os EUA, ele impõe desafios aos mercados emergentes, a exemplo do Brasil”.

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Enquanto isso, a Europa está estagnada e a China luta para estimular a demanda interna, mas os Estados Unidos devem crescer cerca de 3% em 2024.

O BTG também aponta a vitória do republicano como um cenário que aponta para taxas de juros de longo prazo mais altas.

Além disso, o ciclo de flexibilização monetária nos EUA pode ser menos intenso do que o esperado originalmente.

“Nesse momento, depois de cair 100bps em 2024, nossa equipe macroeconômica projeta apenas mais um corte de 25bps em 2025, levando a taxa de jutos para 4,1%”, dizem.

Com isso, as altas taxas de juros de longo prazo no país podem manter as taxas de longo prazo pressionadas no Brasil, o que é ruim para o desempenho das ações brasileiras.

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

Sim, o cenário não é dos melhores. Mas há um mandra famoso seguido por grandes investidores mundo afora: compre ao som de canhões e venda ao som de violinos.

Na visão da Empiricus, a bolsa brasileira, com o Ibovespa em 120 mil pontos, oferece um prêmio de risco atrativo para investidores com horizonte de longo prazo e resiliência emocional.

“Para aqueles dispostos a ignorar o pessimismo e enxergar além da volatilidade, este pode ser o momento de transformar uma potencial “armadilha de valor” em oportunidade real”.

Já o Itaú BBA dá o caminho das pedras: respeito ao perfil de risco, diversificação e seleção criteriosa de ativos devem ser os caminhos para atravessar um ambiente macroeconômico que, potencialmente, deve melhorar apenas em 2026.

Pensando nisso, o Money Times vasculhou as carteiras de 22 analistas para entender quais ações estão nas carteiras dos principais bancos, corretoras e casas de análise do mercado.

Veja abaixo:

Empresa Ticker Indicações
Petrobras PETR4 14
Itaú Unibanco ITUB4 14
JBS JBSS3 13
Vale VALE3 11
Suzano SUZB3 10
Prio/PetroRio PRIO3 8
Sabesp SBSP3 8
Gerdau GGBR4 6
Copel CPLE6 6
BB Seguridade BBSE3 6
Banco do Brasil BBAS3 6
Eletrobras ELET3 6
Porto Seguro PSSA3 6

Para novembro, foram indicadas 76 ações, somando 217 recomendações.

Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Andbank, Banrisul Daycoval, BB Investimentos, BTG Pactual, CM Capital, EQI Research, Empiricus Research, Genial Investimentos, Itaú BBA, Monte Bravo, Nova Futura, Planner, PagBank, Rico, RB Investimentos, Safra, Santander, Terra Investimentos, Toro XP Investimentos. 

Petrobras no páreo

A Petrobras começou 2024 com turbulências com a queda de Jean Paul Prates. Magda Chambriard assumiu o cargo com desconfiança. Mas o plano estratégico e os resultados da estatal deram ao mercado os sinais de que a empresa continuará no caminho certo.

Na visão do BTG, a Petrobras continua sendo a principal escolha no setor de petróleo & gás, oferecendo uma combinação atraente de dividendos elevados – que podem chegar a um yield de 12% dos pagamentos
ordinários.

“Juntamente com múltiplos descontados em comparação com seus pares, crescimento futuro da produção e uma possível valorização a partir de uma potencial melhora das condições macroeconômicas do Brasil”, diz.

O Santander calcula que a empresa esteja negociando a 3,4 vezes o EV/Ebitda de 2025 (vs. a média histórica de 10 anos de 4,2x), com um sólido momento apoiado por uma recuperação gradual da produção de petróleo no segundo semestre de 2024 e primeiro semestre de 2025.

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O banco também assume US$ 11,7 bilhões em dividendos (dividend yield de 12%), dos quais US$ 4,5 bilhões em dividendos extraordinários, com dívida bruta atingindo ~US$ 68 bilhões e uma posição de caixa de US$ 6,5 bilhões.

“Apesar da dívida bruta mais alta, notamos que a cobertura de juros deve permanecer confortável em 10,5x”.

Itaú cresce nas recomendações

O Itaú (ITUB4) não teve um ano de 2024 espetacular, com queda de 10%, mas melhor que os outros bancos. Além disso, o banco segue com a perspectiva de bons resultados pela frente.

Para a Empiricus, a capacidade de antecipar ciclos de crédito é uma habilidade que a gestão atual provou ter nos últimos anos.

“Acreditamos que a companhia deve manter a boa execução nessa frente, que ganha ainda mais importância diante do ciclo de alta da Selic”, diz.

E como cereja do bolo, após um período relevante de payout abaixo da média histórica, a casa espera que o Itaú distribua 50-60% do seu lucro nos próximos 12 meses, o que confere importante carrego à posição.

“A agenda de eficiência é um dos pilares da gestão atual, que busca crescimento com despesas controladas. Com isso, acreditamos que a rentabilidade do Itaú deve continuar sendo a maior dentre os bancões no futuro próximo”.

Vai um filé aí?

Quem apostou na JBS  (JBSS3) em 2024, se deu bem, com alta de 50%. O ano foi marcado pelos bons resultados dos frigoríficos, o que coloca dúvidas se a empresa continuará o bom momento.

A julgar pelo crescimento das recomendações, sim. Para Ágora Investimentos, embora as margens tenham atingido o pico no terceiro trimestre, ainda se espera que a desaceleração do ciclo avícola seja gradual ao longo do quarto trimestre e 2025, à medida que as restrições de oferta persistem.

“E mesmo incorporando resultados avícolas mais fracos à frente, vemos as ações sendo negociadas a 5x o múltiplo EV/Ebitda para 2025, um desconto injustificado em relação à sua média histórica e abaixo dos pares do setor de proteínas”, afirma.

A corretora coloca no radar a probabilidade de a listagem nos EUA avançar, que parece mais forte do que nunca e pode ser um evento transformacional em termos de múltiplos de avaliação.

“Boa parte da receita da JBS é dolarizada, o que a torna um player defensivo para o atual cenário de instabilidade cambial. A JBS é a nossa principal escolha no setor de proteínas”.

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