Queima da Lapinha e pastoris mobilizam Centro e bairro da Várzea

Por Letícia Lins
Do Oxe Recife

Acaba nesse 6 de janeiro, o Ciclo Natalino. Foram dias de muita movimentação em praças, no centro do Recife, na Lagoa do Araçá, no Ibura e no Morro da Conceição, que reuniu mais de 180 atrações que foram do pastoril ao reisado, do reisado aos bois, dos bois ao maracatu rural, do maracatu rural ao cavalo marinho.

Nessa segunda há duas cerimônias importantes para a Queima da Lapinha, ritual que é repetido no Recife a cada Dia de Reis. A primeira é a oficial, que acontece no Centro do Recife, promovida pela Prefeitura. A segunda (e que atrai mais gente a cada ano) ocorre no bairro da Várzea, e é feita pela própria comunidade, com participação das Pastoras Encantadas, de Véias do Pastoril e véios convidados. A iniciativa é do Espaço Cultural Peixe Beta.

Se no Pátio de São Pedro há clima e ambiente arquitetônico para a queima da Lapinha, na Zona Oeste também há, pois a cerimônia é feita em frente à antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Várzea, um dos locais mais aprazíveis daquele bairro. E curioso é que a festa conta com véias de pastoril (Betuca, Cheia de Direito, Cheirosa do Balaio, Donana, Taioba, Turística Mala, Tieta e Pipôco).

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Normalmente, o chamado pastoril profano é comandado por véios. Mas em 2025, além das véias, os véios vão marcar presença, na festa da Várzea, antes comandada só por mulheres. Estarão lá: Véio Fumaça, Lumbrigueta, Maçaranduba. Em 2024, quem passou lá foi o Véio Mangaba, mas só para olhar. Estudioso do comportamento dos véios que atuam na cidade, ele foi olhar o desempenho das véias… A queima da Lapinha da Várzea promete…

No Centro do Recife, a concentração de pastoris começa às 16h na Rua Nova, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, que está restaurada, deslumbrante e merece uma visita. Então aproveite para fazer mais esse programa.

De lá, o cortejo azul e encarnado seguirá pela Dantas Barreto, passando em frente à Igreja Nossa Senhora do Carmo até o Pátio de São Pedro, onde a Lapinha será queimada. O evento vai reunir 14 pastoris, além de três orquestras, blocos líricos, grupos de dança e passistas para consagrar ao fogo os desejos e expectativas para 2025, que chega prometendo um Carnaval para ficar na história da cidade.

No Centro, participarão do cortejo os pastoris Estrela Brilhante, Giselly Andrade, Sereias Teimosas, Jardim da Alegria, Estrela Guia do Cabo, Estrela de Belém, Viver a Vida 3ª Idade, Rosa Mística dos Torrões, Estrela do Mar, Brincantear, Sonho de uma Adolescente, Estrela Celeste, Nossa Senhora do Rosário e Luz do Amanhecer.

O cortejo de pastoras, dianas e borboletas será embalado pelas orquestras Frevo Mix, 19 de Fevereiro e Mendes e sua Orquestra. Importante celebração da cultura popular nordestina, a cerimônia da Lapinha encerra oficial e simbolicamente o ciclo natalino e abre alas para os preparativos e festejos de Momo na cidade de tantos ritmos e ritos.

Trazida pelos jesuítas nos idos do século XIX, a tradição tem seu simbolismo relacionado à manjedoura onde nasceu o Menino Jesus e ao dia em que ele foi visitado pelos três reis magos. Feita de folhagens secas e incensos, a Lapinha é queimada para consagrar ao fogo esperanças e desejos para o ano que se inicia.

Antes da queima, o público é convidado a escrever pedidos em pequenos pedacinhos de papel, que são colocados na Lapinha para espalhar nos novos ventos de 2025 os melhores votos e auspícios recifenses. Iniciando os preparativos carnavalescos, a celebração vai terminar ao som dos clarins de Momo, com a participação do patrimônio vivo do Recife Bloco Pierrot de São José, além da Inclusão Cia de Dança e do Bloco das Flores.

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